quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Isaías - cap 34 a 36

Isaías 34

“1 Chegai-vos, nações, para ouvir, e vós, povos, escutai; ouça a terra, e a sua plenitude, o mundo e tudo quanto ele produz.
2 Porque a indignação do Senhor está sobre todas as nações, e o seu furor sobre todo o exército delas; ele determinou a sua destruição, entregou-as à matança.
3 E os seus mortos serão arrojados, e dos seus cadáveres subirá o mau cheiro; e com o seu sangue os montes se derreterão.
4 E todo o exército dos céus se dissolverá, e o céu se enrolará como um livro; e todo o seu exército desvanecerá, como desvanece a folha da vide e da figueira.
5 Pois a minha espada se embriagou no céu; eis que sobre Edom descerá, e sobre o povo do meu anátema, para exercer juízo.
6 A espada do Senhor está cheia de sangue, está cheia de gordura, de sangue de cordeiros e de bodes, da gordura dos rins de carneiros; porque o Senhor tem sacrifício em Bozra, e grande matança na terra de Edom.
7 E os bois selvagens cairão com eles, e os novilhos com os touros; e a sua terra embriagar-se-á de sangue, e o seu pó se engrossará de gordura.
8 Pois o Senhor tem um dia de vingança, um ano de retribuições pela causa de Sião.
9 E os ribeiros de Edom transformar-se-ão em pez, e o seu solo em enxofre, e a sua terra tornar-se-á em pez ardente.
10 Nem de noite nem de dia se apagará; para sempre a sua fumaça subirá; de geração em geração será assolada; pelos séculos dos séculos ninguém passará por ela.
11 Mas o pelicano e o ouriço a possuirão; a coruja e o corvo nela habitarão; e ele estenderá sobre ela o cordel de confusão e o prumo de vaidade.
12 Eles chamarão ao reino os seus nobres, mas nenhum haverá; e todos os seus príncipes não serão coisa nenhuma.
13 E crescerão espinhos nos seus palácios, urtigas e cardos nas suas fortalezas; e será uma habitação de chacais, um sítio para avestruzes.
14 E as feras do deserto se encontrarão com hienas; e o sátiro clamará ao seu companheiro; e Lilite pousará ali, e achará lugar de repouso para si.
15 Ali fará a coruja o seu ninho, e porá os seus ovos, e aninhará os seus filhotes, e os recolherá debaixo da sua sombra; também ali se ajuntarão os abutres, cada fêmea com o seu companheiro.
16 Buscai no livro do Senhor, e lede: nenhuma destas criaturas faltará, nenhuma será privada do seu companheiro; porque é a boca dele que o ordenou, e é o seu Espírito que os ajuntou.
17 Ele mesmo lançou as sortes por eles, e a sua mão lhes repartiu a terra com o cordel; para sempre a possuirão; de geração em geração habitarão nela.”

Este capítulo é completamente escatológico e aponta para o dia da volta do Senhor, quando ocorrerá a Batalha de Armagedom citada em Apocalipse, a saber, no Vale de Megido.
Por isso é citado repetidamente que o Senhor tem uma batalha em Edom, porque será nos territórios que Edom ocupava no passado que o Anticristo reunirá as suas forças para marchar contra Israel.
No capítulo 9 de Apocalipse, a partir do verso 13, vemos que um exército de duzentos milhões de soldados saiu pela terra induzidos por quatro anjos que foram soltos e que se achavam atados junto ao rio Eufrates, e que dizimou a terça parte da humanidade.
Apocalipse 13.7 nos conta outra coisa interessante sobre esta guerra. O poder poderoso nesta guerra, em parte, não é somente das forças demoníacas do inferno e do próprio Satanás, mas do Anticristo, a besta: “Foi-lhe dado também que pelejasse contra os santos e os vencesse. Deu-se-lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação.”. 
Assim, é o Anticristo da mesma maneira que nós vimos no Velho Testamento, em Daniel.
É ele  que massacra o rei do sul, o exército do norte, derrota o exército do leste, e expande o seu poder mundialmente.
Uma outra passagem em Apocalipse 16.13,14 revela que três espíritos imundos, operadores de sinais, saem da boca do dragão, da besta e do falso profeta e se dirigem aos reis da terra para congregá-los para a batalha do Armagedom, no grande dia do Senhor, isto é, na segunda vinda de Cristo.
Mas o intento deles será marchar contra Jerusalém para devastá-la. E no meio desta batalha Jesus virá e os destruirá.   
No sexto versículo deste capitulo de Isaías nós lemos que: “A espada do Senhor está cheia de sangue, engrossada da gordura e do sangue de cordeiros e de bodes, da gordura dos rins de carneiros; porque o Senhor tem sacrifício em Bozra, uma das principais cidades de Edom, e  grande matança na terra de Edom.”.
Em outras palavras, haverá uma matança mundial da parte do Senhor, quando Ele vier com os seus santos e os anjos para julgar o reino do Anticristo e a coligação de nações que se ajuntarão no lugar chamado de Armagedom para destruir Israel.
O Senhor virá e destruirá os ímpios não somente que estiverem marchando contra Israel com o Anticristo, mas os de todas as nações.
Em Is 63.1 lemos: “Quem é este, que vem de Edom, de Bozra, com vestiduras tintas de escarlate? este que é glorioso no seu traje, que marcha na plenitude da sua força? Sou eu, que falo em justiça, poderoso para salvar.”.

Por isso João viu Jesus com as vestes salpicadas com o sangue dos Seus inimigos, tendo vindo de Bozra, a saber, do lugar onde ocorrerá a batalha de Armagedom (Apo 19.13).
O descrente será morto, mas o justo viverá. E os homens serão mais raros que o ouro de Ofir. E com estes crentes que estiverem vivendo sobre a terra e que sobreviverão à volta do Senhor, o mundo será repovoado para o período do milênio. 
E a espada referida no mesmo sexto verso deste capítulo de Isaías, da qual é dito que  está cheia de sangue, não é uma espada física, e nem mesmo a ação de uma guerra conforme a idéia que nós temos de uma guerra, porque esta espada é a espada afiada de dois gumes. A espada que procede da boca do Senhor, que é a Sua palavra. Será meramente por meio da palavra de ordem que Ele proferir que os ímpios serão mortos em todas as nações do mundo, por ocasião da sua segunda vinda.
É aqui que se cumpre em plenitude a palavra que Ele proferiu enquanto neste mundo que deveríamos temer aquele que tem poder para matar o corpo e lançar a alma no inferno. E esta é uma referência a si mesmo como Deus que é. É Ele quem tem as chaves da morte e do inferno. Isto é, é Ele quem tem o domínio sobre ambos. E Ele revelará isto claramente na sua segunda vinda. Esta destruição dos ímpios não significa aniquilação, mas morte física, porque continuarão existindo em espírito, mas sendo lançados no inferno, para aguardarem a condenação final no lago de fogo e enxofre, depois de serem ressuscitados depois do milênio e serem julgados diante do grande trono branco (Apo 20.11).
A citação do verso 4 deste capítulo de  Isaías: “ E todo o exército dos céus se dissolverá, e o céu se enrolará como um livro; e todo o seu exército desvanecerá, como desvanece a folha da vide e da figueira.”, se refere ao dia da volta do Senhor quando os poderes do céu serão abalados conforme lemos de suas próprias palavras em Lc 21.25-27:
“25 E haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; e sobre a terra haverá angústia das nações em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas.
26 os homens desfalecerão de terror, e pela expectação das coisas que sobrevirão ao mundo; porquanto os poderes do céu serão abalados.
27 Então verão vir o Filho do homem em uma nuvem, com poder e grande glória.”
O dia da volta do Senhor é o dia da vingança de Deus contra todos os ímpios, por causa das opressões que fizeram contra o Seu povo, e pela causa de Sião, que é a causa do estabelecimento da justiça na terra a partir de Jerusalém.
Por isso lemos no verso 8:
“Pois o Senhor tem um dia de vingança, um ano de retribuições pela causa de Sião.”
Os inimigos da Igreja receberão diretamente do próprio Deus a retribuição que Ele tem prometido em Sua Palavra.
O crente deve amar, abençoar e orar pelos seus inimigos, mas caso estes não se arrependam, e se voltem contra aqueles que os tem abençoado, eles receberão a justa retribuição da parte do Senhor, no tempo oportuno, conforme tem prometido. 
“Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira de Deus, porque está escrito: Minha é a vingança, eu retribuirei, diz o Senhor.” (Rom 12.19).
As nações coligadas com o Anticristo intentavam dominar a terra pela violência, mas Deus os desarraigará da terra para dá-la como herança aos mansos e aos pacificadores, e Ele mesmo distribuirá aos santos, por sortes, a parte que lhes cabe, tal como Josué fizera em seus dias, para repartir a terra de Canaã, como herança às tribos de Israel (v. 17).


Isaías 35

“1 O deserto e a terra sedenta se regozijarão; e o ermo exultará e florescerá;
2 como o narciso florescerá abundantemente, e também exultará de júbilo e romperá em cânticos; dar-se-lhe-á a glória do Líbano, a excelência do Carmelo e Sarom; eles verão a glória do Senhor, a majestade do nosso Deus.
3 Fortalecei as mãos fracas, e firmai os joelhos trementes.
4 Dizei aos turbados de coração: Sede fortes, não temais; eis o vosso Deus! com vingança virá, sim com a recompensa de Deus; ele virá, e vos salvará.
5 Então os olhos dos cegos serão abertos, e os ouvidos dos surdos se desimpedirão.
6 Então o coxo saltará como o cervo, e a língua do mudo cantará de alegria; porque águas arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo.
7 E a miragem tornar-se-á em lago, e a terra sedenta em mananciais de águas; e nas habitações em que jaziam os chacais haverá erva com canas e juncos.
8 E ali haverá uma estrada, um caminho que se chamará o caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será para os remidos. Os caminhantes, até mesmo os loucos, nele não errarão.
9 Ali não haverá leão, nem animal feroz subirá por ele, nem se achará nele; mas os redimidos andarão por ele.
10 E os resgatados do Senhor voltarão; e virão a Sião com júbilo, e alegria eterna haverá sobre as suas cabeças; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido.”

A profecia deste capítulo mistura as graças da dispensação do evangelho, com as consequências de paz e segurança finais, que serão estabelecidas na terra pelo Senhor, depois da Sua segunda vinda.
Isto porque não se pode falar de  uma glória futura com Deus, sem que tenha havia antes uma vida de comunhão com Ele, em justiça, aqui na terra.
As promessas de um porvir de eterna segurança e paz,somente podem ser alcançadas por aqueles que se esforçaram para entrar no reino de Deus, pela justificação e pela prática da justiça evangélica.
Então, as promessas do que se alcançará na glória vindoura têm também este caráter de incentivar os santos à prática da justiça e a um viver segundo a Sua vocação santa, conforme é da vontade de Deus, porque este é o modo de se ter a confirmação e a evidência da bênção prometida futura, e também de se viver da forma que foi designada por Deus para todos os Seus filhos. 
A profecia é para a Igreja e não para Judá como um todo, porque voltamos a lembrar que Isaías foi chamado para falar das coisas relativas ao evangelho e do endurecimento de Israel, que duraria durante a dispensação da graça. 
Então o endereçamento desta mensagem é para os crentes e não para os ímpios, mesmo aqueles que pertenciam ao povo de Israel.
Por isso a mensagem central deste capitulo é a chamada à perseverança, porque há grande recompensa para aqueles que perseverarem até o fim.
O crente não deve se deixar abater em sua fé. Não deve recuar em sua caminhada cristã, mas deve sempre buscar estar fortalecido no Senhor, porque a promessa que Lhes foi feita por Deus é a de que verão a Sua glória. 
Por conseguinte soa a exortação de Deus pelo profeta:
“Fortalecei as mãos fracas, e firmai os joelhos trementes.”
Esta exortação é reafirmada em Hb 12.12.
E aos crentes que estiverem com seus corações turbados pelas aflições que sofrem neste mundo é dito no verso 4: “Dizei aos turbados de coração: Sede fortes, não temais; eis o vosso Deus! com vingança virá, sim com a recompensa de Deus; ele virá, e vos salvará.”.
O Senhor o confirmaria por sinais e maravilhas que realizaria no meio do seu povo, conforme lemos nos versos 5 a 8, e deste modo, nem mesmo os loucos, ou seja, aqueles que tivessem distúrbios mentais, errariam o caminho de Deus, porque prometeu conduzi-los por ele, porque faz isto operando diretamente em seus espíritos.
Os versos 9 e 10 se referem á condição futura da igreja gloriosa, já não mais padecente. O leão e animal feroz que não serão mais achados neste caminho estreito em que se encontram os santos, é uma possível referência a todos os poderes opressores que trabalharam contra a igreja, principalmente Satanás e seus anjos caídos.
   

Isaías 36

“1 No ano décimo quarto do rei Ezequias Senaqueribe, rei da Assíria, subiu contra todas as cidades fortificadas de Judá, e as tomou.
2 Ora, o rei da Assíria enviou Rabsaqué, de Laquis a Jerusalém, ao rei Ezequias, com um grande exército; e ele parou junto ao aqueduto da piscina superior, que está junto ao caminho do campo do lavandeiro.
3 Então saíram a ter com ele Eliaquim, filho de Hilquias, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e Joá, filho de Asafe, o cronista.
4 E Rabsaqué lhes disse: Ora, dizei a Ezequias: Assim diz o grande rei, o rei da Assíria: Que confiança é essa em que te estribas?
5 Bem posso eu dizer: Teu conselho e poder para a guerra são apenas vãs palavras. Em quem pois agora confias, visto que contra mim te rebelas?
6 Eis que confias no Egito, aquele bordão de cana quebrada que, se alguém se apoiar nele, lhe entrará pela mão, e a furará; assim é Faraó, rei do Egito, para com todos os que nele confiam.
7 Mas se me disseres: No Senhor, nosso Deus, confiamos; porventura não é esse aquele cujos altos e cujos altares Ezequias tirou, e disse a Judá e a Jerusalém: Perante este altar adorareis?
8 Ora, pois, faze uma aposta com o meu senhor, o rei da Assíria; dar-te-ei dois mil cavalos, se tu puderes dar cavaleiros para eles.
9 Como então poderás repelir um só príncipe dos menores servos do meu senhor, quando confias no Egito pelos carros e cavaleiros?
10 Porventura subi eu agora sem o Senhor contra esta terra, para destruí-la? O Senhor mesmo me disse: Sobe contra esta terra, e destrói-a.
11 Então disseram Eliaquim, Sebna, e Joá, a Rabsaqué: Pedimos-te que fales aos teus servos em aramaico, porque bem o entendemos; e não nos fales em judaico, aos ouvidos do povo que está sobre o muro.
12 Rabsaqué, porém, disse: Porventura mandou-me o meu senhor só ao teu senhor e a ti, para dizer estas palavras e não aos homens que estão assentados sobre o muro, que juntamente convosco hão de comer o próprio excremento e beber a própria urina?
13 Então Rabsaqué se pôs em pé, e clamou em alta voz na língua judaica, e disse: Ouvi as palavras do grande rei, do rei da Assíria.
14 Assim diz o rei: Não vos engane Ezequias; porque não vos poderá livrar.
15 Nem tampouco Ezequias vos faça confiar no Senhor, dizendo: Infalivelmente nos livrará o Senhor, e esta cidade não será entregue nas mãos do rei da Assíria.
16 Não deis ouvidos a Ezequias; porque assim diz o rei da Assíria: Fazei as vossas pazes comigo, e saí a mim; e coma cada um da sua vide, e da sua figueira, e beba cada um da água da sua cisterna;
17 até que eu venha, e vos leve para uma terra semelhante à vossa, terra de trigo e de mosto, terra de pão e de vinhas.
18 Guardai-vos, para que não vos engane Ezequias, dizendo: O Senhor nos livrará. Porventura os deuses das nações livraram cada um a sua terra das mãos do rei da Assíria?
19 Onde estão os deuses de Hamate e de Arpade? onde estão os deuses de Sefarvaim? porventura livraram eles a Samaria da minha mão?
20 Quais dentre todos os deuses destes países livraram a sua terra das minhas mãos, para que o Senhor possa livrar a Jerusalém das minhas mãos?
21 Eles, porém, se calaram e não lhe responderam palavra; porque havia mandado do rei, dizendo: Não lhe respondais.
22 Então Eliaquim, filho de Hilquias, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e Joá, filho de Asafe, o cronista, vieram a Ezequias, com as vestiduras rasgadas, e lhe referiram as palavras de Rabsaqué.”

A Assíria havia sido levantada nos dias do rei Ezequias como o grande instrumento dos juízos de Deus sobre os pecados das nações, assim como seria levantada Babilônia, depois deles, e a Média e a Pérsia depois de Babilônia; a Grécia, depois destes, e finalmente os romanos.
Nós devemos lembrar que o ministério de Isaías cobriu os períodos dos reis Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias. Ele começou seu ministério próximo da morte de Uzias.
Uzias havia feito o que era reto diante do Senhor, mas no final do seu reinado o seu coração se elevou por causa da prosperidade que havia alcançado em seu reino, a ponto de pensar que tinha o direito de queimar incenso no templo no lugar do sacerdote, e por isso o Senhor o feriu com lepra, por causa da qual viria a morrer.
O reinado de seu filho Jotão, durou 16 anos (II Rs 15.32), e apesar de se dizer dele em II Crôn 27.1,2 que fez o que era reto aos olhos do Senhor, conforme tudo o que fizera Uzias, é afirmado, no entanto, que o povo ainda se corrompia. Isto indica que esta corrupção do povo vinha prevalecendo desde os dias de Salomão, mesmo debaixo do reinado de reis justos de Judá que o sucederam no trono. 
E esta corrupção culminaria com o impiedoso Acaz, filho de Jotão, que reinou por 16 anos (II Rs 16.1).
Então, foi esta a herança que o piedoso Ezequias recebeu de seu pai: um povo ainda mais corrompido. 
Então foi permitido por Deus, que o rei Senaqueribe subisse contra Judá, mesmo nos dias de Ezequias, e tomasse as suas cidades fortificadas (II Rs 18.13); e ainda que tivesse recebido tributos de Ezequias para que se retirasse de Judá, Senaqueribe reuniu um exército ainda maior e sitiou a cidade de Jerusalém com o intuito de invadi-la (II Rs 18.18), e foi nesta ocasião que sucederam os eventos que são narrados neste capitulo de Isaías.
E este capítulo nos dá conta do modo como se elevou o coração do rei Assírio Senaqueribe, em razão do grande poder que o seu país estava tendo sobre as demais nações, e esquecido que isto havia sido dado diretamente a eles por Deus, começaram a exacerbar-se nas suas ações usando de extrema crueldade para com os povos conquistados e exaltando-se contra o próprio Deus de Israel, uma vez que eles já haviam levado antes o Reino do Norte para o cativeiro, sob o rei Salmanasar, e agora Senaqueribe veio afrontar o Senhor nos dias de Ezequias, sem saber o grande juízo que Ele estava forjando contra os assírios.
E não havia melhor ocasião do que aquela para visitar o orgulho dos assírios com juízos, porque a santidade do Senhor estava sendo vindicada pelo piedoso Ezequias que não somente empreendeu uma grande reforma religiosa em Judá restaurando tudo o que havia sido destruído pelo seu pai (Acaz), e de Ezequias se diz em II Rs 18.3 que: “Ele fez o que era reto aos olhos do Senhor, conforme tudo o que fizera Davi, seu pai.”, isto é, ele era um crente verdadeiro tal como fora Davi antes dele, e ainda nós lemos sobre quem ele havia sido no verso 5: “Confiou no Senhor Deus de Israel, de modo que depois dele não houve seu semelhante entre todos os reis de Judá, nem entre os que foram antes dele.”. Isto significa que não houve nenhum rei no período do reino dividido em Judá que tivesse confiado tanto no Senhor como Ezequias.
E a grande fé dele seria honrada por Deus de várias formas e especialmente na derrota que imporia aos assírios sem o auxílio de mãos humanas, conforme veremos no capítulo seguinte. E a qualidade da fé de Ezequias era tanto subjetiva quanto objetiva, porque não era fé na fé, ou mera confiança em Deus baseada em sentimentos e emoções, mas fé na Sua Palavra e na disposição de cumpri-la integralmente, como se afirma no verso 6: “Porque se apegou ao Senhor; não se apartou de o seguir, e guardou os mandamentos que o Senhor ordenara a Moisés.”. E o resultado disto não poderia ser outro senão o que se diz no verso 7 do mesmo capitulo de II Rs 18: “Assim o Senhor era com ele; para onde quer que saísse prosperava.”. Comunhão com Deus, poder contar com Suas bênçãos, prosperidade, isto é, poder avançar contando com a boa mão do Senhor sendo-lhe favorável em tudo, dando vitória sobre os inimigos, a mesma prosperidade que Josué havia experimentado no passado e que lhe foi prometida pelo Senhor caso ele andasse nos Seus caminhos não se desviando deles, por um estrito cumprimento dos Seus mandamentos. De outro modo, como a pequena Judá poderia resistir ao poder da Assíria se o Senhor não fosse com eles?
Foi de tal ordem a reforma empreendida por Ezequias que somente ele teve a ousadia que ninguém havia tido antes dele de despedaçar a serpente de bronze que Moisés havia feito no deserto, e que os israelitas haviam transformado em objeto de adoração, porque ele não somente discerniu que aquilo configurava uma idolatria, como também percebeu que não valeria a pena manter aquele objeto como uma relíquia preciosa porque sempre conduziria a uma possível idolatria, e Ezequias estava bem convicto do quanto isto desagradava a Deus.
Aquela serpente foi usada num momento específico para curar os israelitas das feridas das serpentes abrasadoras do deserto, mas muitos israelitas deviam continuar atribuindo ao objeto propriamente dito o poder de curá-los de suas enfermidades, quando que na verdade foi o Senhor e não a serpente de bronze quem havia curado os israelitas no deserto nos dias de Moisés. E esta foi feita a mando de Deus para servir de figura ao modo de salvação, que é por se olhar para Cristo que se fez maldição no nosso lugar, com os olhos da fé.
 Como Samaria havia sido tomada pelos assírios no 6º ano do reinado de Ezequias, pelo rei Salmanasar. Senaqueribe que reinou depois dele sentiu-se incentivado cerca de oito anos depois, isto é no 14º ano do reinado de Ezequias, a invadir Judá, e como ele havia conseguido se apoderar das cidades fortificadas de Judá, Ezequias, por prudência, propôs-lhe ser seu tributário, e o rei da Assíria lhe cobrou 300 talentos de prata e trinta de ouro (II Rs 18.14,15) e Ezequias não sabia que a sua fé viria a ser provada nisto tudo de maneira que o grande nome do Senhor viesse a ser exaltado. O diabo parecia já ter vencido a guerra por esta única batalha, mas esta vantagem inicial somente serviria para trazer maior honra ao Senhor, porque estava comprovado que Judá jamais poderia se livrar do poder da Assíria pela sua própria força.
Ezequias aprenderia que não adianta negociar com o inimigo, não adianta fazer concessões ao diabo para que ele não nos prejudique ainda mais, porque ele sempre desonrará os seus tratos conforme é próprio à sua natureza mentirosa, enganosa, destruidora, e ele sempre desejará muito mais de nós, e foi exatamente isto o que ocorreu com Ezequias porque não honrando o que havia sido negociado, Senaqueribe subiu a Jerusalém com um grande exército e enviou três dos seus principais generais para afrontar o exército de Judá e o Deus de Israel.
Naquela ocasião o Egito devia estar tentando efetuar uma aliança com outras nações para poder fazer frente ao poder da Assíria, e esta foi uma das razões apresentadas por Senaqueribe através de seus três generais para ter se antecipado invadindo Judá, sob a alegação de que seria vão os israelitas esperarem receber auxílio do Egito em carros e cavaleiros, e ainda que a própria Assíria desse 2.000 cavalos a Judá, Ezequias não teria cavaleiros suficientes para colocar sobre eles. Então ele concluiu com o seguinte argumento: De que valeria confiarem no Egito? De que adiantaria adorarem ao Deus cujo altar havia sido restaurado pelo rei de Judá no templo de Jerusalém?
E então os três generais mensageiros de Senaqueribe mentiram aos judeus dizendo que foi o próprio Senhor que lhes havia ordenado subir contra Judá para destruí-la. Eles não disseram isto sequer por confiarem no Senhor e temê-lo, mas simplesmente para intimidar os judeus e queriam dizer que o próprio Deus de Israel estava ao lado dos assírios juntamente com os demais deuses deles.
Percebendo qual era o intento deles, a embaixada que Ezequias enviou aos generais assírios pediu-lhes que não lhes falasse em aramaico e não em hebraico, de modo que os judeus que estavam ao redor não compreendessem o que eles estavam dizendo, para que suas mãos não ficassem frouxas para a guerra.
E tendo percebido isto, Rabsaqué, que falava pelo rei da Assíria, liderando o grupo de três generais, começou a afrontar diretamente todos os judeus, dizendo que era exatamente este o propósito da sua mensagem, e por isso lhes estava falando na própria língua deles de forma que entendessem quais eram as intenções da Assíria em relação a eles, que era a de conduzi-los em cativeiro sem que eles lhes opusessem qualquer resistência. E eles passaram a afrontar os deuses das demais nações e o próprio Deus de Israel, dizendo que nenhum deles puderam livrar os seus povos das mãos da Assíria.
E estas palavras foram bastante perturbadoras a ponto de fazer com que os homens que Ezequias havia enviado a ter com os assírios retornassem a ele com suas vestes rasgadas e lhe contaram tudo o que Rabsaqué lhes havia dito.    
Qual foi a razão de tanta fúria do diabo? A resposta está no texto paralelo de II Crônicas 29 no qual nós vemos que o povo estava sendo reconduzido ao Senhor por Ezequias e tornaram a adorá-lo de acordo com as prescrições da Lei de Moisés. E Ezequias havia feito uma restauração do ofício dos sacerdotes e dos levitas que louvavam e ofereciam sacrifícios a Deus. Tudo o que o diabo havia conseguido fazer através de Acaz, Deus havia desfeito através de Ezequias, e esta era a razão do Inimigo estar se levantando tão furiosamente contra tudo isto tentando intimidar os judeus para que não prevalecessem naquele caminho, de modo que viessem de fato a servir ao Senhor de coração.

Ezequias estava servindo fielmente a Deus e ainda assim estava enfrentando dificuldades. Disto aprendemos a lição que crentes fiéis não serão livrados de terem dificuldades neste mundo, especialmente aquelas que são destinadas a por à prova a sua fé, mas nunca deixarão de contar como favor e o socorro de Deus, tal como sucedeu com Ezequias.  

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