Isaías
30
“1 Ai
dos filhos rebeldes, diz o Senhor, que tomam conselho, mas não de mim; e que
fazem aliança, mas não pelo meu espírito, para acrescentarem pecado a pecado;
2 que
se põem a caminho para descer ao Egito, sem pedirem o meu conselho; para se
fortificarem com a força de Faraó, e para confiarem na sombra do Egito!
3
Portanto, a força de Faraó se vos tornará em vergonha, e a confiança na sombra
do Egito em confusão.
4 Pois
embora os seus oficiais estejam em Zoã, e os seus embaixadores cheguem a Hanes,
5 eles
se envergonharão de um povo que de nada lhes servirá, nem de ajuda, nem de
proveito, porém de vergonha como também de opróbrio.
6
Oráculo contra a Besta do Sul. Através da terra de aflição e de angústia, de
onde vem a leoa e o leão, o basilisco, a áspide e a serpente voadora, levam às
costas de jumentinhos as suas riquezas, e sobre as corcovas de camelos os seus
tesouros, a um povo que de nada lhes aproveitará.
7 Pois
o Egito os ajuda em vão, e para nenhum fim; pelo que lhe tenho chamado Gabarola
que nada faz.
8 Vai
pois agora, escreve isso numa tábua perante eles, registra-o num livro; para
que fique como testemunho para o tempo vindouro, para sempre.
9 Pois
este é um povo rebelde, filhos mentirosos, filhos que não querem ouvir a lei do
Senhor;
10 que
dizem aos videntes: Não vejais; e aos profetas: Não profetizeis para nós o que
é reto; dizei-nos coisas aprazíveis, e profetizai-nos ilusões;
11
desviai-vos do caminho, apartai-vos da vereda; fazei que o Santo de Israel
deixe de estar perante nós.
12 Pelo
que assim diz o Santo de Israel: Visto como rejeitais esta palavra, e confiais
na opressão e na perversidade, e sobre elas vos estribais,
13 por
isso esta maldade vos será como brecha que, prestes a cair, já forma barriga
num alto muro, cuja queda virá subitamente, num momento.
14 E
ele o quebrará como se quebra o vaso do oleiro, despedaçando-o por completo, de
modo que não se achará entre os seus pedaços um caco que sirva para tomar fogo
da lareira, ou tirar água da poça.
15 Pois
assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: Voltando e descansando, sereis
salvos; no sossego e na confiança estará a vossa força. Mas não quisestes;
16
antes dissestes: Não; porém sobre cavalos fugiremos; portanto fugireis; e:
Sobre cavalos ligeiros cavalgaremos; portanto hão de ser ligeiros os vossos
perseguidores.
17 Pela
ameaça de um só fugirão mil; e pela ameaça de cinco vós fugireis; até que
fiqueis como o mastro no cume do monte, e como o estandarte sobre o outeiro.
18 Por
isso o Senhor esperará, para ter misericórdia de vós; e por isso se levantará,
para se compadecer de vós; porque o Senhor é um Deus de equidade;
bem-aventurados todos os que por ele esperam.
19 Na
verdade o povo habitará em Sião, em Jerusalém; não chorarás mais; certamente se
compadecerá de ti, à voz do teu clamor; e, ouvindo-a, te responderá.
20
Embora vos dê o Senhor pão de angústia e água de aperto, contudo não se
esconderão mais os teus mestres; antes os teus olhos os verão;
21 e os
teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o
caminho, andai nele; quando vos desviardes para a direita ou para a esquerda.
22 E
contaminareis a cobertura de prata das tuas imagens esculpidas, e o
revestimento de ouro das tuas imagens fundidas; e as lançarás fora como coisa
imunda; e lhes dirás: Fora daqui.
23
Então ele te dará chuva para a tua semente, com que semeares a terra, e trigo
como produto da terra, o qual será pingue e abundante. Naquele dia o teu gado
pastará em largos pastos.
24 Os
bois e os jumentinhos que lavram a terra, comerão forragem com sal, que terá
sido padejada com a pá e com o forcado,
25
Sobre todo monte alto, e todo outeiro elevado haverá ribeiros e correntes de
águas, no dia da grande matança, quando caírem as torres.
26 E a
luz da lua será como a luz do sol, e a luz do sol sete vezes maior, como a luz
de sete dias, no dia em que o Senhor atar a contusão do seu povo, e curar a
chaga da sua ferida.
27 Eis
que o nome do Senhor vem de longe ardendo na sua ira, e com densa nuvem de
fumaça; os seus lábios estão cheios de indignação, e a sua língua é como um fogo
consumidor;
28 e a
sua respiração é como o ribeiro transbordante, que chega até o pescoço, para
peneirar as nações com peneira de destruição; e um freio de fazer errar estará
nas queixadas dos povos.
29 um
cântico haverá entre vós, como na noite em que se celebra uma festa santa; e
alegria de coração, como a daquele que sai ao som da flauta para vir ao monte
do Senhor, à Rocha de Israel.
30 O
Senhor fará ouvir a sua voz majestosa, e mostrará a descida do seu braço, na
indignação da sua ira, e a labareda dum fogo consumidor, e tempestade forte, e
dilúvio e pedra de saraiva.
31 Com
a voz do Senhor será desfeita em pedaços a Assíria, quando ele a ferir com a
vara.
32 E a
cada golpe do bordão de castigo, que o Senhor lhe der, haverá tamboris e
harpas; e com combates de brandimento combaterá contra eles.
33
Porque uma fogueira está, de há muito, preparada; sim, está preparada para o
rei; fez-se profunda e larga; a sua pira é fogo, e tem muita lenha; o assopro
do Senhor como torrente de enxofre a acende.”
Mesmo
quando afligido debaixo da potente mão do Senhor, é sempre nEle e não em
outros, que o Seu povo deve buscar auxílio e socorro.
Judá
estava debaixo da ameaça da invasão dos assírios, que haviam se engrandecido
contra o Senhor, e intentavam levar Judá para o cativeiro, coisa que Deus não
lhes ordenara, e que Judá conheceria caso tivesse buscado o Senhor.
Mas em
vez disso, foram se aliançar com o Egito para defendê-los dos assírios, como se
vê em II Rs 18.21.
Da
Assíria que Judá tanto estava temendo o Senhor disse através do profeta:
“Com a
voz do Senhor será desfeita em pedaços a Assíria, quando ele a ferir com a
vara.” (v. 31).
Os
assírios destruíam as nações dominadas, e temos afirmado repetidas vezes que
Judá jamais poderia ser destruída, não por causa da justiça dos judeus, mas por
causa do propósito determinado de Deus de trazer a salvação ao mundo por meio
dos judeus.
Mas
quando filhos rebeldes darão ouvidos e praticarão as coisas ordenadas por seus
pais? De igual modo Judá não daria ouvidos ao Senhor e não O buscariam porque
eram filhos rebeldes, e por isso um remanescente dele deveria ser purificado no
cativeiro em Babilônia.
Somente
filhos que honram a seus pais e que lhes obedecem, buscam tomar conselho com
eles, mas esta não era a condição dos judeus, que não buscavam conselho do
Senhor, mas fazendo aliança com outros sem a instrução do Espírito Santo, e
assim acrescentavam pecado sobre pecado (v. 1).
Eles
fizeram de faraó o deus deles, esperando que seria a força do Egito que os
livraria da Assíria (v. 2,3).
Os
oficiais de Judá, que haviam descido ao Egito, seriam envergonhados porque o
próprio Egito seria subjugado pela Assíria, e assim em nada poderiam ser
ajudados.
No
verso 6 o Egito é chamado de a Besta do Sul, porque é um auxílio vão, um poder
que não pode ajudar os judeus. Assim como o Anticristo é também chamado de
Besta, porque é como um animal feroz irracional que não poderá auxiliar Israel
na aliança que farão com ele nos últimos dias, para serem livrados da ameaça
árabe.
Em vez
de ajudá-los o próprio Anticristo se voltará contra eles e destruirá a muitos
por via de perseguição.
O Egito
havia feito grandes promessas aos judeus por troca de um grande tesouro que
eles deveriam lhe dar, mas como de nada lhes aproveitaria, Deus chamou o Egito
de Gabarola, isto é, de contador de grandes feitos, mas que nada poderia fazer
(v. 7).
Deus
ordenou que esta profecia ficasse registrada conforme a encontramos aqui neste
capitulo, porque era Seu intento que isto ficasse como testemunho para o futuro
e para sempre, não para registrar a fraqueza do Egito, mas que os judeus eram
de fato um povo rebelde, filhos mentirosos, filhos que não queriam ouvir a lei
do Senhor, como se afirma no verso 9.
Eles
rejeitavam a mensagem dos profetas que Deus lhes enviava, porque queriam ouvir
coisas aprazíveis e ilusões e não a verdade (v. 10).
Não
somente deixavam de dar ouvidos aos mensageiros de Deus, como os rejeitavam,
pedindo-lhes que se afastassem deles, para que o Santo de Israel deixasse de
estar entre eles, para terem liberdade para viverem no pecado, sem terem suas
consciências confrontadas e aferroadas pela verdade (v. 11).
É
importante que se frise que tudo isto estava ocorrendo em pleno período em que
Ezequias estava se esforçando para empreender uma reforma religiosa em Judá,
para trazer o povo de volta aos caminhos do Senhor.
Mas
Deus sabia que toda a honra que Lhe estava sendo tributada, era da boca para
fora, porque não era nEle que estava o coração do povo, senão no pecado.
Porventura,
não é esta a condição de muitos na igreja de Cristo?
Por
isso o Senhor os chama ao arrependimento, nas cartas dirigidas às sete Igrejas
no livro de Apocalipse, com exceção de Esmirna e Filadélfia.
Deus
não olha a aparência do culto que Lhe prestamos, porque conhece o que está no
nosso coração.
Ele
sabia o que havia no coração dos judeus, apesar de gostarem de comparecerem aos
seus átrios, oferecerem ofertas e sacrifícios, jejuarem e orarem, como veremos
nos capítulos seguintes, mas foram repreendidos pelo Senhor por causa das más
obras das suas ações.
Então o
juízo sobre eles soou nos versos 12 a 17 para os ímpios de Judá que rejeitaram
a chamada ao arrependimento. Mas ao exercer o juízo Deus não deixaria de
esperar, isto é, de ser longânimo para usar de misericórdia para com o Seu
povo, porque determinou em Seu conselho eterno que poria ainda a Judá como
glória sobre toda a terra. E faria isto com todos aqueles que esperam por Ele
(v. 18) e os faria habitar em Sião, em Jerusalém, e os consolaria porque haviam
chorado por seus pecados e pelas aflições que sofreram reconhecendo que lhes
sobrevieram por causa dos seus pecados.
Deus se
compadeceria deles e ouvira o seu clamor e lhes responderia, embora lhes
tivesse dado o pão de angústia e água de aperto, e em vez disso, lhes daria
agora guias que poderiam ser reconhecidos por eles, como enviados por Ele,
porque lhes abriria os seus olhos para discernir que eram mestres da verdade; e
ouvidos para poderem ouvir a palavra de instrução quanto ao caminho que
deveriam seguir, quando se desviassem para a direita ou para a esquerda,
deixando de andar no caminho estreito e reto da verdade (v. 20, 21).
Quando
eles se convertessem eles jogariam fora os seus ídolos de prata e de ouro (v.
22).
Nos
versos 23 a 26 são feitas promessas de bênçãos para os que se convertessem em
Judá.
E nos
versos 27 a 33 é descrita a alegria do povo de Deus por ter Ele tomado vingança
contra os Seus inimigos que os oprimiam.
Isaías
31
“1 Ai
dos que descem ao Egito a buscar socorro, e se estribam em cavalos, e têm
confiança em carros, por serem muitos, e nos cavaleiros, por serem muito
fortes; e não atentam para o Santo de Israel, e não buscam ao Senhor.
2
Todavia também ele é sábio, e fará vir o mal, e não retirará as suas palavras;
mas levantar-se-á contra a casa dos malfeitores, e contra a ajuda dos que
praticam a iniquidade.
3 Ora
os egípcios são homens, e não Deus; e os seus cavalos carne, e não espírito; e
quando o Senhor estender a sua mão, tanto tropeçará quem dá auxílio, como cairá
quem recebe auxílio, e todos juntamente serão consumidos.
4 Pois
assim me diz o Senhor: Como o leão e o cachorro do leão rugem sobre a sua
presa, e quando se convoca contra eles uma multidão de pastores não se espantam
das suas vozes, nem se abstêm pelo seu alarido, assim o Senhor dos exércitos
descerá, para pelejar sobre o monte Sião, e sobre o seu outeiro.
5 Como
aves quando adejam, assim o Senhor dos exércitos protegerá a Jerusalém; ele a
protegerá e a livrará, e, passando, a salvará.
6
Voltai-vos, filhos de Israel, para aquele contra quem vos tendes profundamente
rebelado.
7 Pois
naquele dia cada um lançará fora os seus ídolos de prata, e os seus ídolos de
ouro, que vos fabricaram as vossas mãos para pecardes.
8 E o
assírio cairá pela espada, não de varão; e a espada, não de homem, o consumirá;
e fugirá perante a espada, e os seus mancebos serão sujeitos a trabalhos
forçados.
9 A sua
rocha passará de medo, e os seus oficiais em pânico desertarão da bandeira, diz
o Senhor, cujo fogo está em Sião e em Jerusalém sua fornalha.”
Este
capítulo fala de forma reduzida as mesmas coisas que foram proferidas no
capítulo precedente, e que já comentamos anteriormente.
Isaías
32
“1 Eis
que reinará um rei com justiça, e com retidão governarão príncipes.
2 um
varão servirá de abrigo contra o vento, e um refúgio contra a tempestade, como
ribeiros de águas em lugares secos, e como a sombra duma grande penha em terra
sedenta.
3 Os
olhos dos que vêem não se ofuscarão, e os ouvidos dos que ouvem escutarão.
4 O
coração dos imprudentes entenderá o conhecimento, e a língua dos gagos estará
pronta para falar distintamente.
5 Ao
tolo nunca mais se chamará nobre, e do avarento nunca mais se dirá que é
generoso.
6 Pois
o tolo fala tolices, e o seu coração trama iniquidade, para cometer profanação
e proferir mentiras contra o Senhor, para deixar com fome o faminto e fazer
faltar a bebida ao sedento.
7
Também as maquinações do fraudulento são más; ele maquina invenções malignas
para destruir os mansos com palavras falsas, mesmo quando o pobre fala o que é
reto.
8 Mas o
nobre projeta coisas nobres; e nas coisas nobres persistirá.
9
Levantai-vos, mulheres que estais sossegadas e ouvi a minha voz; e vós, filhas,
que estais, tão seguras, inclinai os ouvidos às minhas palavras.
10 Num ano
e dias vireis a ser perturbadas, ó mulheres que tão seguras estais; pois a
vindima falhará, e a colheita não virá.
11
Tremei, mulheres que estais sossegadas, e turbai-vos, vós que estais tão
seguras; despi-vos e ponde-vos nuas, e cingi com saco os vossos lombos.
12
Batei nos peitos pelos campos aprazíveis, e pela vinha frutífera;
13 pela
terra do meu povo, que produz espinheiros e sarças, e por todas as casas de
alegria, na cidade jubilosa.
14
Porque o palácio será abandonado, a cidade populosa ficará deserta; e o outeiro
e a torre da guarda servirão de cavernas para sempre, para alegria dos asnos
monteses, e para pasto dos rebanhos;
15 até
que se derrame sobre nós o espírito lá do alto, e o deserto se torne em campo
fértil, e o campo fértil seja reputado por um bosque.
16
Então o juízo habitará no deserto, e a justiça morará no campo fértil.
17 E a
obra da justiça será paz; e o efeito da justiça será sossego e segurança para
sempre.
18 O
meu povo habitará em morada de paz, em moradas bem seguras, e em lugares
quietos de descanso.
19 Mas
haverá saraiva quando cair o bosque; e a cidade será inteiramente abatida.
20
Bem-aventurados sois vós os que semeais junto a todas as águas, que deixais
livres os pés do boi e do jumento.”
Nos
versos 1 a 5; e 15 a 18 são descritas condições que prevaleceriam nos dias do
evangelho.
O
reinado do Messias seria de justiça, e os príncipes que estariam juntamente com
ele, governariam com justiça (v. 1).
Somente
um varão (Cristo) serviria de abrigo contra o vento e refúgio contra a
tempestade, e seria como ribeiros de águas em lugares secos, e a sombra numa
terra sedenta; ou seja, Ele seria o amparo e o socorro do Seus povo nas
tempestades de aflições que têm que enfrentar neste mundo; bem como o Provedor
de todas as suas necessidades, especialmente a de saciar a sua sede espiritual
de justiça (v.2).
Aqueles
que andassem por fé e não por vista, ou seja, com os olhos espirituais abertos,
jamais teriam sua visão ofuscada; assim como aqueles que têm seus ouvidos
espirituais abertos, para ouvirem o que o Espírito Santo diz à Igreja, sempre
ouviriam a voz de Deus, dando-lhes conhecimento da Sua vontade (v. 3).
É dito
que o coração dos imprudentes, ou seja dos precipitados, dos temerosos,
entenderia o conhecimento na dispensação do evangelho, indicando isto que a
graça capacitaria e guiaria na instrução de uma vida piedosa segundo o
conhecimento de Deus e da verdade, que seria alcançado pela conversão e pelo
trabalho progressivo da santificação, pessoas que têm dificuldade para aprenderem
a prudência e a sabedoria de Deus (v. 4).
É dito
também no verso 4 que a língua dos gagos estaria pronta para falar
distintamente. Isto significa que pessoas não eloquentes, ou com dificuldades
de se expressarem verbalmente seriam capacitadas pelo Espírito Santo na
dispensação do evangelho a pregarem e a darem testemunho de Cristo com ousadia
e desprendimento.
O
discernimento do Espírito Santo permitiria ao crente conhecer que não há
qualquer nobreza espiritual na tolice, e também conhecer as aparentes
generosidades que procedem de corações avarentos (v. 5).
As
reformas que o rei Ezequias estava realizando em Judá não tinham o poder de
estabelecer um governo no coração dos seus súditos. Mas o Rei justo prometido
neste capítulo, Jesus, o Messias, somente Ele, tem o poder de gerar uma
obediência que seja de dentro para fora,
e não apenas exterior, porque tem o poder de estabelecer o Seu governo no
coração dos Seus servos, e além disso, realizar a transformação de suas vidas e
caráter.
E nos
versos 15 a 18 nós temos o registro do modo como seria estabelecido este
governo no coração, e as suas consequências abençoadas.
É dito
no verso 15 que tal sucederia a partir do momento que o Espírito fosse
derramado lá do alto sobre o povo de Deus. Sabemos que isto começou a acontecer
desde o dia de Pentecostes.
A
consequência disto é que o deserto se tornaria em campo fértil (v. 15b). Os
campos desolados e infrutíferos dos corações desertos seriam tornados férteis e
frutíferos para Deus pela água viva do Espírito Santo, na regeneração e na
santificação dos salvos.
Estes
desertos infrutíferos que nada entendiam e vivam do juízo e da justiça de Deus,
teriam esta justiça habitando neles, porque o Espírito passaria a habitar em
seus corações (v. 16).
E estes
que foram justificados por Deus, por causa da obra de Reforma do coração,
realizada pelo Rei prometido teriam paz
com Deus, porque seriam reconciliados com Ele por meio da justiça de Cristo que
receberam pela graça, mediante a fé. E somente isto seria o suficiente para
lhes garantir o sossego e a segurança eterna, pelo livramento da condenação e
da ira de Deus, que repousava sobre eles (v. 17).
E a
estes que foram assim justificados foi feita a promessa de Deus de que
habitariam em morada de paz, em moradas bem seguras e em lugares quietos de
descanso, porque os que são da fé têm entrado no descanso de Deus, que não é
propriamente um lugar, mas a condição de alma e espírito que estão em plena
comunhão com Ele, e assim não podem ter qualquer temor (v.18).
Estas boas promessas dos dias do evangelho
estão entremeadas com as repreensões e juízos dos versos 6, 10 a 14 e 19, nos
quais são repreendidos os tolos e especialmente as mulheres de Israel que
viviam em deslumbramento em vez de uma vida de humildade, piedade e santidade.
Elas,
assim como todo o povo de Judá não deveriam se gloriar na prosperidade material
que haviam alcançado sob o reinado de Ezequias e nem na glória do palácio real,
porque toda aquela prosperidade viria a ser removida da terra, que seria
deixada deserta, bem como o palácio real.
Esta
profecia demonstra que toda glória terrena é passageira e aparente, e não é
nela em que deve estar o nosso coração, senão somente no Senhor.
Este
juízo teria cumprimento quando os babilônios desterrassem os judeus para
Babilônia, destruindo o templo, o palácio real, derrubando e queimando o muro
da cidade e as suas casas.
Isaías
33
“1 Ai
de ti que despojas, e que não foste despojado; e que procedes perfidamente, e
que não foste tratado perfidamente! quando acabares de destruir, serás
destruído; e, quando acabares de tratar perfidamente, perfidamente te tratarão.
2 Ó
Senhor, tem misericórdia de nós; por ti temos esperado. Sê tu o nosso braço
cada manhã, como também a nossa salvação no tempo da tribulação.
3 Ao
ruído do tumulto fogem os povos; à tua exaltação as nações são dispersas.
4 Então
ajuntar-se-á o vosso despojo como ajunta a lagarta; como os gafanhotos saltam,
assim sobre ele saltarão os homens.
5 O
Senhor é exalçado, pois habita nas alturas; encheu a Sião de retidão e justiça.
6 Será
ele a estabilidade dos teus tempos, abundância de salvação, sabedoria, e
conhecimento; e o temor do Senhor é o seu tesouro.
7 Eis
que os valentes estão clamando de fora; e os embaixadores da paz estão chorando
amargamente.
8 As
estradas estão desoladas, cessam os que passam pelas veredas; alianças se
rompem, testemunhas se desprezam, e não se faz caso dos homens.
9 A
terra pranteia, desfalece; o Líbano se envergonha e se murcha; Sarom se tornou
como um deserto; Basã e Carmelo ficam despidos de folhas.
10
Agora me levantarei, diz o Senhor; agora me erguerei; agora serei exaltado.
11
Concebeis palha, produzis restolho; e o vosso fôlego é um fogo que vos
devorará.
12 E os
povos serão como as queimas de cal, como espinhos cortados que são queimados no
fogo.
13
Ouvi, vós os que estais longe, o que tenho feito; e vós, que estais vizinhos,
reconhecei o meu poder.
14 Os
pecadores de Sião se assombraram; o tremor apoderou-se dos ímpios. Quem dentre
nós pode habitar com o fogo consumidor? quem dentre nós pode habitar com as
labaredas eternas?
15
Aquele que anda em justiça, e fala com retidão; aquele que rejeita o ganho da
opressão; que sacode as mãos para não receber subornos; o que tapa os ouvidos
para não ouvir falar do derramamento de sangue, e fecha os olhos para não ver o
mal;
16 este
habitará nas alturas; as fortalezas das rochas serão o seu alto refúgio;
dar-se-lhe-á o seu pão; as suas águas serão certas.
17 Os
teus olhos verão o rei na sua formosura, e verão a terra que se estende em
amplidão.
18 O
teu coração meditará no terror, dizendo: Onde está aquele que serviu de
escrivão? onde está o que pesou o tributo? onde está o que contou as torres?
19 Não
verás mais aquele povo feroz, povo de fala obscura, que não se pode compreender,
e de língua tão estranha que não se pode entender.
20 Olha
para Sião, a cidade das nossas festas solenes; os teus olhos verão a Jerusalém,
habitação quieta, tenda que não será removida, cujas estacas nunca serão
arrancadas, e das suas cordas nenhuma se quebrará.
21 Mas
o Senhor ali estará conosco em majestade, nesse lugar de largos rios e
correntes, no qual não entrará barco de remo, nem por ele passará navio grande.
22
Porque o Senhor é o nosso juiz; o Senhor é nosso legislador; o Senhor é o nosso
rei; ele nos salvará.
23 As
tuas cordas ficaram frouxas; elas não puderam ter firme o seu mastro, nem
servir para estender a vela; então a presa de abundantes despojos se repartirá;
e ate os coxos participarão da presa.
24 E
morador nenhum dirá: Enfermo estou; o povo que nela habitar será perdoado da
sua iniquidade.”
Jerusalém
havia sido colocada por Deus para servir sinal da Sua santidade e presença na
terra.
Mas com
os pecados deliberados dos judeus, não somente não podia ser cumprido o
propósito que Deus havia fixado para ela, assim como a própria cidade não
poderia permanecer firme e segura.
Por isso como nos capítulos precedentes, nós
temos também misturados neste, promessas de bênçãos com repreensões e juízos de
Deus.
Aos que
andarem em justiça, e cuja conversação é reta, e que rejeitam o ganho da
opressão, não aceitam subornos, e que fecham seus ouvidos e olhos para não
ouvirem e contemplarem o mal (v. 15), é prometido que são apenas estes que
habitarão com o Senhor, que é um fogo consumidor e labaredas eternas (v.14).
São
estes que habitarão nas alturas, e terão o Senhor como Sua Rocha e fortaleza, e
terão sua fome e sede saciadas por Ele (v. 16). Somente a eles será dado ver a
beleza da santidade do Rei Jesus, e herdarão a terra (v. 17).
Os pecadores
e ímpios seriam assombrados pelo testemunho da luz do evangelho na vida dos
crentes fiéis, porque o testemunho deles seria uma repreensão para os que vivem
na impiedade.
Além
destas boas promessas também foram dadas como revelação a Isaías, as promessas
consoladoras dos versos 20 a 22, e 24, como resposta ao clamor que Ele dirigiu
ao Senhor em sua angústia no verso 2, em face das visões das opressões que
sobreviriam a Judá, e que ele próprio já vinha observando em seus próprios
dias, especialmente as que estavam sendo realizadas pelos assírios (v. 1).
Ele viu que o Senhor também repreenderia as
nações opressoras, e então elevou um cântico de ações de graças, no qual
manifestou a sua plena confiança em Deus.
“5 O
Senhor é exalçado, pois habita nas alturas; encheu a Sião de retidão e justiça.
6 Será
ele a estabilidade dos teus tempos, abundância de salvação, sabedoria, e
conhecimento; e o temor do Senhor é o seu tesouro.” (v. 5,6).
O Senhor mesmo habitaria com o Seu povo em
Sião e a estabeleceria em segurança para sempre, e Ele será o seu juiz, legislador,
rei e salvador (v.22).
Como o
pecado é a pior enfermidade do homem, porque é ele a causa da morte não somente
física, como da espiritual e da eterna, é afirmado no verso 24, que nenhum dos salvos,
que estarão com Cristo, dirá que está enfermo, porque a todo que for dada a
bênção da salvação e de habitar eternamente em Jerusalém, poderá dizê-lo, porque a sua iniquidade será
perdoada por Deus, por causa de Cristo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário