quinta-feira, 10 de outubro de 2013

JEREMIAS - cap 7 a 10 e 12



NOTA: Os demais capítulos de Jeremias que não se encontram nesta postagem de OUT 2013 estão em DEZ 2012.

JEREMIAS 7

“1 A palavra que da parte do Senhor veio a Jeremias, dizendo:
2 Põe-te à porta da casa do Senhor, e proclama ali esta palavra, e dize: Ouvi a palavra do Senhor, todos de Judá, os que entrais por estas portas, para adorardes ao Senhor.
3 Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Emendai os vossos caminhos e as vossas obras, e vos farei habitar neste lugar.
4 Não vos fieis em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este.
5 Mas, se deveras emendardes os vossos caminhos e as vossas obras; se deveras executardes a justiça entre um homem e o seu próximo;
6 se não oprimirdes o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, nem derramardes sangue inocente neste lugar, nem andardes após outros deuses para vosso próprio mal,
7 então eu vos farei habitar neste lugar, na terra que dei a vossos pais desde os tempos antigos e para sempre.
8 Eis que vós confiais em palavras falsas, que para nada são proveitosas.
9 Furtareis vós, e matareis, e cometereis adultério, e jurareis falsamente, e queimareis incenso a Baal, e andareis após outros deuses que não conhecestes,
10 e então vireis, e vos apresentareis diante de mim nesta casa, que se chama pelo meu nome, e direis: Somos livres para praticardes ainda todas essas abominações?
11 Tornou-se, pois, esta casa, que se chama pelo meu nome, uma caverna de salteadores aos vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo, vi isso, diz o Senhor.
12 Mas ide agora ao meu lugar, que estava em Siló, onde, ao princípio, fiz habitar o meu nome, e vede o que lhe fiz, por causa da maldade do meu povo Israel.
13 Agora, pois, porquanto fizestes todas estas obras, diz o Senhor, e quando eu vos falei insistentemente, vós não ouvistes, e quando vos chamei, não respondestes,
14 farei também a esta casa, que se chama pelo meu nome, na qual confiais, e a este lugar, que vos dei a vós e a vossos pais, como fiz a Siló.
15 E eu vos lançarei da minha presença, como lancei todos os vossos irmãos, toda a linhagem de Efraim.
16 Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor ou oração, nem me importunes; pois eu não te ouvirei.
17 Não vês tu o que eles andam fazendo nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém?
18 Os filhos apanham a lenha, e os pais acendem o fogo, e as mulheres amassam a farinha para fazerem bolos à rainha do céu, e oferecem libações a outros deuses, a fim de me provocarem à ira.
19 Acaso é a mim que eles provocam à ira? diz o Senhor; não se provocam a si mesmos, para a sua própria confusão?
20 Portanto assim diz o Senhor Deus: Eis que a minha ira e o meu furor se derramarão sobre este lugar, sobre os homens e sobre os animais, sobre as árvores do campo e sobre os frutos da terra; sim, acender-se-á, e não se apagará.
21 Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Ajuntai os vossos holocaustos aos vossos sacrifícios, e comei a carne.
22 Pois não falei a vossos pais no dia em que os tirei da terra do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios.
23 Mas isto lhes ordenei: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; andai em todo o caminho que eu vos mandar, para que vos vá bem.
24 Mas não ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos; porém andaram nos seus próprios conselhos, no propósito do seu coração malvado; e andaram para trás, e não para diante.
25 Desde o dia em que vossos pais saíram da terra do Egito, até hoje, tenho-vos enviado insistentemente todos os meus servos, os profetas, dia após dia;
26 contudo não me deram ouvidos, nem inclinaram os seus ouvidos, mas endureceram a sua cerviz. Fizeram pior do que seus pais.
27 Dir-lhes-ás pois todas estas palavras, mas não te darão ouvidos; chama-los-ás, mas não te responderão.
28 E lhes dirás: Esta é a nação que não obedeceu a voz do Senhor seu Deus e não aceitou a correção; já pereceu a verdade, e está exterminada da sua boca.
29 Corta os teus cabelos, Jerusalém, e lança-os fora, e levanta um pranto sobre os altos escalvados; porque o Senhor já rejeitou e desamparou esta geração, objeto do seu furor.
30 Porque os filhos de Judá fizeram o que era mau aos meus olhos, diz o Senhor; puseram as suas abominações na casa que se chama pelo meu nome, para a contaminarem.
31 E edificaram os altos de Tofete, que está no Vale do filho de Hinom, para queimarem no fogo a seus filhos e a suas filhas, o que nunca ordenei, nem me veio à mente.
32 Portanto, eis que vêm os dias, diz o Senhor, em que não se chamará mais Tofete, nem Vale do filho de Hinom, mas o Vale da Matança; pois enterrarão em Tofete, por não haver mais outro lugar.
33 E os cadáveres deste povo servirão de pasto às aves do céu e aos animais da terra; e ninguém os enxotará.
34 E farei cessar nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém, a voz de gozo e a voz de alegria, a voz de noivo e a voz de noiva; porque a terra se tornará em desolação.”.

Mais uma vez o Senhor apelou aos judeus para que não confiassem em mero ritualismo religioso, e nem mesmo nos sacrifícios e nas edificações do próprio templo de Jerusalém, porque não poderiam livrá-los da destruição, caso não emendassem os seus caminhos.
Eles pensavam erroneamente que Deus estava obrigado a defender Jerusalém porque o templo se situava nela. Entretanto o Senhor, lhes lembrou do que havia feito em Siló, nos dias do sumo sacerdote Eli, quando o tabernáculo se encontrava naquela cidade, como permitiu que fosse destruída, e também removeu o tabernáculo de lá, por causa dos pecados de Israel.
Mais do que holocaustos e sacrifícios apresentados no templo Ele queria misericórdia, justiça, santidade. Queria não uma religião que se baseasse em práticas meramente externas, mas uma religião que partisse de corações transformados e santificados pela Sua Palavra. 
Por isso lhes disse as seguintes palavras:

“22 Pois não falei a vossos pais no dia em que os tirei da terra do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios.
23 Mas isto lhes ordenei: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; andai em todo o caminho que eu vos mandar, para que vos vá bem.
24 Mas não ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos; porém andaram nos seus próprios conselhos, no propósito do seu coração malvado; e andaram para trás, e não para diante.
25 Desde o dia em que vossos pais saíram da terra do Egito, até hoje, tenho-vos enviado insistentemente todos os meus servos, os profetas, dia após dia;
26 contudo não me deram ouvidos, nem inclinaram os seus ouvidos, mas endureceram a sua cerviz. Fizeram pior do que seus pais.” (v. 22 a 26).

Como a prática religiosa dos judeus não se harmonizava com o testemunho de vida deles, então o Senhor lhes disse as seguintes palavras, e por causa disto, reafirmou os juízos contras as idolatrias, injustiças e impiedades que eles vinham praticando, e a pior delas, a de se recusarem a ouvir a Palavra que lhes enviava pela boca dos Seus profetas:

“9 Furtareis vós, e matareis, e cometereis adultério, e jurareis falsamente, e queimareis incenso a Baal, e andareis após outros deuses que não conhecestes,
10 e então vireis, e vos apresentareis diante de mim nesta casa, que se chama pelo meu nome, e direis: Somos livres para praticardes ainda todas essas abominações?
11 Tornou-se, pois, esta casa, que se chama pelo meu nome, uma caverna de salteadores aos vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo, vi isso, diz o Senhor.” (v. 9 a 11).


JEREMIAS 8

“1 Naquele tempo, diz o Senhor, tirarão para fora das suas sepulturas os ossos dos reis de Judá, e os ossos dos seus príncipes, e os ossos dos sacerdotes, e os ossos dos profetas, e os ossos dos habitantes de Jerusalém;
2 e serão expostos ao sol, e à lua, e a todo o exército do céu, a quem eles amaram, e a quem serviram, e após quem andaram, e a quem buscaram, e a quem adoraram; não serão recolhidos nem sepultados; serão como esterco sobre a face da terra.
3 E será escolhida antes a morte do que a vida por todos os que restarem desta raça maligna, que ficarem em todos os lugares onde os lancei, diz o senhor dos exércitos.
4 Dize-lhes mais: Assim diz o Senhor: porventura cairão os homens, e não se levantarão? desviar-se-ão, e não voltarão?
5 Por que, pois, se desvia este povo de Jerusalém com uma apostasia contínua? ele retém o engano, recusa-se a voltar.
6 Eu escutei e ouvi; não falam o que é reto; ninguém há que se arrependa da sua maldade, dizendo: Que fiz eu? Cada um se desvia na sua carreira, como um cavalo que arremete com ímpeto na batalha.
7 Até a cegonha no céu conhece os seus tempos determinados; e a rola, a andorinha, e o grou observam o tempo da sua arribação; mas o meu povo não conhece a ordenança do Senhor.
8 Como pois dizeis: Nós somos sábios, e a lei do Senhor está conosco? Mas eis que a falsa pena dos escribas a converteu em mentira.
9 Os sábios são envergonhados, espantados e presos; rejeitaram a palavra do Senhor; que sabedoria, pois, têm eles?
10 Portanto darei suas mulheres a outros, e os seus campos aos conquistadores; porque desde o menor até o maior, cada um deles se dá à avareza; desde o profeta até o sacerdote, cada qual usa de falsidade.
11 E curam a ferida da filha de meu povo levianamente, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.
12 Porventura se envergonham de terem cometido abominação? Não; de maneira alguma se envergonham, nem sabem que coisa é envergonhar-se. Portanto cairão entre os que caem; e no tempo em que eu os visitar, serão derribados, diz o Senhor.
13 Quando eu os colheria, diz o Senhor, já não há uvas na vide, nem figos na figueira; até a folha está caída; e aquilo mesmo que lhes dei se foi deles.
14 Por que nos assentamos ainda? juntai-vos e entremos nas cidades fortes, e ali pereçamos; pois o Senhor nosso Deus nos destinou a perecer e nos deu a beber água de fel; porquanto pecamos contra o Senhor.
15 Esperamos a paz, porém não chegou bem algum; e o tempo da cura, e eis o terror.
16 Já desde Dã se ouve o resfolegar dos seus cavalos; a terra toda estremece à voz dos rinchos dos seus ginetes; porque vêm e devoram a terra e quanto nela há, a cidade e os que nela habitam.
17 Pois eis que envio entre vós serpentes, basiliscos, contra os quais não há encantamento; e eles vos morderão, diz o Senhor.
18 Quem dera que eu pudesse consolar-me na minha tristeza! O meu coração desfalece dentro de mim.
19 Eis o clamor da filha do meu povo, de toda a extensão da terra; Não está o Senhor em Sião? Não está nela o seu rei? Por que me provocaram a ira com as suas imagens esculpidas, com vaidades estranhas?
20 Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos.
21 Estou quebrantado pela ferida da filha do meu povo; ando de luto; o espanto apoderou-se de mim.
22 Porventura não há bálsamo em Gileade? ou não se acha lá médico? Por que, pois, não se realizou a cura da filha do meu povo?”.

Tão grande seria a desonra que o Senhor traria sobre o Seu povo quando os babilônios invadissem as suas terras, que até mesmo os ossos dos príncipes, dos sacerdotes, dos falsos profetas e dos demais moradores de Jerusalém, que haviam morrido, seriam arrancados de seus túmulos por eles, à busca de tesouros, e com isto suas sepulturas seriam profanadas e seus ossos e demais restos mortais  ficariam expostos ao tempo, servindo de pasto às aves do céu (v. 1), porque não haveria tempo e nem condições para serem novamente sepultados, debaixo da pressão que os babilônios fariam sobre o povo da terra, quando fossem vencidos por eles (v. 2).  
E tal seria a angústia daquela hora que mesmo os que escapassem da morte pela espada dos babilônios prefeririam ter morrido também, porque seriam expulsos de suas casas e de sua própria nação (v. 3).
O Senhor enviou o profeta com a seguinte mensagem ao povo, para que refletissem sobre a condição espiritual deles, porque estavam caídos e não se levantavam; haviam se desviado e não retornaram ao caminho. No entanto, quanto ao que é natural, é normal que aquele que cai, torne imediatamente a se levantar. Aquele que se perde no caminho, volta para onde deveria estar (v. 4).            
Então o Senhor indagou através do profeta, a razão pela qual o Seu povo não havia se levantado dos seus pecados, e por que não havia retornado ao caminho da verdade e da justiça, e por que continuavam a se desviar continuamente dEle? E o próprio Deus deu a resposta: era porque estavam retendo o engano, o motivo de se recusarem a voltar para Ele (v.5).
A Igreja de Cristo deve aprender este diagnóstico perfeito para ser curada de suas possíveis apostasias. Porque é impossível voltar para Deus, depois de Lhe ter dado as costas, por permanecer no engano do pecado.
Se não houver um posicionamento decidido voltado para um sincero arrependimento, pelo abandono da prática do pecado, de  um viver carnal e mundano, não pode haver esperança de cura, pelo ser levantado espiritualmente e pelo retorno ao Senhor.     
As nossas conversações revelarão o que somos de fato, e onde se encontra o nosso coração, quando não falamos o que é reto, e quando não nos arrependemos da nossa maldade. O endurecimento no pecado nos cegará e não veremos o que somos de fato. E tal como os judeus diremos: “Que fiz eu?”. E prosseguiremos nosso caminho em disparada carreira, prosseguindo após o pecado, com o mesmo ímpeto dos cavalos que arremetem na batalha (v. 6).
O mesmo pecado dos judeus é achado na Igreja de Laodiceia, que necessitada de arrependimento, por não conhecer os caminhos do Senhor, por causa do seu orgulho espiritual, e por se considerar sábia a seus próprios olhos, considera que pelo simples fato de participar das ordenações do culto do Senhor, por ler a Bíblia, mas interpretando-a conforme a conveniência da carne, pensam que têm feito a vontade de Deus (v. 7,8).   
Contudo estes sábios segundo o mundo serão envergonhados, espantados e presos, porque têm rejeitado a verdadeira sabedoria e a Palavra do Senhor.
O Anticristo aguarda por todos aqueles que entre estes crentes não se arrependerem de seus pecados e da vaidade em que têm vivido, segundo as ordenações de um culto carnal, e não onde haja verdadeiro temor e reverência ao Senhor, num culto que seja verdadeiramente em espírito e em verdade; e assim, serão por fim vomitados da boca do Senhor, conforme Ele lhes tem ameaçado, caso não se arrependam (v. 9). 
O juízo de Deus começa pela Sua própria casa, quando os crentes começam  a andar de modo desordenado, e a aumentar e muito a iniquidade em seus corações. Tal como o Senhor fizera aos judeus no passado.
Que pode então esperar o mundo de ímpios, quando o Senhor vier com grande poder e glória, visitar as maldades das suas ações?
Deus tinha uma contenda especialmente com os sacerdotes e com os profetas de Israel, que haviam se desviado de suas funções, por causa da avareza, e o povo tinha se acomodado à impiedade deles, e se fizera tal como eles, usando de falsidade mutuamente (v. 10).
Especialmente os sacerdotes e profetas que prometiam paz, quando não havia nenhuma paz, senão juízos por causa do pecado, não se envergonhavam de suas abominações.
Eles curavam as angústias dos israelitas dizendo que havia paz da parte de Deus para eles, mas o Senhor diz que isto era o mesmo que fechar um ferida externamente, enquanto a infecção continua corroendo profundamente as partes internas do corpo.
Havia então uma aparência de pessoas saudáveis e religiosamente santas. Mas o Senhor que conhece o coração, sabia que não passavam de  um bando de falsos que estavam cheios de podridão em seu interior, tal como os fariseus e escribas dos dias de Jesus, que se assemelhavam a sepulcros caiados.  
Então, como se recusavam a reconhecer a vergonha em que viviam, o Senhor os envergonharia quando os fizesse cair sob o jugo de Babilônia, e quebraria assim toda a altivez que eles tinham, quando na verdade deveriam viver envergonhados por Lhe terem voltado as costas, envergonhando-se dEle e da Sua Palavra.   
Então, pela falta dos devidos frutos em suas vidas, na condição de povo de Deus, Ele os entregaria à destruição. Ele destruiria a Sua vinha, porque se recusava a produzir os frutos espirituais de justiça e de comunhão, esperados por Ele.  
Em face dos juízos anunciados, o profeta convocou o povo a se reunir e a aguardar a morte que lhes sobreviria da parte de Deus, porquanto haviam pecado contra Ele.
A paz que eles aguardavam não chegaria lhes trazendo bem algum, e em vez de cura lhes alcançaria o terror. Ele podia ouvir o estrondo dos exércitos de Babilônia arremetendo contra Judá, já se encontrando em Dã, que era o extremo norte de Israel, e devorariam a terra de Judá e tudo quanto nela havia. 
   Deus lhes estava enviando os babilônios como serpentes venenosas que não poderiam ser detidas por qualquer tipo de encantamento, e certamente morderiam os judeus. Isto é o que sucede ao crente ou Igreja infiel que se recusa a servir ao Senhor em santidade de vida: são por fim entregues ao domínio da Serpente, Satanás, o diabo, para destruição da carne, ou para serem oprimidos por ele.
Em face deste quadro terrível o profeta declara a sua tristeza e dor de coração, pelo abandono de Sião pelo Senhor, e por terem os próprios judeus abandonado ao Seu Deus para servirem aos ídolos. Ele passou a andar de luto como que as mortes pronunciadas já tivessem sido consumadas, e o espanto passou a se apoderar dEle, porque sabia que não haveria cura para os judeus, embora houvesse bálsamo e médicos em Israel. 


JEREMIAS 9

“1 Quem dera a minha cabeça se tornasse em águas, e os meus olhos numa fonte de lágrimas, para que eu chorasse de dia e de noite os mortos da filha do meu povo!
2 Quem dera que eu tivesse no deserto uma estalagem de viandantes, para poder deixar o meu povo, e me apartar dele! porque todos eles são adúlteros, um bando de aleivosos.
3 E encurvam a língua, como se fosse o seu arco, para a mentira; fortalecem-se na terra, mas não para a verdade; porque avançam de malícia em malícia, e a mim me não conhecem, diz o Senhor.
4 Guardai-vos cada um do seu próximo, e de irmão nenhum vos fieis; porque todo irmão não faz mais do que enganar, e todo próximo anda caluniando.
5 E engana cada um a seu próximo, e nunca fala a verdade; ensinaram a sua língua a falar a mentira; andam-se cansando em praticar a iniquidade.
6 A tua habitação está no meio do engano; pelo engano recusam-se a conhecer-me, diz o Senhor.
7 Portanto assim diz o Senhor dos exércitos: Eis que eu os fundirei e os provarei; pois, de que outra maneira poderia proceder com a filha do meu povo?
8 uma flecha mortífera é a língua deles; fala engano; com a sua boca fala cada um de paz com o seu próximo, mas no coração arma-lhe ciladas.
9 Não hei de castigá-los por estas coisas? diz o Senhor; ou não me vingarei de uma nação tal como esta?
10 Pelos montes levantai choro e pranto, e pelas pastagens do deserto lamentação; porque já estão queimadas, de modo que ninguém passa por elas; nem se ouve mugido de gado; desde as aves dos céus até os animais, fugiram e se foram.
11 E farei de Jerusalém montões de pedras, morada de chacais, e das cidades de Judá farei uma desolação, de sorte que fiquem sem habitantes.
12 Quem é o homem sábio, que entenda isto? e a quem falou a boca do Senhor, para que o possa anunciar? Por que razão pereceu a terra, e se queimou como um deserto, de sorte que ninguém passa por ela?
13 E diz o Senhor: porque deixaram a minha lei, que lhes pus diante, e não deram ouvidos à minha voz, nem andaram nela,
14 antes andaram obstinadamente segundo o seu próprio coração, e após baalins, como lhes ensinaram os seus pais.
15 Portanto assim diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: Eis que darei de comer losna a este povo, e lhe darei a beber água de fel.
16 Também os espalharei por entre nações que nem eles nem seus pais conheceram; e mandarei a espada após eles, até que venha a consumi-los.
17 Assim diz o Senhor dos exércitos: Considerai, e chamai as carpideiras, para que venham; e mandai procurar mulheres hábeis, para que venham também;
18 e se apressem, e levantem o seu lamento sobre nós, para que se desfaçam em lágrimas os nossos olhos, e as nossas pálpebras destilem águas.
19 Porque uma voz de pranto se ouviu de Sião: Como estamos arruinados! Estamos mui envergonhados, por termos deixado a terra, e por terem eles transtornado as nossas moradas.
20 Contudo ouvi, vós, mulheres, a palavra do Senhor, e recebam os vossos ouvidos a palavra da sua boca; e ensinai a vossas filhas o pranto, e cada uma à sua vizinha a lamentação.
21 Pois a morte subiu pelas nossas janelas, e entrou em nossos palácios, para exterminar das ruas as crianças, e das praças os mancebos.
22 Fala: Assim diz o Senhor: Até os cadáveres dos homens cairão como esterco sobre a face do campo, e como gavela atrás do segador, e não há quem a recolha.
23 Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas;
24 mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em entender, e em me conhecer, que eu sou o Senhor, que faço benevolência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor.
25 Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que castigarei a todo circuncidado juntamente com os incircuncisos:
26 ao Egito, a Judá e a Edom, aos filhos de Amom e a Moabe, e a todos os que cortam os cantos da sua cabeleira e habitam no deserto; pois todas as nações são incircuncisas, e toda a casa de Israel é incircuncisa de coração.”.

Este capítulo descreve a que nível havia chegado a iniquidade dos judeus nos dias de Jeremias.
Deus havia formado Israel para ser um povo pelo qual pudesse ser conhecido por todas as nações da terra, pelo que vissem neles.
Esta é a mesma missão da Igreja no mundo, tornar Deus conhecido pelo testemunho de vida dos crentes.
Como haviam perdido totalmente a finalidade para a qual haviam sido formados, então o Senhor passaria a peneira no meio deles e pouparia somente aqueles poucos que eram grãos e não palha. Até estes seriam provados pelo fogo, para serem purificados, para que pudessem vir a dar um real testemunho de santidade.

“8 Em toda a terra, diz o Senhor, as duas partes dela serão exterminadas, e expirarão; mas a terceira parte restará nela.
9 E farei passar esta terceira parte pelo fogo, e a purificarei, como se purifica a prata, e a provarei, como se prova o ouro. Ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: É meu povo; e ela dirá: O Senhor é meu Deus.” (Zac 13.8,9)

Quando Deus é abandonado pelo Seu povo, tal como se deu com os judeus, o resultado disto será o que lemos nos primeiros versículos deste capitulo, no qual o próprio Senhor ordena que ninguém confiasse no próprio irmão, porque o que prevalecia era o perjurar, o mentir, o caluniar, a falsidade.
Armavam armadilhas contra o seu próximo, e com a mesma língua que lisonjeavam produziam feridas terríveis na reputação destas mesmas pessoas que haviam elogiado (v. 8).   
Para quem não anda no Espírito, isto pode parecer exagerado, mas é a mais pura realidade, para aqueles que têm discernimento espiritual para perceberem tal estado de corrupção, quando mesmo crentes deixam de andar no temor de Deus.
Tal era o estado repulsivo da nação de Judá por causa de tais pecados, que o profeta gostaria que a sua cabeça se tornasse em águas para que seus olhos derramassem lágrimas continuamente como uma fonte, por causa do pecado de seus irmãos israelitas, e por causa das muitas mortes que o Senhor produziria no meio deles quando consumasse os Seus juízos através dos babilônios (v. 1).
Todavia, a par de tais sentimentos da mais profunda tristeza, o profeta deseja se afastar de Israel, não pelo temor dos juízos que lhes sobreviriam, mas por causa da forma como eles viviam sendo o povo do Senhor. Eram um bando de adúlteros e de aleivosos (v. 2). E ninguém que esteja santificado tem prazer em tal companhia. 
Eles não conheciam o Senhor porque viviam a fortalecer as suas línguas, não para a verdade, mas para a mentira (v. 3).
Por amarem o engano se recusavam a conhecer ao Senhor. Quem ama o erro não pode desejar conhecer ao Senhor porque Ele é a verdade.
Então o Senhor os fundiria como se faz ao ouro, para remover do Seu povo a grande quantidade de escória que eram muitos deles, e reservaria para si somente aqueles que fossem achados fiéis (v. 7).
Deus não poderia deixar sem castigo um tal estado de coisas, e se vingaria da nação de Israel porque havia sido traído por eles (v. 9). 
Quem fosse sábio entre eles, veria a ruína de Judá como já executada, porque dali a poucos anos lhes sobreviria tudo o que o Senhor havia pronunciado contra eles pelos seus profetas, e não apenas através de Jeremias. 
Por que Deus levanta mestres na Igreja? São meros professores de teologia? Não. Eles têm o encargo de torná-lO conhecido, bem como a Sua vontade, conforme revelada na Sua Palavra. Tal era o ministério dos sacerdotes e dos levitas, mas como eles se corromperam na sua função, e amaram a avareza, as suas cobiças carnais, Deus levantou os profetas para falar diretamente ao povo através deles, quanto aos Seus  juízos.
Se o povo andasse nos caminhos do Senhor, não haveria necessidade de profetas para repreendê-los e exortá-los. 
Há grande perigo portanto quando se deixa de lado a Palavra revelada do Senhor, no caso dos judeus, a Lei de Moisés (v. 13), e da Igreja, toda a Bíblia, porque com isto estaremos deixando de dar ouvidos à Sua voz, e assim não poderemos andar segundo a Sua Palavra, senão de acordo com a obstinação do nosso próprio coração corrompido pelo pecado, que é mais enganoso do que todas as coisas. Por isso os judeus em vez de servirem ao Senhor, voltaram-se para os baalins, porque não conheciam os juízos terríveis da Sua Palavra contra aqueles que praticam a idolatria (v. 13,14), ou então, os conhecendo, consideravam que eram ameaças mortas de uma letra morta.  
Todavia, o Senhor revelaria a eles que a Sua Palavra é viva, trazendo sobre eles todas as ameaças previstas na Lei, especialmente a do cativeiro, e a morte pela espada das nações inimigas. Então saberiam o temor que é devido ao Senhor e à Sua Palavra, pelo preço altíssimo que eles teriam que pagar como nação, de modo que tal temor fosse achado nas gerações seguintes, quando retornassem do cativeiro em Babilônia, passados os setenta anos determinados, em que pela vontade de Deus, deveriam lá permanecer.    
  Tantos seriam os mortos da parte do Senhor, até mesmo jovens e velhos, que ficariam insepultos, porque não haveria nem tempo, nem condições para sepultá-los, e isto seria para eles um sinal que até mesmo na morte foram desonrados por Deus. E as nações saberiam que Deus é santo, e nada tinha a ver com as iniquidades praticadas pelo Seu povo, tanto que Ele próprio os vendera por nada, e os entregara à destruição.  
Por isso ninguém deveria se gloriar em Judá na sua própria sabedoria, ou na sua força, ou nas suas riquezas, porque nada disto os poderia livrar dos juízos de Deus, e nada disto pode levar uma pessoa a agradar ao Senhor (v. 23).
 O único motivo que temos para nos gloriar é o próprio Deus, e o conhecimento que temos dEle e da Sua vontade, especialmente quanto a sabermos que Ele faz benevolência, juízo e justiça na terra, coisas estas que são todo o Seu agrado. Então quem quiser agradar a Deus deve imitá-lo na prática da misericórdia, do juízo e da justiça.   
É por tal critério de misericórdia, justiça e juízo, que Deus julga toda a carne, e não por se ser circuncidado ou não no prepúcio. Judá pensava que era diferente das demais nações por causa da circuncisão. Mas o Senhor está dizendo que diante dEle não há nenhum justo, a não ser aqueles que são circuncidados de coração, ou seja aqueles que são justificados pela graça, mediante a fé, e que andam na prática da justiça, que é segundo a santificação (v. 25, 26).





JEREMIAS 10

“1 Ouvi a palavra que o Senhor vos fala a vós, ó casa de Israel.
2 Assim diz o Senhor: Não aprendais o caminho das nações, nem vos espanteis com os sinais do céu; porque deles se espantam as nações,
3 pois os costumes dos povos são vaidade; corta-se do bosque um madeiro e se lavra com machado pelas mãos do artífice.
4 Com prata e com ouro o enfeitam, com pregos e com martelos o firmam, para que não se mova.
5 São como o espantalho num pepinal, e não podem falar; necessitam de quem os leve, porquanto não podem andar. Não tenhais receio deles, pois não podem fazer o mal, nem tampouco têm poder de fazer o bem.
6 Ninguém há semelhante a ti, ó Senhor; és grande, e grande é o teu nome em poder.
7 Quem te não temeria a ti, ó Rei das nações? pois a ti se deve o temor; porquanto entre todos os sábios das nações, e em todos os seus reinos ninguém há semelhante a ti.
8 Mas eles todos são embrutecidos e loucos; a instrução dos ídolos é como o madeiro.
9 Trazem de Társis prata em chapas, e ouro de Ufaz, trabalho do artífice, e das mãos do fundidor; seus vestidos são de azul e púrpura; obra de peritos são todos eles.
10 Mas o Senhor é o verdadeiro Deus; ele é o Deus vivo e o Rei eterno, ao seu furor estremece a terra, e as nações não podem suportar a sua indignação.
11 Assim lhes direis: Os deuses que não fizeram os céus e a terra, esses perecerão da terra e de debaixo dos céus.
12 Ele fez a terra pelo seu poder; ele estabeleceu o mundo por sua sabedoria e com a sua inteligência estendeu os céus.
13 Quando ele faz soar a sua voz, logo há tumulto de águas nos céus, e ele faz subir das extremidades da terra os vapores; faz os relâmpagos para a chuva, e dos seus tesouros faz sair o vento.
14 Todo homem se embruteceu e não tem conhecimento; da sua imagem esculpida envergonha-se todo fundidor; pois as suas imagens fundidas são falsas, e nelas não há fôlego.
15 Vaidade são, obra de enganos; no tempo da sua visitação virão a perecer.
16 Não é semelhante a estes aquele que é a porção de Jacó; porque ele é o que forma todas as coisas, e Israel é a tribo da sua herança. Senhor dos exércitos é o seu nome.
17 Tira do chão a tua trouxa, ó tu que habitas em lugar sitiado.
18 Pois assim diz o Senhor: Eis que desta vez arrojarei como se fora com uma funda os moradores da terra, e os angustiarei, para que venham a senti-lo.
19 Ai de mim, por causa do meu quebrantamento! a minha chaga me causa grande dor; mas eu havia dito: Certamente isto é minha enfermidade, e eu devo suportá-la.
20 A minha tenda está destruída, e todas as minhas cordas estão rompidas; os meus filhos foram-se de mim, e não existem; ninguém há mais que estire a minha tenda, e que levante as minhas lonas.
21 Pois os pastores se embruteceram, e não buscaram ao Senhor; por isso não prosperaram, e todos os seus rebanhos se acham dispersos.
22 Eis que vem uma voz de rumor, um grande tumulto da terra do norte, para fazer das cidades de Judá uma assolação, uma morada de chacais.
23 Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho; nem é do homem que caminha o dirigir os seus passos.
24 Corrige-me, ó Senhor, mas com medida justa; não na tua ira, para que não me reduzas a nada.
25 Derrama a tua indignação sobre as nações que não te conhecem, e sobre as famílias que não invocam o teu nome; porque devoraram a Jacó; sim, devoraram-no e consumiram-no, e assolaram a sua morada.”.

Este capítulo tem o principal propósito de convencer os judeus que o fato de serem subjugados por Babilônia não significava que os falsos deuses deles fossem mais poderosos do que o Deus de Israel. 
Tais deuses não passam de obras das mãos dos homens, e por isso sequer devem ser temidos. Os judeus estariam em Babilônia, mas são instruídos por este capitulo a não ficarem impressionados com nenhuma das mistificações deles, e com os muitos magos e feiticeiros que existiam naquela terra.
Então mesmo na terra do cativeiro, eles deveriam se voltar para o Senhor de todo o seu coração, porque Ele é o Criador tanto dos céus quanto da terra, e não está preso a nenhum lugar, e pode ser achado em espírito por aqueles que o invocam em espírito, e que andam na prática da verdade. 
Os judeus não deveriam portanto, assimilar os costumes de Babilônia, porque também havia da parte do Senhor um juízo que seria lavrado sobre eles no tempo oportuno, bem como sobre todas as suas imagens de escultura, que seriam destruídas por Ele, quando os entregasse ao poder dos medos e dos persas, mostrando quão impotentes são tais ídolos para livrarem a si mesmos, quanto mais aqueles que lhes prestam culto.  


JEREMIAS 12

“1 Justo és, ó Senhor, ainda quando eu pleiteio contigo; contudo pleitearei a minha causa diante de ti. Por que prospera o caminho dos ímpios? Por que vivem em paz todos os que procedem aleivosamente?
2 Plantaste-os, e eles se arraigaram; medram, dão também fruto; chegado estás à sua boca, porém longe do seu coração.
3 Mas tu, ó Senhor, me conheces, tu me vês, e provas o meu coração para contigo; tira-os como a ovelhas para o matadouro, e separa-os para o dia da matança.
4 Até quando lamentará a terra, e se secará a erva de todo o campo? Por causa da maldade dos que nela habitam, perecem os animais e as aves; porquanto disseram: Ele não verá o nosso fim.
5 Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, então como poderás competir com cavalos? Se foges numa terra de paz, como hás de fazer na soberba do Jordão?
6 Pois até os teus irmãos, e a casa de teu pai, eles mesmos se houveram aleivosamente contigo; eles mesmos clamam após ti em altas vozes. Não te fies neles, ainda que te digam coisas boas.
7 Desamparei a minha casa, abandonei a minha herança; entreguei a amada da minha alma na mão de seus inimigos.
8 Tornou-se a minha herança para mim como leão numa floresta; levantou a sua voz contra mim, por isso eu a odeio.
9 Acaso é para mim a minha herança como uma ave de rapina de várias cores? Andam as aves de rapina contra ela em redor? Ide, pois, ajuntai a todos os animais do campo, trazei-os para a devorarem.
10 Muitos pastores destruíram a minha vinha, pisaram o meu quinhão; tornaram em desolado deserto o meu quinhão aprazível.
11 Em assolação o tornaram; ele, desolado, clama a mim. Toda a terra está assolada, mas ninguém toma isso a peito.
12 Sobre todos os altos escalvados do deserto vieram destruidores, porque a espada do Senhor devora desde uma até outra extremidade da terra; não há paz para nenhuma carne.
13 Semearam trigo, mas segaram espinhos; cansaram-se, mas de nada se aproveitaram; haveis de ser envergonhados das vossas colheitas, por causa do ardor da ira do Senhor.
14 Assim diz o Senhor acerca de todos os meus maus vizinhos, que tocam a minha herança que fiz herdar ao meu povo Israel: Eis que os arrancarei da sua terra, e a casa de Judá arrancarei do meio deles.
15 E depois de os haver eu arrancado, tornarei, e me compadecerei deles, e os farei voltar cada um à sua herança, e cada um à sua terra.
16 E será que, se diligentemente aprenderem os caminhos do meu povo, jurando pelo meu nome: Vive o Senhor; como ensinaram o meu povo a jurar por Baal; então edificar-se-ão no meio do meu povo.
17 Mas, se não quiserem ouvir, totalmente arrancarei a tal nação, e a farei perecer, diz o Senhor.”.

Não podemos esquecer que Jeremias era ainda muito jovem quando o Senhor o chamou para o exercício do ministério profético. Já dissemos que seu ministério durou mais de quarenta anos. E nós o vemos neste capitulo, depois da experiência que tivera com a maldade dirigida contra ele pelos seus próprios conhecidos e parentes de Anatote, bem como de todos os sacerdotes que viviam na sua cidade natal, Jeremias estava amadurecendo nos caminhos do conhecimento não apenas da vontade do Senhor, como também do que há nos corações dos próprios homens. Todavia não havia amadurecido o bastante para compreender o motivo da grande longanimidade de Deus para com os ímpios, e até para com os piores deles, tal como ele próprio tivera oportunidade de constatar entre os seus próprios irmãos e toda a casa de seu pai (v. 6), de modo que o Senhor lhe advertiu para que não confiasse neles ainda que lhes dissessem coisas boas. 
Isto não significa que devemos desconfiar de todos os nossos irmãos em Cristo, mas daqueles que têm rejeitado os caminhos do Senhor, faremos bem em nos guardar deles, tal como Deus havia aconselhado Jeremias a fazer em seus dias.   
Jeremias havia aprendido a discernir que é possível ter o nome de Deus nos lábios enquanto o coração permanece distante dEle, tal como observara nos judeus (v. 2). 
Então ele clamou para que o Senhor exercesse logo a Sua justiça contra os ímpios, tal a grandeza da maldade que vira em seus corações.
Mas como Deus não é o homem, Ele instruiu Jeremias que ele deveria aprender a ter a tenacidade espiritual que lhe permitisse correr não somente com homens que vão a pé, mas a correr até mesmo com cavalos, porque as suas tribulações não diminuiriam, mas aumentariam e muito, dali por diante. Ele não deveria fugir da batalha contra o mal, numa terra onde os juízos do Senhor não haviam ainda sido despejados. Ele deveria ser longânimo tal qual o Senhor e aguardar o tempo próprio do juízo. Ainda que não orasse pelo povo, conforme lhe havia sido ordenado, isto não significava que deveria clamar a Deus então para apressar logo a destruição deles.  
Israel havia se rebelado contra Deus, e levantado sua voz contra Ele, e por isso, em vez de receberem a demonstração do Seu amor, receberiam a da Sua vingança (v. 8).
O estado a que Israel havia chegado foi o resultado da ação de maus e muitos pastores que haviam destruído a vinha do Senhor, e que fizeram de um quinhão dantes aprazível, um deserto desolado, onde não havia mais a presença e a glória de Deus (v. 10).
Então o Senhor seria o Pastor do Seu povo, e tentaria restaurar aqueles que dentre eles ainda tinham esperança de cura, e não somente eles, até mesmo as nações que lhes haviam assolado e que haviam ensinado Israel a adorar a Baal, poderiam ser edificadas no meio de Judá, quando fosse restaurada por Ele, no entanto, caso o recusassem também seriam totalmente arrancados, e os Senhor lhes faria perecer.

Isto tem se cumprido especialmente nos dias da Igreja, quando muitas nações gentias têm sido enxertadas no ramo de oliveira de Israel, por meio de quem receberam as Escrituras, os profetas, os apóstolos, e o principal de tudo, o Messias.  Assim, Israel ainda cumpriria a missão que lhe havia sido destinada por Deus, e isto explicava porque não destruiria todos os ímpios da terra, conforme desejava Jeremias.     

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