É importante frisar, particularmente, que as visões deste capítulo
foram dadas a Daniel no primeiro ano do rei Dario, que correspondia aos 70 anos
determinados por Deus para o cativeiro dos judeus em Babilônia.
Então Daniel orou com a expectativa da restauração do reino de
Israel, conforme havia sido prometido por Deus nos demais profetas.
Todavia, o Senhor revelou a Daniel, neste capitulo, que haveria
ainda um tempo para que isto ocorresse, conforme definido na profecia das 70
semanas, as quais estaremos comentando a partir do final do décimo segundo
capitulo.
“1 No primeiro ano de Dario, filho de Assuero, da linhagem dos
medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus,
2 no primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi, pelos livros,
que o número de anos, de que falara o SENHOR ao profeta Jeremias, que haviam de
durar as assolações de Jerusalém, era de setenta anos.
3 Voltei o rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e
súplicas, com jejum, pano de saco e cinza.
4 Orei ao SENHOR, meu Deus, confessei e disse: ah! Senhor! Deus
grande e temível, que guardas a aliança e a misericórdia para com os que te
amam e guardam os teus mandamentos;
5 temos pecado e cometido iniquidades, procedemos perversamente e
fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos;
6 e não demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que em teu
nome falaram aos nossos reis, nossos príncipes e nossos pais, como também a
todo o povo da terra.
7 A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós, o corar de
vergonha, como hoje se vê; aos homens de Judá, os moradores de Jerusalém, todo
o Israel, quer os de perto, quer os de longe, em todas as terras por onde os
tens lançado, por causa das suas transgressões que cometeram contra ti.
8 Ó SENHOR, a nós pertence o corar de vergonha, aos nossos reis,
aos nossos príncipes e aos nossos pais, porque temos pecado contra ti.
9 Ao Senhor, nosso Deus, pertence a misericórdia e o perdão, pois
nos temos rebelado contra ele
10 e não obedecemos à voz do SENHOR, nosso Deus, para andarmos nas
suas leis, que nos deu por intermédio de seus servos, os profetas.
11 Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se, para
não obedecer à tua voz; por isso, a maldição e as imprecações que estão
escritas na Lei de Moisés, servo de Deus, se derramaram sobre nós, porque temos
pecado contra ti.
12 Ele confirmou a sua palavra, que falou contra nós e contra os
nossos juízes que nos julgavam, e fez vir sobre nós grande mal, porquanto
nunca, debaixo de todo o céu, aconteceu o que se deu em Jerusalém.
13 Como está escrito na Lei de Moisés, todo este mal nos
sobreveio; apesar disso, não temos implorado o favor do SENHOR, nosso Deus,
para nos convertermos das nossas iniquidades e nos aplicarmos à tua verdade.
14 Por isso, o SENHOR cuidou em trazer sobre nós o mal e o fez vir
sobre nós; pois justo é o SENHOR, nosso Deus, em todas as suas obras que faz,
pois não obedecemos à sua voz.
15 Na verdade, ó Senhor, nosso Deus, que tiraste o teu povo da
terra do Egito com mão poderosa, e a ti mesmo adquiriste renome, como hoje se
vê, temos pecado e procedido perversamente.
16 Ó Senhor, segundo todas as tuas justiças, aparte-se a tua ira e
o teu furor da tua cidade de Jerusalém, do teu santo monte, porquanto, por
causa dos nossos pecados e por causa das iniquidades de nossos pais, se
tornaram Jerusalém e o teu povo opróbrio para todos os que estão em redor de
nós.
17 Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do teu servo e as suas
súplicas e sobre o teu santuário assolado faze resplandecer o rosto, por amor
do Senhor.
18 Inclina, ó Deus meu, os ouvidos e ouve; abre os olhos e olha
para a nossa desolação e para a cidade que é chamada pelo teu nome, porque não
lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas
em tuas muitas misericórdias.
19 Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age;
não te retardes, por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu
povo são chamados pelo teu nome.
20 Falava eu ainda, e orava, e confessava o meu pecado e o pecado
do meu povo de Israel, e lançava a minha súplica perante a face do SENHOR, meu
Deus, pelo monte santo do meu Deus.
21 Falava eu, digo, falava ainda na oração, quando o homem
Gabriel, que eu tinha observado na minha visão ao princípio, veio rapidamente,
voando, e me tocou à hora do sacrifício da tarde.
22 Ele queria instruir-me, falou comigo e disse: Daniel, agora,
saí para fazer-te entender o sentido.
23 No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to
declarar, porque és mui amado; considera, pois, a coisa e entende a visão.
24 Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a
tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados,
para expiar a iniquidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a
profecia e para ungir o Santo dos Santos.
25 Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para
edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas
semanas; as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos
angustiosos.
26 Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido e já
não estará; e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o
santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações
são determinadas.
27 Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da
semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das
abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se
derrame sobre ele.”
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