JEREMIAS
36
“1
Sucedeu pois no ano quarto de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, que da
parte do Senhor veio esta palavra a Jeremias, dizendo:
2 Toma
o rolo dum livro, e escreve nele todas as palavras que te hei falado contra
Israel, contra Judá e contra todas as nações, desde o dia em que eu te falei,
desde os dias de Josias até o dia de hoje.
3
Ouvirão talvez os da casa de Judá todo o mal que eu intento fazer-lhes; para
que cada qual se converta do seu mau caminho, a fim de que eu perdoe a sua iniquidade
e o seu pecado.
4 Então
Jeremias chamou a Baruque, filho de Nerias; e escreveu Baruque, no rolo dum
livro, enquanto Jeremias lhas ditava, todas as palavras que o Senhor lhe havia
falado.
5 E
Jeremias deu ordem a Baruque, dizendo: Eu estou impedido; não posso entrar na
casa do Senhor.
6 Entra
pois tu e, pelo rolo que escreveste enquanto eu ditava, lê as palavras do
Senhor aos ouvidos do povo, na casa do Senhor, no dia de jejum; e também as lerás
aos ouvidos de todo o Judá que vem das suas cidades.
7 Pode
ser que caia a sua súplica diante do Senhor, e se converta cada um do seu mau
caminho; pois grande é a ira e o furor que o Senhor tem manifestado contra este
povo.
8 E fez
Baruque, filho de Nerias, conforme tudo quanto lhe havia ordenado Jeremias, o
profeta, lendo no livro as palavras do Senhor na casa do Senhor.
9 No
quinto ano de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, no mês nono, todo o povo
em Jerusalém, como também todo o povo que vinha das cidades de Judá a
Jerusalém, apregoaram um jejum diante do Senhor.
10 Leu,
pois, Baruque no livro as palavras de Jeremias, na casa do Senhor, na câmara de
Gemarias, filho de Safã, o escriba, no átrio superior, à entrada da porta nova
da casa do Senhor, aos ouvidos de todo o povo.
11 E,
ouvindo Micaías, filho de Gemarias, filho de Safã, todas as palavras do Senhor,
naquele livro,
12
desceu à casa do rei, à câmara do escriba. E eis que todos os príncipes estavam
ali assentados: Elisama, o escriba, e Delaías, filho de Semaías, e Elnatã,
filho de Acbor, e Gemarias, filho de Safã, e Zedequias, filho de Hananias, e
todos os outros príncipes.
13 E
Micaías anunciou-lhes todas as palavras que ouvira, quando Baruque leu o livro
aos ouvidos do povo.
14
Então todos os príncipes mandaram Jeúdi, filho de Netanias, filho Selemias,
filho de Cuche, a Baruque, para lhe dizer: O rolo que leste aos ouvidos do
povo, toma-o na tua mão, e vem. E Baruque, filho de Nerias, tomou o rolo na sua
mão, e foi ter com eles.
15 E
disseram-lhe: Assenta-te agora, e lê-o aos nossos ouvidos. E Baruque o leu aos
ouvidos deles.
16
Ouvindo eles todas aquelas palavras, voltaram-se temerosos uns para os outros,
e disseram a Baruque: Sem dúvida alguma temos que anunciar ao rei todas estas
palavras.
17 E
disseram a Baruque: Declara-nos agora como escreveste todas estas palavras. Ele
as ditava?
18 E
disse-lhes Baruque: Sim, da sua boca ele me ditava todas estas palavras, e eu
com tinta as escrevia no livro.
19
Então disseram os príncipes a Baruque: Vai, esconde-te tu e Jeremias; e ninguém
saiba onde estais.
20 E
foram ter com o rei ao átrio; mas depositaram o rolo na câmara de Elisama, o
escriba, e anunciaram aos ouvidos do rei todas aquelas palavras.
21
Então enviou o rei a Jeúdi para trazer o rolo; e Jeúdi tomou-o da câmara de
Elisama, o escriba, e o leu aos ouvidos do rei e aos ouvidos de todos os
príncipes que estavam em torno do rei.
22 Ora,
era o nono mês e o rei estava assentado na casa de inverno, e diante dele
estava um braseiro aceso.
23 E
havendo Jeúdi lido três ou quatro colunas, o rei as cortava com o canivete do
escrivão, e as lançava no fogo que havia no braseiro, até que todo o rolo se
consumiu no fogo que estava sobre o braseiro.
24 E
não temeram, nem rasgaram os seus vestidos, nem o rei nem nenhum dos seus
servos que ouviram todas aquelas palavras
25 e,
posto que Elnatã, Delaías e Gemarias tivessem insistido com o rei que não
queimasse o rolo, contudo ele não lhes deu ouvidos.
26
Antes deu ordem o rei a Jerameel, filho do rei, e a Seraías, filho de Azriel, e
a Selemias, filho de Abdeel, que prendessem a Baruque, o escrivão, e a
Jeremias, o profeta; mas o Senhor os escondera.
27
Depois que o rei queimara o rolo com as palavras que Baruque escrevera da boca
de Jeremias, veio a Jeremias a palavra do Senhor, dizendo:
28 Toma
ainda outro rolo, e escreve nele todas aquelas palavras que estavam no primeiro
rolo, que Jeoaquim, rei de Judá, queimou.
29 E a Jeoaquim,
rei de Judá, dirás: Assim diz o Senhor: Tu queimaste este rolo, dizendo: Por
que escreveste nele anunciando: Certamente virá o rei da Babilônia, e destruirá
esta terra e fará cessar nela homens e animais?
30
Portanto assim diz o Senhor acerca de Jeoaquim, rei de Judá: Não terá quem se
assente sobre o trono de Davi, e será lançado o seu cadáver ao calor de dia, e
à geada de noite.
31 E
castiga-lo-ei a ele, e a sua descendência e os seus servos, por causa da sua
iniquidade; e trarei sobre ele e sobre os moradores de Jerusalém, e sobre os
homens de Judá, todo o mal que tenho pronunciado contra eles, e que não
ouviram.
32
Tomou, pois, Jeremias outro rolo, e o deu a Baruque, filho de Nerias, o
escrivão, o qual escreveu nele, enquanto Jeremias ditava, todas as palavras do
livro que Jeoaquim, rei de Judá, tinha queimado no fogo; e ainda se lhes acrescentaram
muitas palavras semelhantes.”
Baruque
era o amanuense de Jeremias, ou seja, quem escrevia no rolo todas as profecias
que lhes eram dadas pelo Senhor.
A
pedido do Senhor a Jeremias, Baruque leu no templo de Jerusalém, na presença
dos escribas que ali trabalhavam, bem como de todos que ali se encontravam,
todas as profecias que Jeremias havia recebido desde os dias do rei Josias, e
que Baruque havia escrito no rolo, que lera na presença dos judeus que iam ao
templo, porque o Senhor tinha em vista produzir arrependimento neles, para que
fossem poupados dos juízos que estavam sendo pronunciados por ele, e que se
encontravam registrados no rolo que fora redigido por Baruque.
Os
escribas temeram em princípio ao ouvirem aquelas palavras e pediram a Baruque
que lhes entregasse o rolo e que procurasse um abrigo juntamente com Jeremias
para estarem em segurança, porque não sabiam qual seria a reação do rei e dos
príncipes contra eles, ao ouvirem tais palavras.
Quando
o rolo foi entregue na mão do rei, ele se indignou antes mesmo de ter
completado a leitura da sua terceira coluna, e não somente o cortou como o
lançou num braseiro para ser queimado, não atendendo ao pedido de alguns dos
seus servos, que insistiram com ele para que não o fizesse.
Isto me
traz à mente e ao coração o pensamento que não poucos ministros do evangelho e
outros servos do Senhor, têm em relação à Palavra do Senhor a mesma atitude do
rei Jeoaquim. Eles não a temem. Eles a desprezam. Eles não levam em conta os
juízos ali pronunciados contra o pecado e não se arrependem de suas más obras.
E o pior de tudo, eles fazem como fizera o rei, porque ainda que sejam
admoestados por servos mais prudentes do que eles, não somente desconsideram
suas repreensões, como dão um passo mais além, cortando a Palavra do Senhor de
suas vidas, e a consideram como algo desprezível próprio para ser destruído
pelo fogo.
Todavia,
como é possível acabar com uma Palavra que jamais passará, mesmo quando
passarem os céus e a terra? Eles a desprezam e a desconsideram para a própria
ruína deles, porque em vez de se fazer favorável àqueles que havia ordenado a
leitura da Sua Palavra, o Senhor erigiu um tribunal para condená-los, porque
desprezar a Sua Palavra é o mesmo que desprezá-lo. Eles não se arrependeram, e portanto,
o Senhor não se arrependeria de trazer sobre eles todo o mal que havia
profetizado.
Como a
Palavra do Senhor não pode ser destruída, foi dado ordem a Baruque que
reescrevesse noutro rolo, tudo o que havia escrito no que fora queimado.
E
quanto ao rei Jeoaquim, não lhe seria permitido ter um descendente que se
assentasse no trono de Judá, e seria morto pelos babilônios e o seu cadáver
ficaria exposto na rua, sem receber a honra de um funeral digno, e assim ele
seria castigado, e não somente ele como a sua descendência e os seus servos por
causa da sua iniquidade, que havia culminado com esta última gota que havia
completado a medida da sua iniquidade, a saber, a do sacrilégio que ele havia
praticado.
JEREMIAS
37
“1 E
Zedequias, filho de Josias, a quem Nabucodonosor, rei de Babilônia, constituiu
rei na terra de Judá, reinou em lugar de Conias, filho de Jeoaquim.
2 Mas
nem ele, nem os seus servos, nem o povo da terra escutaram as palavras do
Senhor que este falou por intermédio de Jeremias o profeta.
3
Contudo mandou o rei Zedequias a Jeucal filho de Selemias, e a Sofonias, filho
de Maaseias, o sacerdote, ao profeta Jeremias, para lhe dizerem: Roga agora por
nós ao Senhor nosso Deus,
4 Ora,
Jeremias entrava e saía entre o povo; pois ainda não o tinham encerrado na
prisão.
5 E o
exército de Faraó saíra do Egito; quando, pois, os caldeus que estavam sitiando
Jerusalém, ouviram esta notícia, retiraram-se de Jerusalém.
6 Então
veio a Jeremias, o profeta, a palavra do Senhor, dizendo:
7 Assim
diz o Senhor, Deus de Israel: Assim direis ao rei de Judá, que vos enviou a
mim, para me consultar: Eis que o exército de Faraó, que saiu em vosso socorro,
voltará para a sua terra no Egito.
8 E
voltarão os caldeus, e pelejarão contra esta cidade, e a tomarão, e a queimarão
a fogo.
9 Assim
diz o Senhor: Não vos enganeis a vós mesmos, dizendo: Sem dúvida os caldeus se
retirarão de nós; pois não se retirarão.
10
Porque ainda que derrotásseis a todo o exército dos caldeus que peleja contra
vós, e entre eles só ficassem homens feridos, contudo se levantariam, cada um
na sua tenda, e queimariam a fogo esta cidade.
11 Ora,
quando se retirou de Jerusalém o exército dos caldeus, por causa do exército de
faraó,
12 saiu
Jeremias de Jerusalém, a fim de ir à terra de Benjamim, para receber ali a sua
parte no meio do povo.
13 E
quando ele estava à porta de Benjamim, achava-se ali um capitão da guarda, cujo
nome era Jurias, filho de Selemias, filho de Hananias, o qual prendeu a
Jeremias, o profeta, dizendo: Tu estás desertando para os caldeus.
14 E
Jeremias disse: Isso é falso, não estou desertando para os caldeus. Mas ele não
lhe deu ouvidos, de modo que prendeu a Jeremias e o levou aos príncipes.
15 E os
príncipes ficaram muito irados contra Jeremias, de sorte que o açoitaram e o
meteram no cárcere, na casa de Jônatas, o escrivão, porquanto a tinham
transformado em cárcere.
16
Tendo Jeremias entrado nas celas do calabouço, e havendo ficado ali muitos
dias,
17 o
rei Zedequias mandou soltá-lo e lhe perguntou em sua casa, em segredo: Há
alguma palavra da parte do Senhor? Respondeu Jeremias: Há. E acrescentou: Na
mão do rei de Babilônia serás entregue.
18
Disse mais Jeremias ao rei Zedequias: Em que tenho pecado contra ti, e contra
os teus servos, e contra este povo, para que me pusésseis na prisão?
19 Onde
estão agora os vossos profetas que vos profetizavam, dizendo: O rei de
Babilônia não virá contra vós nem contra esta terra?
20 Ora,
pois, ouve agora, ó rei, meu senhor: seja aceita agora a minha súplica diante
de ti; não me faças tornar à casa de Jônatas, o escriba, para que eu não venha
a morrer ali.
21
Então ordenou o rei Zedequias que pusessem a Jeremias no átrio da guarda; e
deram-lhe um bolo de pão cada dia, da rua dos padeiros, até que se gastou todo
o pão da cidade. Assim ficou Jeremias no átrio da guarda.”
Este
capitulo retoma a narrativa do capitulo 34, no qual nós vimos que os babilônios
estavam retrocedendo do cerco à cidade de Jerusalém, e neste presente capitulo
nós vemos o motivo disto: os egípcios, possivelmente por terem recebido um
pedido de socorro de Zedequias para livrá-los do cerco dos babilônios, à custa
de lhes dar grandes riquezas, estavam subindo na direção de Jerusalém.
Como
Jeremias pretendia se dirigir à sua terra na tribo de Benjamin, quando estava
para deixar a cidade de Jerusalém, um capitão da guarda o prendeu sob a falsa
acusação que estava desertando para o lado dos babilônios, e levou o profeta à
presença dos príncipes, e estes ficaram muito irados contra Jeremias e o
açoitaram e prenderam na casa do escrivão chamado Jônatas, que eles tinham
transformado em prisão, e Jeremias ficou por muitos dias encerrado num
calabouço.
Empolgado
com a notícia de que os babilônios estavam se retirando o rei Zedequias mandou
chamar a Jeremias para lhe perguntar em segredo se havia alguma palavra da
parte do Senhor confirmando a derrota dos babilônios para os egípcios.
Todavia,
para sua decepção, o profeta lhe disse que ele seria entregue na mão do rei de
Babilônia, e protestou contra a sua prisão injusta por parte do rei e dos seus
servos, e lhe pediu que não o fizesse retornar à prisão na casa de Jônatas
porque viria a morrer ali, de modo que Zedequias ordenou que o pusessem no
átrio da guarda e que lhe dessem um bolo de pão diariamente, mas chegou o dia
em que já não havia mais pão na cidade por causa do cerco dos babilônios. Mas
Jeremias permaneceu preso no átrio da guarda, por ordem do rei.
E o
Senhor fizera com que os egípcios retornassem para a sua terra, de modo que os
babilônios voltaram a apertar o sítio que vinham fazendo contra Jerusalém.
JEREMIAS
38
“1
Ouviram, pois, Sefatias, filho de Matã, e Gedalias, filho de Pasur, e Jeucal,
filho de Selemias, e Pasur, filho de Malquias, as palavras que anunciava
Jeremias a todo o povo, dizendo:
2 Assim
diz o Senhor: O que ficar nesta cidade morrerá à espada, de fome e de peste;
mas o que sair para os caldeus viverá; pois a sua vida lhe será por despojo, e
vivera.
3 Assim
diz o Senhor: Esta cidade infalivelmente será entregue na mão do exército do
rei de Babilônia, e ele a tomará.
4 E
disseram os príncipes ao rei: Morra este homem, visto que ele assim enfraquece
as mãos dos homens de guerra que restam nesta cidade, e as mãos de todo o povo,
dizendo-lhes tais palavras; porque este homem não busca a paz para este povo,
porem o seu mal.
5 E
disse o rei Zedequias: Eis que ele está na vossa mão; porque não é o rei que
possa coisa alguma contra vós.
6 Então
tomaram a Jeremias, e o lançaram na cisterna de Malquias, filho do rei, que
estava no átrio da guarda; e desceram Jeremias com cordas; mas na cisterna não
havia água, senão lama, e atolou-se Jeremias na lama.
7
Quando Ebede-Meleque, o etíope, um eunuco que então estava na casa do rei,
ouviu que tinham metido Jeremias na cisterna, o rei estava assentado à porta de
Benjamim.
8 Saiu,
pois, Ebede-Meleque da casa do rei, e falou ao rei, dizendo:
9 ó
rei, senhor meu, estes homens fizeram mal em tudo quanto fizeram a Jeremias, o
profeta, lançando-o na cisterna; de certo morrerá no lugar onde se acha, por
causa da fome, pois não há mais pão na cidade.
10 Deu
ordem, então, o rei a Ebede-Meleque, o etíope, dizendo: Toma contigo daqui três
homens, e tira Jeremias, o profeta, da cisterna, antes que morra.
11
Assim Ebede-Meleque tomou consigo os homens, e entrou na casa do rei, debaixo
da tesouraria, e tomou dali uns trapos velhos e rotos, e roupas velhas, e
desceu-os a Jeremias na cisterna por meio de cordas.
12 E
disse Ebede-Meleque, o etíope, a Jeremias: Põe agora estes trapos velhos e
rotos, debaixo dos teus sovacos, entre os braços e as cordas. E Jeremias assim
o fez.
13 E
tiraram Jeremias com as cordas, e o alçaram da cisterna; e ficou Jeremias no
átrio da guarda.
14
Então mandou o rei Zedequias e fez vir à sua presença Jeremias, o profeta, à
terceira entrada do templo do Senhor; e disse o rei a Jeremias: Vou
perguntar-te uma coisa; não me encubras nada.
15 E
disse Jeremias a Zedequias: Se eu te declarar, acaso não me matarás? E se eu te
aconselhar, não me ouvirás.
16
Então jurou o rei Zedequias a Jeremias, em segredo, dizendo: Vive o Senhor, que
nos fez esta alma, que não te matarei nem te entregarei na mão destes homens
que procuram a tua morte.
17
Então Jeremias disse a Zedequias: Assim diz o Senhor, Deus dos exércitos, Deus
de Israel: Se te renderes aos príncipes do rei de Babilônia, será poupada a tua
vida, e esta cidade não se queimará a fogo, e viverás tu e a tua casa.
18 Mas,
se não saíres aos príncipes do rei de Babilônia, então será entregue esta
cidade na mão dos caldeus, e eles a queimarão a fogo, e tu não escaparás da sua
mão.
19 E
disse o rei Zedequias a Jeremias: Receio-me dos judeus que se passaram para os
caldeus, que seja entregue na mão deles, e escarneçam de mim.
20
Jeremias, porém, disse: Não te entregarão. Ouve, peço-te, a voz do Senhor,
conforme a qual eu te falo; e bem te irá, e poupar-se-á a tua vida.
21 Mas,
se tu recusares sair, esta é a palavra que me mostrou o Senhor:
22 Eis
que todas as mulheres que ficaram na casa do rei de Judá serão levadas aos
príncipes do rei de Babilônia, e elas mesmas dirão: Os teus pacificadores te
incitaram e prevaleceram contra ti; e agora que se atolaram os teus pés na
lama, voltaram atrás.
23
Todas as tuas mulheres e os teus filhos serão levados para fora aos caldeus; e
tu não escaparás da sua mão, mas pela mão do rei de Babilônia serás preso, e
esta cidade será queimada a fogo.
24
Então disse Zedequias a Jeremias: Ninguém saiba estas palavras, e não morrerás.
25 Se
os príncipes ouvirem que falei contigo, e vierem ter contigo e te disserem:
Declara-nos agora o que disseste ao rei e o que o rei te disse; não no-lo
encubras, e não te mataremos;
26
então lhes dirás: Eu lancei a minha súplica diante do rei, que não me fizesse
tornar à casa de Jônatas, para morrer ali.
27
Então vieram todos os príncipes a Jeremias, e o interrogaram; e ele lhes
respondeu conforme todas as palavras que o rei lhe havia ordenado; assim
cessaram de falar com ele, pois a coisa não foi percebida.
28 E
ficou Jeremias no átrio da guarda, até o dia em que Jerusalém foi tomada.”
Jeremias
estava preso no átrio da guarda mas não deixou de proclamar as palavras do
Senhor contra Jerusalém.
Isto
fez com que os principais sacerdotes ficassem irados com ele, e se dirigiram ao
rei pedindo que o matassem, e o rei covardemente, disse que não era da sua
alçada tal decisão, senão dos próprios sacerdotes, porque segundo ele o assunto
era de interesse religioso.
Então
eles pegaram o profeta e o colocaram num poço em cujo fundo não havia água
senão somente lama, na qual o profeta ficou atolado e sem comida e água para beber,
de modo que deviam pensar com isto justificar uma possível morte acidental,
porque diriam ao povo que Jeremias havia caído no poço, e que ali viera a
morrer, e com isso, deveriam pensar também, que não seriam culpados do sangue
de Jeremias diante de Deus, porque afinal, não tiraram diretamente a sua vida,
mas o deixaram numa condição na qual certamente viria a morrer.
A que
ponto chega o endurecimento e a perversidade do coração do homem.
E para
vergonha dos judeus, e confirmar a impiedade deles, não foi nenhum judeu que
intercedeu em favor de Jeremias junto ao rei, para que não morresse, mas um
etíope de nome Ebede-Meleque.
A seu
pedido, o rei consentiu em tirar Jeremias do poço, mas o manteve preso no átrio
da guarda.
O
orgulhoso rei Zedequias, que estava endurecido tal qual faraó no passado, e que
se recusava a se render a Nabucodonosor, para poupar não somente a si mesmo
como todo o povo do sofrimento que estavam enfrentando por causa do sítio dos
babilônios, fez com que Jeremias viesse à sua presença, à terceira entrada do
templo, porque temia ser visto pelos seus servos, e lhe disse que desejava
fazer-lhe uma pergunta e que não deixasse de lhe dizer a verdade.
Como o
Senhor sabia o que estava no pensamento do rei, e o revelou ao Seu profeta, Jeremias
lhe disse que temia passar-lhe a revelação porque ele o mataria, e caso o
aconselhasse, sabia que ele não o ouviria.
Então o
rei jurou a Jeremias em segredo que não o mataria e nem o entregaria na mão dos
príncipes para ser morto.
Jeremias
falou então ao rei, as seguintes palavras:
“17
Então Jeremias disse a Zedequias: Assim diz o Senhor, Deus dos exércitos, Deus
de Israel: Se te renderes aos príncipes do rei de Babilônia, será poupada a tua
vida, e esta cidade não se queimará a fogo, e viverás tu e a tua casa.
18 Mas,
se não saíres aos príncipes do rei de Babilônia, então será entregue esta
cidade na mão dos caldeus, e eles a queimarão a fogo, e tu não escaparás da sua
mão.”
Apesar
de ter percebido que a palavra que Jeremias lhe dera era a verdade, Zedequias,
que não era um homem de fé, mas um ímpio, não poderia confiar que seria poupado
por Deus, e nem pelos homens, porque julgava que os judeus que haviam passado
para o lado dos babilônios aproveitariam a oportunidade para se vingarem dele.
Nem
mesmo sob a palavra afiançada pelo profeta de que eles não lançariam mão dele,
o rei confiou que sua vida seria poupada bem como a cidade, caso eles se
rendessem, porque não tinha fé que grande é a misericórdia de Deus, apesar de
que eles merecessem somente a destruição por toda a maldade que haviam
praticado.
E
Jeremias ainda acrescentou quais seriam as consequências de o rei não dar
ouvido ao que lhe havia falado da parte do Senhor, conforme estão descritas nos
versos 22 e 23:
“22 Eis
que todas as mulheres que ficaram na casa do rei de Judá serão levadas aos
príncipes do rei de Babilônia, e elas mesmas dirão: Os teus pacificadores te
incitaram e prevaleceram contra ti; e agora que se atolaram os teus pés na
lama, voltaram atrás.
23
Todas as tuas mulheres e os teus filhos serão levados para fora aos caldeus; e
tu não escaparás da sua mão, mas pela mão do rei de Babilônia serás preso, e
esta cidade será queimada a fogo.”
Como
Zedequias não se disporia a se render, então pediu a Jeremias que não dissesse
aos principais sacerdotes as terríveis consequências que viriam sobre eles, de
modo que não intentassem contra a vida do profeta.
Zedequias
não fizera tal pedido a Jeremias por motivo de piedade ou por ter misericórdia
do profeta, mas porque não queria que soubessem que quando o mal lhes
sobreviesse, que ele, o rei, poderia ter evitado tudo aquilo, caso se rendesse
aos babilônios, coisa que ele estava determinado a não fazer de modo
algum.
Então
quando os príncipes vieram ter com Jeremias ele lhes encobriu o que havia
conversado com o rei, e lhes disse que havia suplicado ao rei que não o
lançasse na prisão da casa de Jônatas para que ali não morresse, conforme o
próprio rei havia aconselhado ao profeta
que o fizesse.
JEREMIAS
39
“1 No
ano nono de Zedequias, rei de Judá, no décimo mês, veio Nabucodonosor, rei de
Babilônia, e todo o seu exército contra Jerusalém, e a cercaram.
2 No
ano undécimo de Zedequias, no quarto mês, aos nove do mês, fez-se uma brecha na
cidade.
3 E
entraram todos os príncipes do rei de Babilônia, e sentaram-se na porta do
meio, os quais eram Nergal-Sarezer, Sangar-Nebo, Sarsequim, Rabe-Sáris Nergal
Sarezer, Rabe-Maque, juntamente, com todo o resto dos príncipes do rei de
Babilônia
4 E
sucedeu que, vendo-os Zedequias, rei de Judá, e todos os homens de guerra,
fugiram, saindo da cidade de noite pelo caminho do jardim do rei, pela porta
entre os dois muros; e seguiram pelo caminho da Arabá.
5 Mas o
exército dos caldeus os perseguiu; e eles alcançaram a Zedequias nas campinas
de Jericó; e, prendendo-o, levaram-no a Nabucodonosor rei de Babilônia, a
Ribla, na terra de Hamate; e o rei o sentenciou.
6 E o
rei de Babilônia matou os filhos de Zedequias em Ribla, à sua vista; também
matou o rei de Babilônia a todos os nobres de Judá.
7 Cegou
os olhos a Zedequias, e o atou com cadeias de bronze, para levá-lo a Babilônia.
8 Os
caldeus incendiaram a casa do rei e as casas do povo, e derribaram os muros de
Jerusalém.
9
Então, ao resto do povo, que ficara na cidade, aos desertores que se tinham
passado para ele e ao resto do povo que havia ficado, levou-os Nebuzaradão,
capitão da guarda, para Babilônia.
10 Mas
aos pobres dentre o povo, que não tinham nada, Nebuzaradão, capitão da guarda,
deixou-os ficar na terra de Judá; e ao mesmo tempo lhes deu vinhas e campos.
11 Ora
Nabucodonosor, rei de Babilônia, havia ordenado acerca de Jeremias, a
Nebuzaradão, capitão dos da guarda, dizendo:
12
Toma-o, e trata-o bem, e não lhe faças mal algum; mas como ele te disser, assim
procederás para com ele.
13 Pelo
que Nebuzaradão, capitão da guarda, Nebusazbã, Rabe-Sáris, Nergal-Sarezer,
Rabe-Maeue, e todos os príncipes do rei de Babilônia
14
mandaram retirar Jeremias do átrio da guarda, e o entregaram a Gedalias, filho
de Aicão, filho de Safã, para que o levasse para casa; assim ele habitou entre
o povo.
15 Ora,
a palavra do Senhor viera a Jeremias, estando ele ainda encarcerado no átrio da
guarda, dizendo:
16 Vai,
e fala a Ebede-Meleque, o etíope, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos,
Deus de Israel: Eis que eu cumprirei as minhas palavras sobre esta cidade para
mal e não para bem; e se cumprirão diante de ti naquele dia.
17 A
ti, porém, eu livrarei naquele dia, diz o Senhor, e não serás entregue na mão
dos homens a quem temes.
18 Pois
certamente te salvarei, e não cairás à espada, mas a tua vida terás por
despojo, porquanto confiaste em mim, diz o Senhor.”
Este
capítulo nos dá conta que depois de dezoito meses de sítio, Jerusalém caiu
finalmente no domínio dos babilônios.
Somente
as pessoas muito pobres que nada possuíam foram deixadas em Judá, que receberam
de Babilônia vinhas e campos, sendo todos os demais levados em cativeiro.
O rei
Zedequias e todos os seus guerreiros
tentaram fugir à noite, quando os babilônios tomaram Jerusalém, mas
foram alcançados pelo exército babilônico nas campinas de Jericó, e levaram
Zedequias à presença de Nabucodonosor, que se encontrava na terra de Hamate,
tendo o rei de Babilônia matado os filhos de Zedequias à sua vista, e todos os
nobres de Judá, e também cegou os olhos de Zedequias, e o conduziu como um
troféu da sua conquista, para Babilônia, atando-o em cadeias de bronze.
O
palácio de Zedequias foi incendiado pelos babilônios, bem como as residências
de Jerusalém, e derrubaram os muros da cidade, que Neemias reconstruiria cerca
de cem anos depois.
O
próprio rei Nabucodonosor deu ordens a respeito de Jeremias, para que fosse
livrado da prisão do pátio da guarda, na qual fora colocado por Zedequias, e
que o tratassem com humanidade, e que lhe fizessem conforme tudo o que fosse do
seu desejo.
Inicialmente,
Jeremias foi deixado aos cuidados de Gedalias, um dos opositores de Zedequias,
que havia se juntado a Babilônia, e que
agora estava sendo colocado pelo rei Nabucodonosor como governador do que
restara em Judá.
Quando
Jeremias ainda se encontrava preso no átrio da guarda, o Senhor lhe dera uma
boa palavra relativa a Ebede-Meleque, o etíope que havia enfrentado os
príncipes e o rei, para apelar em favor de Jeremias quando havia sido colocado
num poço para ser morto.
Deus
lhe confortou dizendo que não temesse o que ainda viria suceder a Jerusalém, e
que estava ocorrendo agora, porque não o entregaria na mão dos babilônios,
porque o Senhor o salvaria, e não morreria à espada, porque havia confiado
nEle, quando expôs sua vida a risco de morte para defender o profeta
Jeremias.
Todos
os que lutam pela causa da justiça haverão de ser poupados da morte eterna, e
serão protegidos pelo Senhor, enquanto viverem neste mundo, e nada lhes
sucederá sem a Sua permissão, porque se agrada dos justos, e os Seus olhos
estão sobre eles para lhes fazer o bem.
JEREMIAS
40
“1 A
palavra que veio a Jeremias da parte do Senhor, depois que Nebuzaradão, capitão
da guarda, o deixara ir de Ramá, quando o havia tomado, estando ele atado com
cadeias no meio de todos os do cativeiro de Jerusalém e de Judá, que estavam
sendo levados cativos para Babilônia.
2 Ora o
capitão da guarda levou Jeremias, e lhe disse: O Senhor teu Deus pronunciou
este mal contra este lugar;
3 e o
Senhor o trouxe, e fez como havia dito; porque pecastes contra o Senhor, e não
obedecestes à sua voz, portanto vos sucedeu tudo isto.
4 Agora
pois, eis que te solto hoje das cadeias que estão sobre as tuas mãos. Se te
apraz vir comigo para Babilônia, vem, e eu velarei por ti; mas, se não te apraz
vir comigo para Babilônia, deixa de vir. Olha, toda a terra está diante de ti;
para onde te parecer bem e conveniente ir, para ali vai.
5 Se
assim quiseres, volta a Gedalias, filho de Aicão filho de Safã e a quem o rei
de Babilônia constituiu governador das cidades de Judá, e habita com ele no
meio do povo; ou vai para qualquer outra parte que te aprouver ir. E deu-lhe o
capitão da guarda sustento para o caminho, e um presente, e o deixou ir.
6 Assim
veio Jeremias a Gedalias, filho de Aicão, a Mizpá, e habitou com ele no meio do
povo que havia ficado na terra.
7
Ouvindo pois todos os chefes das forças que estavam no campo, eles e os seus
homens, que o rei de Babilônia havia constituído a Gedalias, filho de Aicão,
governador da terra, e que lhe havia confiado homens, mulheres e crianças, os
mais pobres da terra, que não foram levados cativos para Babilônia,
8
vieram ter com Gedalias, a Mizpá; e eram: Ismael, filho de Netanias, e Joanã e
Jônatas, filhos de Careá, e Seraías, filho de Tanumete, e os filhos de Efai, o
netofatita, e Jezanias, filho do maacatita, eles e os seus homens.
9 E
jurou Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã, eles e pôs seus homens, dizendo:
Não temais servir aos caldeus; habitai na terra, e servi o rei de Babilônia, e
bem vos irá.
10
Quanto a mim, eis que habito em Mizpá, para vos representar diante dos caldeus
que vierem a nós; vós, porém, colhei o vinho e os frutos de verão, e o azeite,
e metei-os nos vossos vasos, e habitai nas vossas cidades, que tomastes.
11 Do
mesmo modo, quando todos os judeus que estavam em Moabe, e entre os filhos de
Amom, e em Edom, e os que havia em todos os países, ouviram que o rei de
Babilônia havia deixado um resto em Judá, e que havia posto sobre eles a
Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã;
12
voltaram, então, todos os judeus de todos os lugares para onde foram arrojados,
e vieram para a terra de Judá, a Gedalias, a Mizpá, e colheram vinho e frutos
do verão com muita abundância.
13
Joanã, filho de Careá, e todos os chefes das forças que estavam no campo vieram
ter com Gedalias, a Mizpá,
14 e
disseram-lhe: Sabes que Baalis, rei dos filhos de Amom, enviou a Ismael, filho
de Netanias, para te tirar a vida? Mas não lhes deu crédito Gedalias, filho de
Aicão.
15
Todavia Joanã, filho de Careá, falou a Gedalias em segredo, em Mizpá, dizendo:
Deixa, peço-te, que eu vá e mate a Ismael, filho de Netanias, sem que ninguém o
saiba. Por que razão te tiraria ele a vida, de modo que fossem dispersos todos
os judeus que se têm congregado a ti, e perecesse o resto de Judá?
16 Mas
disse Gedalias, filho de Aicão, a Joanã, filho de Careá: Não faças tal coisa;
pois falas falsamente contra Ismael.”
Nós
comentaremos este capítulo em conexão com o capítulo seguinte, porque consiste
na continuação da narrativa deste.
JEREMIAS
41
“1
Sucedeu, porém, no mês sétimo, que veio Ismael, filho de Netanias, filho de
Elisama, de sangue real, e um dos nobres do rei, e dez homens com ele, a
Gedalias, filho de Aicão, a Mizpá; e eles comeram pão juntos ali em Mizpá.
2 E
levantou-se Ismael, filho de Netanias, com os dez homens que estavam com ele, e
feriram a Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã, à espada, matando assim
aquele que o rei de Babilônia havia posto por governador sobre a terra.
3 Matou
também Ismael a todos os judeus que estavam com Gedalias, em Mizpá, como também
aos soldados caldeus que se achavam ali.
4
Sucedeu pois no dia seguinte, depois que ele matara a Gedalias, sem ninguém o
saber,
5 que
vieram de Siquém, de Siló e de Samaria, oitenta homens, com a barba rapada, e
os vestidos rasgados e tendo as carnes retalhadas, trazendo nas mãos ofertas de
cereais e incenso, para os levarem à casa do Senhor.
6 E,
saindo-lhes ao encontro Ismael, filho de Netanias, desde Mizpá, ia chorando; e
sucedeu que, encontrando-os, lhes disse: Vinde a Gedalias, filho de Aicão.
7
Chegando eles, porém, até o meio da cidade, Ismael, filho de Netanias, e os
homens que estavam com ele mataram-nos e os lançaram num poço.
8 Mas
entre eles se acharam dez homens que disseram a Ismael: Não nos mates a nós,
porque temos escondidos no campo depósitos de trigo, cevada, azeite e mel. E
ele por isso os deixou, e não os matou entre seus irmãos.
9 E o
poço em que Ismael lançou todos os cadáveres dos homens que matara por causa de
Gedalias é o mesmo que fez o rei Asa, por causa de Baasa, rei de Israel; foi
esse mesmo que Ismael, filho de Netanias, encheu de mortos.
10 E
Ismael levou cativo a todo o resto do povo que estava em Mizpá: as filhas do
rei, e todo o povo que ficara em Mizpá, que Nebuzaradão, capitão da guarda,
havia confiado a Gedalias, filho de Aicão; e levou-os cativos Ismael, filho de
Netanias, e se foi para passar aos filhos de Amom.
11
Ouvindo, porém, Joanã, filho de Careá, e todos os chefes das forças que estavam
com ele, todo o mal que havia feito Ismael, filho de Netanias,
12
tomaram todos os seus homens e foram pelejar contra Ismael, filho de Netanias;
e o acharam ao pé das grandes águas que há em Gibeão.
13 E
todo o povo que estava com Ismael se alegrou quando viu a Joanã, filho de Careá,
e a todos os chefes das forças, que vinham com ele.
14 E
todo o povo que Ismael levara cativo de Mizpá virou as costas, e voltou, e foi
para Joanã, filho de Careá.
15 Mas
Ismael, filho de Netanias, com oito homens, escapou de Joanã e se foi para os
filhos de Amom.
16
Então Joanã, filho de Careá, e todos os chefes das forças que estavam com ele,
tomaram a todo o resto do povo que Ismael, filho de Netanias, tinha levado
cativo de Mizpá, depois que matara Gedalias, filho de Aicão, a saber, aos
soldados, as mulheres, aos meninos e aos eunucos, que Joanã havia recobrado de
Gibeão,
17 e
partiram, indo habitar em Gerute-Quimã, que está perto de Belém, para dali
entrarem no Egito,
18 por
causa dos caldeus; pois os temiam, por ter Ismael, filho de Netanias, matado a
Gedalias, filho de Aicão, a quem o rei de Babilônia tinha posto por governador
sobre a terra.”
Nós
vemos neste e no capitulo anterior, os amonitas buscando mais uma vez o mal
para os judeus, porque o rei de Amon, preparou uma insurreição contra Babilônia,
comissionando a um certo Ismael, para matar a Gedalias, a quem o rei de
Babilônia havia nomeado governador sobre os pobres que haviam sido deixados em
Judá.
Além de
matar Gedalias, Ismael matou a guarnição de babilônios que havia sido deixada
em Judá, como também oitenta homens que viam pagar seus votos no que havia
sobrado do templo em Jerusalém, tendo deixado escapar apenas a dez deles,
porque lhe disseram que sabiam onde havia uma reserva de comida escondida.
Muita
gente havia se juntado a Gedalias, sendo na maior parte judeus que haviam
fugido para várias partes fora de Judá, por temerem a invasão dos babilônios.
Um
comandante de tropas judaicas, chamado Joanã, veio no encalço de Ismael, e
quando aqueles que haviam sido sequestrados por Ismael viram Joanã se
aproximando deles, abandonaram Ismael e passaram para o lado de Joanã, tendo
apenas oito homens seguido juntamente com Ismael para a terra dos amonitas.
Temendo
o que os babilônios poderiam lhes fazer por causa da morte de Gedalias, ainda que
não tivessem tomado parte em tal insurreição, Joanã estacionou na altura do
caminho para Belém, pensando em buscar refúgio com aqueles que com ele se
encontravam, no Egito.
JEREMIAS
42
“1
Então chegaram todos os chefes das forças, e Joanã, filho de Careá, e Jezanias,
filho de Hosaías, e todo o povo, desde o menor até o maior,
2 e
disseram a Jeremias, o profeta: Seja aceita, pedimos-te, a nossa súplica diante
de ti, e roga ao Senhor teu Deus, por nós e por todo este resto; porque de
muitos restamos somente uns poucos, assim como nos veem os teus olhos;
3 para
que o Senhor teu Deus nos ensine o caminho por onde havemos de andar e aquilo
que havemos de fazer.
4
Respondeu-lhes Jeremias o profeta: Eu vos tenho ouvido; eis que orarei ao
Senhor vosso Deus conforme as vossas palavras; e o que o Senhor vos responder,
eu vo-lo declararei; não vos ocultarei nada.
5 Então
eles disseram a Jeremias: Seja o Senhor entre nós testemunha verdadeira e fiel,
se assim não fizermos conforme toda a palavra com que te enviar a nós o Senhor
teu Deus.
6 Seja
ela boa, ou seja má, à voz do Senhor nosso Deus, a quem te enviamos,
obedeceremos, para que nos suceda bem, obedecendo à voz do Senhor nosso Deus.
7 Ao
fim de dez dias veio a palavra do Senhor a Jeremias.
8 Então
chamou a Joanã, filho de Careá, e a todos os chefes das forças que havia com
ele, e a todo o povo, desde o menor até o maior,
9 e
lhes disse: Assim diz o Senhor, Deus de Israel, a quem me enviastes para
apresentar a vossa súplica diante dele:
10 Se
de boa mente habitardes nesta terra, então vos edificarei, e não vos
derrubarei; e vos plantarei, e não vos arrancarei; porque estou arrependido do
mal que vos tenho feito.
11 Não
temais o rei de Babilônia, a quem vós temeis; não o temais, diz o Senhor; pois
eu sou convosco, para vos salvar e para vos livrar da sua mão.
12 E
vos concederei misericórdia, para que ele tenha misericórdia de vós, e vos faça
habitar na vossa terra.
13 Mas
se vós disserdes: Não habitaremos nesta terra; não obedecendo à voz do Senhor
vosso Deus,
14 e
dizendo: Não; antes iremos para a terra do Egito, onde não veremos guerra, nem
ouviremos o som de trombeta, nem teremos fome de pão, e ali habitaremos;
15
nesse caso ouvi a palavra do Senhor, ó resto de Judá: Assim diz o Senhor dos
exércitos, Deus de Israel: Se vós de todo vos propuserdes a entrar no Egito, e
entrardes para lá peregrinar,
16
então a espada que vós temeis vos alcançará ali na terra do Egito, e a fome que
vós receais vos seguirá de perto mesmo no Egito, e ali morrereis.
17
Assim sucederá a todos os homens que se propuserem a entrar no Egito, a fim de
lá peregrinarem: morrerão à espada, de fome, e de peste; e deles não haverá
quem reste ou escape do mal que eu trarei sobre eles.
18 Pois
assim diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: Como se derramou a minha ira
e a minha indignação sobre os habitantes de Jerusalém, assim se derramará a
minha indignação sobre vós, quando entrardes no Egito. Sereis um espetáculo de
execração, e de espanto, e de maldição, e de opróbrio; e não vereis mais este
lugar.
19
Falou o Senhor acerca de vós, ó resto de Judá: Não entreis no Egito. Tende por
certo que hoje vos tenho avisado.
20
Porque vós vos enganastes a vós mesmos; pois me enviastes ao Senhor vosso Deus,
dizendo: Roga por nós ao Senhor nosso Deus, e conforme tudo o que disser o
Senhor Deus nosso, declara-no-lo assim, e o faremos.
21 E
vo-lo tenho declarado hoje, mas não destes ouvidos à voz do Senhor vosso Deus
em coisa alguma pela qual ele me enviou a vos.
22
Agora pois sabei por certo que morrereis à espada, de fome e de peste no mesmo
lugar onde desejais ir para lá peregrinardes.”
Joanã e
os que com ele se achavam pediram a Jeremias que consultasse a Deus por eles,
para saber o que deveriam fazer, e que tudo o que o Senhor dissesse a Jeremias eles
fariam.
Somente
depois de passados dez dias que a palavra do Senhor veio a Jeremias, e lhes
dissera para que não descessem ao Egito para que não fossem destruídos, mas que
permanecessem em Judá, porque lhes faria bem, e também faria com que achassem misericórdia
junto ao rei de Babilônia (uma vez que eles estavam inocentes no negócio da
morte de Gedalias).
Todavia,
caso não lhe dessem ouvidos e fossem para o Egito, não somente morreriam à
espada, mas todo que pensasse lograr permanecer lá com vida, seria alcançado
pelo juízo do próprio Senhor que o mataria pela peste.
Conhecendo
o que já estava determinado no coração deles, Jeremias lhes disse que apesar de
terem dito que tudo o que ele lhes falasse da parte do Senhor eles fariam, na
verdade estavam mentindo, e então poderiam estar certos de que morreriam à
espada, de fome e de peste no lugar mesmo para onde desejavam peregrinar.
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