Provérbios 25
Silvio Dutra
Mar/2016
A474
Alves, Silvio Dutra
Provérbios 25./ Silvio
Dutra Alves. – Rio de Janeiro,
2016.
63p.; 14,8x21cm
1. Teologia. 2. Salomão. 3.
Estudo Bíblico.
I. Título.
CDD
230.223
|
Introdução
Como os assuntos da justiça e do
juízo são frequentemente citados nos Provérbios, estamos apresentando a seguir
uma breve reflexão sobre ambos:
1 – JUSTIÇA
A justiça é um dos atributos
que compõem o caráter de Deus. Por ela se exige que todos os atos dos seres
morais estejam conformados à Sua santidade.
Em sentido prático, ser
justo é fazer somente aquilo que for bom para promover o bem. Em última
instância, significa ser e fazer somente aquilo que for agradável à vontade de
Deus.
Por isso se afirma que,
aquele que ama o próximo tem cumprido a Lei, ou seja, tem agido de forma justa
aos olhos de Deus.
De tanto que a palavra
justiça é usada com o sentido de juízo, comete-se amiúde o equívoco de entendê-la
com o sentido de punição do erro, com a devida exigência de reparação. No
entanto, biblicamente, a palavra justiça, especialmente no Novo Testamento, é
usada geralmente para designar o próprio Senhor Jesus Cristo como sendo a fonte
da justiça, que é oferecida gratuitamente por Deus para justificar pecadores
(Rom 5.17).
Ela é tanto justiça
atribuída, sendo imputada ao crente para torná-lo considerado justo aos olhos
de Deus, como se vê em Romanos 4, quanto justiça implantada pela obra de
regeneração e santificação operada pelo Espírito Santo.
“Mas agora, sem lei, tem-se manifestado a justiça de Deus,
que é atestada pela lei e pelos profetas; isto é, a justiça de Deus pela fé em
Jesus Cristo para todos os que creem; pois não há distinção.” (Romanos 3.21)
A justiça que Deus nos está
oferecendo para sermos justificados é obtida simplesmente por meio da fé em
Jesus Cristo; a justiça que é revelada no evangelho de fé em fé.
Sendo transgressor da Lei de
Deus o homem é naturalmente injusto, e na condição de injusto, o juízo de Deus
o condena à morte, então ele necessita de perdão e libertação da condenação por
meio da redenção que há em Cristo, e uma vez tendo se conformado à morte de
Jesus, pela fé nEle, é considerado morto para a condenação da Lei e vivo para Deus,
para andar em novidade de vida perante Ele.
É justo que Deus justifique
o pecador que crê em Cristo, porque Ele não tinha pecado e a causa da Sua morte
foram os pecados de todos os pecadores, que carregou sobre Si na cruz.
Assim, a Sua justiça pode ser
atribuída e imputada àqueles cujos pecados Ele carregou, e que se aproximam
dEle para serem justificados e santificados.
Necessitávamos de uma
justiça que nos fosse conferida somente por fé – a justiça da fé – porque se
dependêssemos da justiça que é segundo as obras da Lei, estaríamos para sempre
perdidos e condenados, porque a Lei exige que todos os Seus mandamentos sejam
cumpridos perfeitamente, ao longo de toda a nossa vida, porém, tendo uma
natureza que é decaída no pecado, jamais atenderíamos a tal exigência da Lei.
Por isso Deus planejou um
caminho melhor e viável para nós, que não é um atalho para cumprir a Lei, mas o
único caminho pelo qual poderíamos ser santificados perfeitamente, de modo que
seremos achados no porvir com a mesma justiça que temos aqui (Cristo), e que
excede em muito a dos escribas e fariseus, mas teremos uma perfeita medida
desta justiça pela qual estaremos plenamente conformados a Jesus Cristo.
Vivemos pela justiça de
outro (Cristo), mas não para sermos isentos da prática da justiça – ao
contrário, devemos ser servos da justiça, pois foi para isto que fomos
justificados pela fé.
Assim, apesar de não
podermos ser justificados pela Lei, e, portanto, não praticarmos as obras da
Lei para este fim de sermos justificados, todavia, importa confirmar a Lei pela
fé, uma vez que em Cristo passamos a amar a Lei de Deus, e entendemos que ela é
espiritual, justa, santa e perfeita, pois é o reflexo do caráter do nosso Deus.
Para tanto, Ele a tem
escrito em nossas mentes e corações, e nos tem dado o Espírito Santo para
sermos habilitados a cumpri-la.
Contudo, por causa de
inerente condição de pecadores que somos, tendo, mesmo depois da nossa
conversão, resquícios da antiga natureza que devem ser continua e diariamente
mortificados, somos totalmente dependentes da justiça de Cristo que nos é imputada
de uma vez para sempre.
Podemos entender a sua
completa importância para nós, pelo fato de que jamais poderíamos agradar a
Deus se dependesse de nós sermos perfeitos em todo o tempo na prática de todas
as virtudes que são exigidas, sem que jamais viéssemos a falhar em qualquer uma
delas.
Para exemplificar isto
podemos recorrer ao caso do professor que terá que reprovar o aluno que não
obteve a média de acertos exigidos ao final do curso.
Todavia, para sermos
aprovados por Deus e aceitos por Ele como Seus filhos amados para todo o
sempre, não é exigida uma média de acertos, mas um acerto completo, perfeito, e
isto, relativamente ao todo da nossa vida, em nossos pensamentos, palavras e
ações.
Quem seria suficiente para
isto?
Como não há nenhum pecador
que pudesse alcançá-lo, por sua própria justiça, Deus nos deu o Seu Filho
Unigênito para que fôssemos aprovados simplesmente pela fé nEle, pois, pelo seu
plano de salvação tem sido longânimo conosco, e nos levará à perfeição da
plenitude de Cristo quando formos admitidos na glória celestial.
Porém, não devemos jamais
esquecer, que uma vez convertidos, a vida de justiça é requerida de nós, e
devemos nos esforçar para abandonar nossos erros, e praticar a vida correta que
nos é apontada na Palavra do Senhor, como podemos ver por exemplo, nas muitas
passagens do livro de Provérbios.
Disto dependerá o nosso
viver vitorioso enquanto estivermos neste mundo, a saber, não porque tenhamos
atingido a medida completa da perfeição que teremos somente no por vir, mas por
confessarmos nossos pecados e mantermos a nossa comunhão com Jesus Cristo.
Dessa justiça de Deus, que é
pela fé e é revelada no evangelho, deram testemunho a Lei e os profetas, ou
seja, há várias passagens do Velho Testamento em que ela é profetizada para ser
manifestada em Jesus Cristo na dispensação da graça.
2 – JUÍZO
São variados os pontos a serem considerados neste assunto
concernente ao juízo, notadamente quando se trata do juízo de Deus.
Os homens julgam a transgressão da lei e se dão por
satisfeitos, mas Deus julga sempre segundo a perfeita justiça que é inerente à
Sua pessoa.
A base do perfeito juízo é declarada por nosso Senhor Jesus
Cristo com as seguintes palavras: “Eu não posso de mim mesmo fazer coisa
alguma; como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não procuro a minha
vontade, mas a vontade daquele que me enviou.” (João 5.30).
De modo que podemos inferir, que todo juízo justo é aquele
que é realizado segundo a perfeita vontade de Deus.
Para ser segundo a vontade de Deus deve ser segundo a reta
justiça, e não segundo a aparência, conforme assim o expressa o Senhor Jesus em
João 7.24.
Disto se infere, que o juízo que nos é proibido conforme suas
palavras em Mateus 7.1,2 é somente aquele que for temerário, ou seja,
precipitado, apressado, e que está baseado em motivações diferentes de um reto
juízo que promova a glória de Deus.
A exiguidade da aplicação do princípio da justiça divina que
exige a condenação de uma simples palavra proferida ociosamente, e o chamar
alguém de tolo, se estende a uma infinita condescendência e misericórdia em
perdoar a qualquer tipo de falta, por maior que seja, pelo simples
arrependimento do ofensor.
Evidentemente que tudo isto é feito com base no atendimento
perfeito das exigências da Sua justiça, que demanda a morte espiritual e eterna
de todo aquele que ofendê-la ou desconsiderá-la.
Ao livrar da morte espiritual e eterna a qualquer que se
arrependa e creia em Jesus Cristo, a justiça divina continua sendo plenamente
satisfeita, porque Jesus pagou o preço total das nossas ofensas quando ofereceu
Sua vida como sacrifício vicário por nós. Então, o juízo que é para uma
condenação eterna pode ser suspenso por meio do arrependimento e fé em Jesus.
Porém, permanecemos sob juízos disciplinadores, ainda que
Jesus continue advogando à direita do Pai, em nosso favor, e cobrindo as nossas
ofensas pelo mesmo sangue derramado na cruz, se simplesmente as confessarmos e
deixarmos.
Um dos princípios do juízo divino é o de retribuir a cada um
segundo as suas obras, ou seja, galardões para os obedientes e castigos para os
rebeldes. Sendo que há também uma gradação em ambos, pois, tanto maior será o
galardão quanto maior for a obediência, e tanto maior será o castigo eterno
quando maior for a rebelião.
O tribunal de juízo divino é instaurado então, para premiar
ou condenar, segundo o bem ou o mal que tivermos praticado.
Da condenação eterna, os crentes estão livres, mas não de
sofrerem danos e perdas por sua desobediência depois de terem sido salvos, quer
por correções presentes, quer por perdas eternas.
A Jesus foi dado o poder exclusivo de julgar, mas Ele pode
não transferir a Sua autoridade, senão outorgá-la aos crentes, como de fato o
faz, para exercerem disciplina na Igreja; e isto é conferido especialmente aos
que são chamados por Ele para liderar (veja Mateus 18; I Cor 5).
Inclusive é outorgado por Deus, o poder de julgar para os que
são investidos de autoridade secular, todavia não nos mesmos termos em que este
juízo é exercido na Igreja, pois nela há o perdão de faltas pelo simples
arrependimento, o que não pode ser o caso no mundo, para que não haja abuso
contra a autoridade, e que pela impunidade o mal se espalhe.
Jesus sofreu o castigo destinado aos pecadores, e não
castigará novamente aqueles que nEle creem, como não lhes negará a oportunidade
de tornarem a ser reconciliados com Ele. Mas, aos crentes que recalcitram,
depois de terem sido confrontados pelo Espírito Santo para se arrependerem,
Deus pode até mesmo entregá-los a Satanás para destruição da carne (do
princípio pecaminoso que opera em sua natureza) para que o espírito seja salvo
no dia do Senhor.
Entendemos então, que somos responsáveis por todos os nossos
atos e omissões perante Deus, e que deveríamos nos julgar pelo autoexame, para
que confessando e se arrependendo, não necessitemos ser julgados por Ele (I Cor
11.31,32).
Outro aspecto muito importante em relação ao juízo divino, é
que Ele não é executado imediatamente neste mundo para efeito de condenação
eterna, enquanto vive o pecador, porque tem transferido todo o juízo
condenatório para o dia do grande Juízo final, quando for fechada a dispensação
da graça, na qual tem sido longânimo para com todos os homens, na expectativa
de que se arrependam e vivam.
Isto não significa, portanto qualquer tipo de relaxamento no
juízo; ao contrário, aumentará seu rigor contra aqueles que tiverem abusado da
longanimidade do Senhor por maior tempo.
Provérbios 25
1 Também
estes são provérbios de Salomão, os quais transcreveram os homens de Ezequias,
rei de Judá.
Salomão escreveu 3.000 provérbios e 1.005 cânticos, conforme
vemos no registro de I Reis 4.32.
“E deu Deus a Salomão sabedoria, e muitíssimo entendimento, e
largueza de coração, como a areia que está na praia do mar.
E era a sabedoria de Salomão maior do que a sabedoria de
todos os do oriente e do que toda a sabedoria dos egípcios.
E era ele ainda mais sábio do que todos os homens, e do que
Etã, ezraíta, e Hemã, e Calcol, e Darda, filhos de Maol; e correu o seu nome
por todas as nações em redor.
E disse três mil provérbios, e foram os seus cânticos mil e
cinco.” (I Reis 4.29-32)
Todo esse material foi catalogado
e aqueles em que Salomão foi divinamente inspirado a entregar, encontram-se
registrados respectivamente, no livro de Provérbios, no livro de Cantares,
também de sua autoria.
Este primeiro versículo deste
capítulo 25, é o título desta última coleção de provérbios de
Salomão, que foram
reunidos nos dias do rei Ezequias, mais de dois séculos depois de terem sido
escritos, pois Ezequias estava conduzindo uma reforma religiosa em Israel, e
certamente deve ter notado a importância
da sabedoria e peso destes provérbios para serem ensinados ao povo do
Senhor.
2 A glória de Deus é encobrir as coisas; mas a glória dos reis é
esquadrinhá-las.
3 Como o céu na sua altura, e como a terra na sua profundidade, assim o
coração dos reis é inescrutável.
Deus conhece perfeitamente todas
as coisas por uma visão clara e certa, e nada pode ser escondido dele; mas nem
todos os pensamentos e conselhos de Deus estão patentes diante de nós, e o que
chegamos a conhecer dele e da Sua vontade sempre será mediante esforço de nossa
parte em buscar este conhecimento.
Todavia, ainda assim, nosso
conhecimento sempre será parcial. Podemos até ver muitas coisas que Deus faz,
mas nem sempre saberemos as razões, que ele reserva para sua exclusiva
autoridade.
Deus não precisa apresentar
razões para ser glorificado pelos anjos e pelos homens, diferentemente dos reis
da terra que necessitam revelar sabedoria e conhecimento para serem
glorificados pelos homens.
Quantos pecados são perdoados e
encobertos por Deus e a ninguém Ele o revela. Nisto reside uma grande glória
que testemunha a Sua honra e grande amor e misericórdia em fazê-lo. O Senhor
não toca trombeta diante de si quando faz o bem. Seu intento não é o de
propagandear a Sua bondade e glória, e não o faria jamais, ainda que precisasse
disso para ser reconhecido como glorioso pelos homens.
Ele não necessita do
reconhecimento e do aplauso de ninguém para se manter em seu trono. Ele é rei
eternamente. Sua soberania é imanente. Sua glória é parte da Sua própria pessoa
e majestade.
4 Tira da prata a escória, e sairá um vaso para o
fundidor.
5 Tira o ímpio da presença do rei, e o seu trono se firmará na justiça.
Assim como não é possível fundir
um vaso corretamente enquanto houver escória misturada à prata, de igual modo
um governo não pode ser firmado na justiça enquanto o governante que for justo
estiver sob a influência de ímpios ou dependente deles.
A recomendação sábia é a de que
estes ímpios sejam expulsos e que em seu lugar, se for o caso, sejam colocadas
pessoas honestas e justas para cuidarem dos assuntos do estado.
Daí a importância de que desde a
formação de repúblicas jovens, como é o caso do Brasil, quando comparado em
seus 127 anos de República, com os 240 dos EUA, que se criem mecanismos e
sistemas de governo que impeçam a institucionalização parda da corrupção; pois se houver um canal que permita a livre
atuação da prática da iniquidade, sem que esta seja freada e detida, jamais será
alcançada a meta de se obter um governo cujo poder seja de fato firmado na
justiça.
Os EUA e a maioria dos países
europeus sofrem de outros males, mas este que é muito generalizado, não apenas
no Brasil, como em toda a América Latina, conhecido como propina, e chamado de
“mordida” pela latinos, na verdade, não consiste simplesmente em dar a alguém
uma pequena percentagem de nossos próprios recursos por serviços que nos sejam
prestados, no âmbito doméstico, mas trata-se de um grande mal nacional, quando
isto se aplica aos órgãos governamentais, quando contratantes e contratados se
aliciam de forma criminosa para auferirem ganhos ilícitos à custa do erário
público.
É impossível acabar com a
corrupção que existe no coração do homem, a não ser por uma intervenção direta
da graça de Deus, operando nele conversão, mas é possível, pelo menos minimizar
a ação perniciosa dos ímpios, criando mecanismos, como por exemplo o de
privatização de estatais, de onde os governantes não poderiam mais sugar
recursos, enquanto privatizadas.
Quanto aos serviços prestados ao
Estado, como a construção de infraestrutura, fornecimento de bens de consumo,
etc, deveria haver uma auditoria externa, do poder judiciário, que por sua vez,
ficaria também sujeita à fiscalização e supervisão de instâncias superiores do
citado poder.
Todavia, quando olhamos para as
dimensões do Estado e a multiplicidade de obras e serviços, e verificamos que
seria inviável a adoção de tal medida pelo grande número de agentes que
deveriam estar envolvidos no processo, ao menos, naqueles projetos de grande
envergadura e dispêndios, um mecanismo de acompanhamento das ações
governamentais deveria ser criado, não apenas no papel, ou para exercer uma
ação entre “amigos”, mas de fato e de verdade, com prestação de contas à
população através dos órgãos oficiais de imprensa, de preferência, não aqueles
que podem ser manipulados pelo próprio governo.
Mas, se o ímpio é retirado das
filas do governo, como afirma o provérbio, não há muito com que se preocupar
com formas de sistema de fiscalização e supervisão.
Agora, como fazer isto num
sistema democrático, em que os candidatos são escolhidos de acordo com as
opções que são oferecidas pelos próprios partidos?
Quando não se conhece o caráter e
a folha de serviços daqueles que se candidatam?
Torna-se quase uma quimera pensar
em um governo cujo poder seja firmado na justiça, e devemos contar com a ajuda
de Deus para que nos livre do pior, pois é poderoso para fazer com que seja
levantado ou abatido quem Ele quiser, segundo o conselho da Sua própria
vontade, conforme o demonstrou tantas vezes na história dos reis e das nações,
como vemos nas páginas do Velho Testamento.
Deus não mudou, e seus ouvidos
continuam atentos às orações do Seu povo, e Ele tem prazer senão somente na
justiça.
Ele pode permitir que um
governante bandido seja abatido por outro bandido mais forte do que ele, como
tantas vezes fez no passado.
A casa de Acabe que o diga em
relação a Jeú!
O próprio povo de Israel e seu
rei ímpio Zedequias, que o digam em relação a Nabucodonozor!
Evil-Merodaque, rei da poderosa
Babilônia que por sua impiedade, pensava que permaneceria para sempre no trono,
foi derrubado pelos reis idólatras Ciro e Dario.
Quando Deus se levanta em seu
trono de justiça e proclama um basta, ímpios se batem contra ímpios, como se
tem visto ainda presentemente em várias nações, e ainda que seus corações
corrompidos não se convertam, eles são humilhados e rebaixados das altas posições
nas quais pensavam que permaneceriam para sempre.
O temor se apodera dos corações
de muitos deles, e já não agirão mais tão descaradamente nas suas práticas
impiedosas, para que não lhes suceda algo pior, e muitos dos que estavam
prontos a seguir os seus passos, recuam pelo temor de terem o mesmo final que
eles.
Deus é o Senhor e Soberano de
toda a terra. É ele que controla os governos das nações (Dan 4.25), e se
permite sistemas corrompidos de governo, isto é apenas por algum tempo, para
propósitos bons e eternos que somente Ele conhece, mas é certo que a Seu tempo,
já não existirá sequer ímpios na terra, quando Jesus voltar e estabelecer o Seu
reino que é firmado em perfeita e eterna justiça.
Satanás é o príncipe do mundo de
impiedade, mas mesmo sobre este mundo mau, Deus estabelece o Seu governo,
soberania e poder.
Ele nunca consente com os atos de
impiedade de Satanás, de seus demônios e daqueles que lhes obedecem, mas
permite, para propósitos definidos que eles atuem por algum tempo, sem no
entanto, jamais perder o controle de todas as coisas, a ponto de não deixar que
um único pardal seja abatido sem a Sua permissão.
O pecado entrou no mundo, o homem
ficou com o seu coração corrompido, e Deus tem resgatado a alguns desta
condição arruinada, pela restauração que é feita por meio do sacrifício e poder
de Jesus Cristo.
Então, sempre haverá esta luta do
mal contra o bem, até que Cristo volte, mas esta luta não é o que se costuma
pensar comumente acerca dela, pois não é um cabo de guerra no qual o diabo se
encontra de um lado e Jesus do outro. Não é uma luta para criar governos
perfeitamente justos em toda a terra, ou mesmo em partes dela, até mesmo porque
isto seria impossível, enquanto existir o ímpio.
A justiça que Deus está
oferecendo gratuitamente é a de Cristo para a nossa salvação. A luta é entre o
Espírito Santo e a carne, para o despojamento do pecado dos nossos corações.
O diabo já foi julgado e está
condenado às chamas eternas do lago de fogo e enxofre. Já está no corredor da
morte espiritual eterna, aguardando apenas o momento em que Deus decretará a
execução da sentença que já foi lavrada quando Jesus morreu na cruz.
Quando somos levados a tecer
considerações políticas, econômicas e financeiras quanto às condições deste mundo, andamos num terreno
árido e de águas turvas que nada são agradáveis para as nossas almas, mas
graças a Deus, por ter dado um Oásis de águas cristalinas que nos refrigeram a
alma e dão descanso ao nosso espírito,
pois o Evangelho é a luz que brilha neste mundo de trevas, e que nos leva a
considerar que temos uma pátria verdadeira e eterna na qual tudo é justiça,
amor e verdade.
Não precisamos sequer ficar
ansiosos, inquietados com um imediato retorno de Jesus para colocar um fim à
impiedade do mundo, porque proveu um meio para irmos ter com Ele nas mansões
celestiais que preparou para nós, e sobre as quais disse que iria fazê-lo
porque era seu desejo que estivéssemos com Ele no mesmo lugar de glória para o
qual estava indo.
Assim, na quase totalidade, não
chegamos a ultrapassar cem anos neste mundo, pois Deus proveu o meio da morte
física para nos levar para junto de Si, sem que tivéssemos que ficar aqui
aguardando até por milênios, a volta de Jesus para nos arrebatar.
Temos também da Sua parte a
promessa de estar conosco todos os dias, enquanto permanecermos aqui embaixo, e
que estará até a consumação dos séculos.
Não há então porque ficar
ansiosos com as coisas que para os que não têm esta mesma esperança, são de
fato coisas preocupantes, mas que para os que creem, além de serem sinais da
proximidade da Sua volta, sendo portanto, motivo para regozijo e alegria, são a
grande oportunidade que temos de experimentar a eficácia operante do Seu amor e
poder para livrar-nos de todo mal e suprir todas as nossas necessidades, em
toda e qualquer circunstância.
6 Não reclames para ti honra na presença do rei, nem te ponhas no lugar
dos grandes;
7 porque melhor é que te digam: Sobe, para aqui; do que seres humilhado
perante o príncipe.
Nosso Senhor Jesus Cristo contou uma
parábola que explica bem o significado destes dois provérbios:
“Aconteceu num sábado que, entrando ele em
casa de um dos principais dos fariseus para comer pão, eles o estavam
observando.” (Lc 14.1)
“E disse aos convidados uma parábola, reparando como
escolhiam os primeiros assentos, dizendo-lhes:
Quando por alguém fores convidado às bodas, não te assentes
no primeiro lugar; não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que
tu;
E, vindo o que te convidou a ti e a ele, te diga: Dá o lugar
a este; e então, com vergonha, tenhas de tomar o derradeiro lugar.
Mas, quando fores convidado, vai, e assenta-te no derradeiro
lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, sobe mais para
cima. Então terás honra diante dos que estiverem contigo à mesa.
Porquanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado,
e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado.” (Lc 14.7-11)
O Rei dos reis sempre humilha a quem se
exalta e sempre exalta a quem se humilha.
Bem faremos então em sermos humildes em
todas as ocasiões, pois é este o caminho da verdadeira grandeza diante de Deus.
Na parábola que Jesus contou, o homem que
se humilhou foi honrado ao ser chamado à vista de todos pelo que o havia
convidado a ocupar um lugar mais elevado.
Cabe a Deus nos chamar à posição que
devemos ocupar, para nossa honra, e não buscarmos honra para nós ocupando
posições elevadas para as quais não fomos chamados.
8 Não
te precipites em litigar, para que depois, ao fim, fiques sem ação, quando teu
próximo te puser em apuros.
9
Pleiteia a tua causa com o teu próximo, e não reveles o segredo a outrem,
10
Para que não te desonre o que o ouvir, e a tua infâmia não se aparte de ti.
Temos aqui um bom conselho quanto
ao litígio, ou seja, ao procuramos defender nossos direitos perante juízo.
É recomendado que não haja
precipitação em fazê-lo, pois o melhor caminho é o da tentativa de negociação
ou conciliação direta com a outra parte envolvida; sem que isto chegue ao
conhecimento de outrem, de modo a se preservar a reputação das partes
diretamente interessadas.
Nós vemos este princípio sendo
ordenado por nosso Senhor Jesus Cristo para a aplicação da disciplina na
Igreja, em Mateus 18:
“Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre
ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão;
Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que
pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada.
E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano.” (Mateus 18.15-17)
E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano.” (Mateus 18.15-17)
Veja que, principalmente para a possibilidade do perdão, da
conciliação e para a preservação da reputação, nosso Senhor ordena que o
assunto seja resolvido pelas partes diretamente envolvidas sem a participação
de outras pessoas, para que o fato não seja tornado público, dando ocasião a
difamação ou desonra.
Somente no caso de um posicionamento resoluto em não se
perdoar ou de se reconhecer e reparar a ofensa cometida, que o caso deve ser
levado, ao juízo de uma ou duas testemunhas idôneas, e não partidárias, que
tenham visto a ofensa praticada.
Se, ainda neste caso, não houver um reconhecimento e
arrependimento da parte ofensora, o caso deve ser levado à Igreja, para que
seja decidida a sua exclusão do corpo de membros.
11 Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu
tempo.
12 Como pendentes de ouro e gargantilhas de ouro puro, assim é o sábio
repreensor para o ouvido obediente.
Falar com sapiência a
palavra certa no tempo apropriado é comparado a um ornamento de grande valor, e
que é muito agradável aos olhos.
De fato, é algo de muito valor e
belo de ser visto, quando alguém se expressa na ocasião oportuna com palavras
que servirão não somente para a edificação dos ouvintes, como também para
outros fins proveitosos.
De igual forma, a pessoa que ouve
e recebe com mansidão a repreensão da parte de um sábio, considerará isto como
sendo equivalente a uma joia rara e bela, de grande valor.
Assim como as joias chamam a
atenção das pessoas para apreciá-las, as palavras dos sábios, ainda que sejam
de repreensão, também chamarão a atenção dos circunstantes que as apreciarão
por sua beleza e valor.
13 Como o frescor de neve no tempo da sega, assim é o mensageiro fiel
para com os que o enviam, porque refrigera o espírito dos seus senhores.
Salomão está falando aqui de
refrigério de espírito, e isto pode ser entendido como paz de espírito – aquela
boa condição da alma em que não nos encontramos atemorizados e nem ansiosos por
cousa alguma, e quando sentimos em nosso próprio corpo a sensação de descanso e
paz, e não de depressão, angústia, nervosismo e outros estados que indicam a
falta de paz e segurança de espírito.
O mensageiro fiel que nos trouxer
uma boa notícia, de que as coisas estão trabalhando a nosso favor, e de que a
causa do bem relativa à prosperidade da nossa alma se encontra em bom
andamento, faz com que se dissipem os nossos temores e inseguranças e nos
sentimos refrigerados em nosso espírito, ou seja, em paz.
Já temos recebido da parte de Deus, na
pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo, um Mensageiro permanente de boas novas,
pois tudo Ele tem trabalhado para o nosso bem, e sempre para este propósito,
fazendo com que todas as coisas concorram para o bem daqueles que o amam.
Ele tem prometido e é fiel em cumprir o que
nos disse:
“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede
também em mim.
Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu
vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar.
E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos
levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.” (João
14.1-3)
“Deixo-vos a
paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso
coração, nem se atemorize.” (João 14.27)
Temos aqui uma promessa infalível que se
cumpre em nós em conformidade com o tamanho da nossa fé; pois é dito que esta
paz é dada sobrenatural e poderosamente, em quaisquer circunstâncias, mas que a
experimentamos quando exercemos a nossa total confiança de que a receberemos
- “credes em Deus, crede também em
mim.”.
Veja que o “não se turbe o vosso coração”, aparece tanto no
verso 1, quanto no 27, associado a crer em Deus e em Jesus, e em receber a paz
que nos é prometida.
Assim, em vez de nos deixarmos consumir pelo pensamento
errôneo de que o Senhor nos abandonou na hora da nossa maior aflição e angústia
– pois isso é impossível – peçamos-lhe para aumentar a nossa fé nele e na Sua
bondade de que o Seu desejo é o de que não estejamos com o nosso coração
turbado por cousa alguma.
Por isso, Jesus disse muitas vezes o seguinte, quando ia
operar algum tipo de milagre em benefício de algum enfermo ou portador de
qualquer outra necessidade:
“Seja-vos feito segundo a vossa fé.” (Mateus 9.29)
E ainda,
“...tudo é possível ao que crê.” (Marcos 9.23b)
À medida que avançamos no nosso relacionamento com Jesus,
podemos experimentar vários graus dessa fé. Crer na Sua bondade e poder nos
montes é mais fácil do que quando nos encontramos nos vales escuros e frios. E
mesmo nestes vales há graus maiores de
sofrimentos e inquietações que exigirão da nossa parte também uma maior fé de
que já não vivemos nós, mas Cristo em nós – sua própria vida é o poder que nos
sustentará e nos dará segurança nestas horas tão difíceis, de modo que ainda
que em fraqueza, possamos experimentar a doce paz que a Sua presença transmite
à nossa alma.
Não há monte elevado de problemas e tribulações que Jesus não
possa remover pela fé, e de igual modo não há vales de tristezas e depressões
que ele não possa aplanar, ainda que nossa fé seja tão pequena como um grão de
mostarda.
14 como nuvens e ventos que não trazem chuva, assim é o homem que se
gaba de dádivas que não fez.
Quem finge ter feito ou dado algo
que ele nunca teve, faz um barulho de suas grandes realizações e seus bons
serviços, mas é tudo falso; ele não é o que ele pretende ser.
De igual modo procede aquele que
promete que vai dar ou que vai fazer, mas nada executa, que aumenta as
expectativas quanto às coisas poderosas que ele vai fazer para o seu país ou
por seus amigos, mas que não tem meios para fazer o que prometeu.
Tal pessoa é como a manhã com
nuvens, que logo passam, e decepcionam os que esperavam a chuva para regar o
solo ressequido (Judas 12), pois eram nuvens sem água.
Há entre os crentes muitos falsos
pastores e mestres que são traficantes de promessas que nunca se cumprirão,
porque Deus não está compromissado com elas, nem com eles. Mas eles usam esse
estratagema para encantar e prender as pessoas, para explorá-las segundo seus
fins interesseiros.
15 Pela longanimidade se persuade o príncipe, e a língua branda
quebranta os ossos.
Não há pessoa que por mais
iracunda que esteja, que não seja quebrantada pela brandura do nosso falar,
inspirado por Deus. Já vi isto acontecendo na prática, muitas vezes, mesmo
ainda quando as pessoas iradas estavam dispostas a agredirem crentes dos quais
lhes haviam falado falsamente, inventando calúnias, para indispô-las contra
eles.
Elas foram como que quebrantadas
em seus ossos, ou seja, na parte mais rígida do seu interior, e acolheram com
mansidão a palavra e o tratamento de amor e brandura com que foram tratadas por
aqueles aos quais haviam ofendido.
A paciência e a longanimidade com
que somos capacitados pelo Espírito Santo a suportar investidas calorosas de
temperamentos exaltados, pode até mesmo, segundo o provérbio, persuadir um
príncipe acerca da nossa inocência no assunto que lhe levaram a nosso respeito
e que despertou a sua ira.
Ou então, fazer com que
persuadamos quaisquer líderes acerca de assuntos os mais variados, inclusive da
verdade e justiça de nossas petições, quando conseguimos nos expressar com
brandura e longanimidade de espírito, ainda quando o primeiro parecer deles nos
tenha sido desfavorável, antes de lhes apresentarmos as nossas razões.
16 Se achaste mel, come somente o que te basta, para que porventura não
te fartes dele, e o venhas a vomitar.
Somos aqui aconselhados ao uso sóbrio
e moderado dos prazeres dos sentidos. Todos os alimentos são puros se comemos
com ações de graças a Deus, que criou todas as coisas para o nosso aprazimento.
Todavia somos alertados a tomar
cuidado com os excessos.
Devemos usar todos os prazeres,
como procedemos em relação ao mel, para que não comamos mais do que possa nos
fazer bem, senão nos tornar doentes.
Estamos mais em perigo de cair no
pecado de glutonaria com o que é mais doce, e, portanto, os prazeres dos
sentidos perdem a sua doçura pelo uso excessivo destes alimentos e ficamos
enjoados, pois, como o mel, azedam no estômago, e, assim é do nosso interesse e
dever que façamos um uso moderado deles.
Muito da falta de moderação é
decorrente da nossa falta de disciplina em aplicarmos ao nosso viver todas as
ordenanças da Palavra de Deus, entre as quais a moderação no se alimentar é
apenas uma parte das muitas coisas que devemos praticar.
Em razão da importância deste
assunto da disciplina, estamos inserindo a seguir um estudo que fizemos sobre
disciplina, repreensão, exortação e admoestação:
“Eu repreendo e
disciplino a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te.” (Apocalipse
3.19)
Neste versículo de Apocalipse, nosso Senhor Jesus Cristo
revela a nossa necessidade de repreensão e disciplina, e que Ele faz isto
porque nos ama, uma vez que sendo pecadores, nossa condição natural é a de
estarmos desviados do caminho de Deus – o pecado nos tirou da posição em que
deveríamos ser achados – e assim, tendo adquirido o hábito do pecado,
necessitamos de correção e disciplina para a formação do novo hábito da
santificação, de modo que se afirma que todos os crentes têm sido feitos
participantes da disciplina de nosso Pai celestial (Hebreus 12.8).
E, muito desta disciplina e correção é feita por Deus,
através da instrumentalidade daqueles que tem chamado para liderar a Sua
Igreja.
Há muitas coisas que os cristãos devem obedecer e guardar.
Por isso, depois de ter apontado alguns dos deveres da Igreja
no quinto capitulo de I Tessalonicenses, quanto à necessidade de vigilância e
santificação, com vistas ao encontro com o Senhor, Paulo lhes exortou que se
submetessem aos líderes que o Espírito Santo constituiu sobre eles, para
velarem por suas almas, uma vez que Deus lhes tem preparado e suprido com dons
e talentos espirituais, para regerem Seu povo, e cuidarem dos interesses do Seu
Reino através da Igreja.
Eles devem reger, não com rigor, mas com amor. Eles não devem
exercer domínio como senhores temporais; mas reger como guias espirituais,
servindo de exemplo para o rebanho. Eles estão em governo sobre os cristãos,
não como os magistrados civis, porque são auxiliares de Cristo, e devem reger
pelas leis de Cristo, e não pelas próprias leis.
Então, com vistas a facilitar o trabalho destes líderes
relativo ao aperfeiçoamento dos cristãos para a obra do ministério, Paulo
exortou os tessalonicenses a terem aqueles que presidiam sobre eles, em máxima
consideração, isto é, lhes dando a devida honra que devem receber, conforme é
da vontade de Deus.
O trabalho dos pastores deve ser reconhecido, porque como
está no original grego, a expressão “que trabalham entre vós”; significa
trabalhar até à exaustão.
Os que presidem o rebanho, no Senhor, devem trabalhar desta
forma, fazendo-o entre os irmãos, na convivência com eles, e não distantes como
supervisores seculares.
Muito do trabalho destes líderes consiste em admoestar, isto
é, disciplinar o rebanho através de conselhos e repreensões (I Tes 5.12). Como
velam pelas almas dos cristãos devem receber grande estima e amor de suas
ovelhas, por causa do trabalho que realizam. Este trabalho deve ser feito em
paz entre os pastores e as ovelhas (I Tes 5.13).
Grande parte deste trabalho dos pastores consiste em prevenir
o rebanho dos muitos perigos espirituais, através da Palavra de Deus.
A exortação citada em I Tes 5.14 visa também a consolar os
desanimados, que podem estar recuando na fé por causa das suas perplexidades,
diante das tribulações e provações que estejam experimentando; ou que por
qualquer outro motivo estejam perdendo o seu fervor por Cristo. Exortar
significa incentivar, para que se faça progresso seguindo adiante.
Os que são fracos no corpo de Cristo devem ser amparados, e
não repreendidos. Devem ser amparados especialmente por nossas orações, até que
aprendam a prevalecer com a própria fé.
O exercício da repreensão dos crentes insubmissos deve ser
feito com mansidão, segundo a sã doutrina, ou seja, o motivo de serem
repreendidos visa à sua restauração; a um andar ordenado segundo a Palavra de
Deus.
Tão importante é o exercício da disciplina na Igreja, que
nosso Senhor chegou mesmo a ordenar que fosse considerado como gentio e
publicano todo aquele que se dizendo crente e participando da comunhão de
determinada congregação local viesse a se tornar endurecido no pecado,
negando-se ao arrependimento de forma deliberada.
Desde os dias do Velho Testamento, Deus determinou ao Seu
povo o exercício da disciplina, de modo que consideraria culpado todo aquele
que deixasse de repreender seu irmão por alguma falta cometida (Levítico
19.17).
O ato de disciplinar e repreender traz glória para o nome do
Senhor, porque vindica Sua santidade e justiça, com demonstração de zelo e amor
por Ele. Como disciplinar e repreender não são procedimentos agradáveis de serem
realizados, e colocam em risco a popularidade de quem a isto se aplica, sendo
também algo trabalhoso e desgastante em sua própria natureza, então é uma
grande prova de amor para com o Senhor, e de desapego a nós mesmos obedecê-Lo
neste particular, cooperando para o aperfeiçoamento espiritual de nossos irmãos
em Cristo.
Como já dissemos anteriormente, isto deve ser feito no
Espírito, com mansidão, brandura e segundo a sã doutrina, e não propriamente
por nossos critérios pessoais, ou por motivo de irritação, ou qualquer outro de
natureza diferente.
Lembremos sempre que o alvo da disciplina e repreensão não é
o de castigar, porque no passado esta palavra traduzida em determinados textos
em nossas bíblias tinha o sentido de instruir, e não o de produzir propriamente
dor, humilhação, perda e sofrimento, como é a atual conotação da palavra
castigar. O alvo é de conduzir ao arrependimento, e de formar o caráter cristão
segundo a Palavra de Deus.
Isto pode ser observado especialmente no livro de Provérbios,
onde a mesma palavra hebraica para instrução ou correção foi traduzida como
castigo.
17 Põe raramente o teu pé na casa do teu próximo, para que não se enfade
de ti, e te aborreça.
Aqui é mencionado outro prazer
que devemos usar com sabedoria e moderação, que é o desfrutar da companhia de
amigos, visitando-os em seus lares.
Além de nos tornarmos
problemáticos para nossos amigos por não obedecermos as regras do bom
companheirismo e civilidade, podemos sê-lo por visitá-los frequentemente, sem
que tenhamos sido solicitados a fazê-lo.
Além disso não devemos ficar
muito tempo de modo a não nos tornarmos um estorvo para que possam tratar os
assuntos de suas famílias, somente na intimidade dos que compõem aquele lar
visitado.
Um visitante que era agradável no
princípio pode vir a se tornar alguém inoportuno e cansativo, de modo que
seremos sábios em sempre lembrar disso, de maneira a não estragarmos o vínculo
da amizade.
18 Malho, e espada, e flecha aguda é o homem que levanta falso
testemunho contra o seu próximo.
O falso testemunho é um pecado tão grave
aos olhos de Deus, que figura entre as proibições dos 10 mandamentos que foram
escritos nas tábuas de pedra da Lei.
Daí a razão de ser citado várias vezes no
livro de Provérbios.
Aqui se destaca a velocidade com que a
falsa testemunha se levanta contra o seu próximo com o fim de prejudica-lo, e
por isso necessitamos muito da proteção de Deus para que nos livre de tais instrumentos
que Satanás costuma utilizar com o intuito de afligir, principalmente, aqueles
que amam a Deus.
Portanto, temos necessidade de
orar: “Senhor,
livra a minha alma dos lábios mentirosos e da língua enganadora.” (Salmo
120.2).
19 Como dente quebrado, e pé deslocado, é a confiança no homem desleal,
no dia da angústia.
Todos conhecemos a dor que é
produzida por um dente quebrado ou um pé deslocado.
O provérbio equivale a isto quanto
a depositarmos a nossa confiança num homem desleal (infiel) nos dias em que
estejamos vivendo algum tipo de angústia.
Em vez de nos prestar consolo e
socorro, tal pessoa somente agravará o nosso sofrimento, aproveitando-se da
nossa fraqueza de alma, que é provocada pela angústia, e tanto pode nos ferir
com conselhos inapropriados e maliciosos, ou espalhando mentiras a nosso
respeito, dizendo aos outros coisas que não lhes confidenciamos de fato.
É somente em Deus que devemos
depositar a nossa confiança na hora da aflição, pois é dele que deve vir o
nosso socorro, quer nos ajudando direta e sobrenaturalmente, ou enviando
pessoas fiéis que possam nos servir verdadeiramente de auxílio.
A própria angústia tem este
propósito de colocar à prova a nossa confiança no Senhor, e demonstrarmos o
quanto cremos que Ele é amoroso, bondoso e poderoso, para vir em nosso socorro
e cumprir tudo o que tem prometido a respeito das aflições dos justos.
“E invoca-me no dia da angústia; eu te
livrarei, e tu me glorificarás.” (Salmo 50.15)
“Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor
o livra de todas.” (Salmo 34.19)
20 O que entoa canções ao coração aflito é como aquele que despe uma
peça de roupa num dia de frio, e como vinagre sobre a chaga.
A ordenança bíblica é de que nos
alegremos com os que se alegram, e que choremos com os que choram, ou seja,
devemos ser empáticos com o nosso próximo.
Entoar canções de alegria, e
expormos a nossa alegria junto ao coração daqueles que estão sofrendo
angústias, com seus corações aflitos, é comparado pelo provérbio com uma ação
dolorosa de tirar o agasalho de quem está exposto a um dia muito frio, ou com o
ato de derramar vinagre, que é ácido, sobre uma ferida, que em nada contribuirá
para a cura da pessoa, tanto num caso como noutro, senão para agravar ainda
mais a sua aflição.
Nada há de melhor para o coração
aflito do que intercedermos junto a Deus em seu favor, e tentar animá-lo com
palavras de esperança e consolação, que lhe ajudem a firmar a sua fé na bondade
e na providência do Senhor.
21 Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe pão para comer, e se tiver sede,
dá-lhe água para beber;
22 porque assim lhe amontoarás brasas sobre a cabeça, e o Senhor te
recompensará.
O apóstolo Paulo usou
textualmente as palavras deste provérbio para ilustrar o amor prático em
relação aos inimigos, em vez de procurar nos vingarmos deles:
“Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à
ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor.
Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça.
Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça.
Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.”
(Romanos 12.19-21)
É do próprio Deus que recebemos o exemplo
supremo deste amor e somos convocados a imitá-lo para sermos dignos de sermos
chamados de seus filhos.
Ao contrário do que se possa supor, a maior
glória de Deus está em demonstrar amor, perdão, misericórdia e longanimidade em
relação aos seus inimigos, do que em destruí-los pelo seu juízo e poder.
Há inclusive um motivo lógico e racional
para isto, pois Ele recebe muita glória tanto da parte daqueles que são
beneficiados diretamente por seu amor e bondade, quanto daqueles (incluindo-se
os anjos) que observam as suas boas obras, em favor de pessoas indignas.
Quanto maior for a dívida dos que são
perdoados, quanto menor for a condição deles em habilidades, sabedoria,
conhecimento e outros atributos valorosos - por incrível que possa parecer a
muitos, é exatamente nisto em que Deus é mais glorificado, pois demonstra de
modo real e prático até que ponto se estende o seu amor - até mesmo por vermes
desprezíveis que se arrastam sobre o pó.
Por isso é seu maior agrado conceder o Seu
reino aos que são pequeninos, e não aos grandes e nobres deste mundo.
Temos a comprovação disto nas ações de
Jesus em seu ministério terreno, e ao longo de toda a história da Igreja, pois
conforme ele mesmo ensinou, os que têm dívidas e ofensas maiores são os que são
mais gratos e os que mais amam a Deus por ter-lhes perdoado. Nisto, Deus é mais
glorificado.
Veja o ladrão moribundo pregado na cruz ao
lado de Jesus – por uma revelação do Espírito Santo ele pôde compreender que
aquele que padecia injustamente era mais do que um simples homem, pois era o
Rei de um reino eterno que haveria de se manifestar em breve, e então,
compungido e arrependido pediu-lhe humildemente que se lembrasse dele quando inaugurasse
o seu reino, porque queria ser um súdito obediente e pronto a deixar todo o mal
que havia lhe seguido durante toda a sua vida na terra.
Os anjos, arcanjos, querubins e serafins
ficaram boquiabertos, mas não por terem se escandalizado, ao verem o Senhor
concedendo a glória de participar do seu triunfo quando entrou no céu, não a um
nobre notável, mas a alguém que até bem pouco tempo atrás era um ladrão – eles
ficaram boquiabertos para dar glórias e aleluias ao Cordeiro que comprovava à
vista deles a profundidade e extensão do Seu amor, a ponto de receber e
conduzir à glória do céu, um pobre verme
arrependido, e não um santo já aperfeiçoado, conforme poderia ser o caso de um
dos seus apóstolos.
O Deus de todo amor e perfeição
providenciou todas as coisas de modo que quanto menor for a nossa glória diante
dele, quanto menor for o nosso merecimento, maior se torna a Sua própria
glória, pois é algo realmente glorioso ver que o que é Todo-Poderoso, Altíssimo
e Perfeito, condescende em perdoar e amar pobres vermes como nós, por sermos
pecadores.
Assim, se percebemos que por
maiores que sejam os nossos esforços para fazermos grandes coisas para o
Senhor, e não vemos em nós as habilitações, qualificações e dons que nos
capacitariam a isto, em vez de ficarmos entristecidos e pensarmos que temos sido
motivo de tristeza para o coração do Senhor, lembremos desta verdade já
anunciada no Evangelho que não frustramos os Seus planos e nem Lhe
entristecemos por isso – ao contrário, somos em nós mesmos, motivo para o
aumento da Sua glória, pelo amor, bondade e paciência demonstrados para com os
que são pequeninos e fracos, e que assim os criou, para revelar aos anjos e aos
homens o quanto ele é de fato bondoso e misericordioso.
23 O vento norte traz chuva, e a língua caluniadora, o rosto irado.
O que pode trazer consigo a
calúnia, senão provocar a ira naqueles que são caluniados?
Isto é tão certo como o vento
norte em Israel era sinal de a chuva estar chegando.
Há coisas que carregam em si esta
propriedade de trazerem outras coisas juntamente com elas, e uma destas, sem
dúvida, é a maledicência, pois com ela não provocamos apenas a ira do que é
caluniado como também a ira de Deus, porque Ele odeia este pecado, como tem
revelado em várias passagens da sua santa Palavra.
Nós deveríamos mostrar a nossa
insatisfação às pessoas que caluniam e difamam a boa conduta de outras pessoas
que conhecemos.
Se não pudermos expressar esta
insatisfação por meio de palavras, devemos fazê-lo pelos nossos olhares de
reprovação.
Isto pode ter um bom efeito
silenciando e afastando a língua caluniadora, o que será um bem para o próprio
caluniador, que estará evitando este grave pecado, e também será um bem para a
reputação de quem seria caluniado, caso se desse atenção ou aprovação à
maledicência que estava sendo feita contra a sua pessoa.
24 Melhor é morar num canto do eirado, do que com a mulher rixosa numa
casa ampla.
Este provérbio é uma repetição do relativo
ao capítulo 21, verso 9, cujo comentário apresentamos a seguir:
Quem conhece o plano de Deus para
o casamento, entende que a situação descrita no provérbio depõe completamente
contra a instituição do matrimônio, que é a de que seja um sinal do amor, da
unidade e da submissão da Igreja ao seu cabeça que é Cristo.
O marido deve amar a esposa assim
como Cristo ama a Igreja, a ponto de ter dado a vida por ela, e a esposa deve
ser submissa ao marido, assim como este deve ser a Cristo, para que haja uma
justa cooperação para que a missão do cabeça, quer da Igreja, quer do lar, seja
bem-sucedida.
Agora, quando o que prevalece é
um espírito de rixa, de disputa, de desrespeito da esposa em relação ao marido,
como é que se verá o propósito de Deus sendo cumprido em relação ao matrimônio?
De igual modo, como pode haver o
referido cumprimento em relação à unidade dos crentes com Cristo, quando estes
se rebelam contra Ele e não seguem a Sua liderança de forma voluntária e de
coração?
Como o amor pode prevalecer
quando as condições reinantes são as que acabamos de apresentar?
Daí se dizer que seria melhor
viver num canto do terraço da casa, ainda que este seja descoberto, do que
viver no conforto material de uma casa ampla ao lado de uma esposa rixosa.
Não que isto seja desejado por
Deus, mas entre estar vivendo em confronto contínuo, e ter a atitude de fugir
disso, pois quando um não quer dois não brigam, parece que esta segunda
alternativa é a mais recomendada, conforme afirmado no provérbio.
25 Como água fresca para o homem sedento, tais são as boas-novas de
terra remota.
Nos dias de Salomão não havia os meios de
comunicação de nossos dias que nos permitem ter notícias de qualquer parte do
mundo quase que instantaneamente na hora do ocorrido ou da transmissão.
Sequer havia telégrafo e para o envio de
mensagens a qualquer país distante ou terra remota da própria nação,
mensageiros eram usados, e estes levavam semanas e até mesmo meses para
retornarem com as notícias que foram encarregados de obter e trazer.
Desta forma, era um grande alívio para quem
estava sedento de saber que as novas de determinada lugar distante, estavam
chegando com o mensageiro e que estas eram boas.
O próprio Salomão tinha muitas
negociações no exterior, bem como correspondência por seus embaixadores com
tribunais estrangeiros; e quão agradável era ouvir o bom sucesso de suas
negociações no exterior, ele bem sabia pela sua própria experiência.
O céu é um país distante; e quão
bom é para nós ouvir as boas novas do evangelho que de lá nos foram enviadas
por meio da revelação e manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo; e quão bom
também é receber da parte do Espírito Santo o testemunho com o nosso espírito que
somos filhos de Deus.
26 Como fonte turva, e manancial poluído, assim é o justo que cede
diante do ímpio.
Uma pessoa que foi justificada
pela graça mediante a fé em Jesus Cristo é agora justiça de Deus e vista por
Ele inculpável e sem pecado, por causa da sua associação com nosso Senhor.
Pode-se dizer dela que foi
tornada pela graça de Deus em uma fonte e um manancial de bênçãos para o seu
próximo, através de suas orações e do testemunho que dá do evangelho.
Agora, se esta pessoa cede diante
do ímpio, consentindo em praticar as mesmas coisas que ele pratica e que são
abomináveis a Deus, pode-se dizer dela que é uma fonte que se turvou ou um
manancial que se poluiu, e que necessita ser purificado de seu pecado para que
possa voltar a ser de bom uso nas mãos de Deus.
Cair diante do ímpio traz também
desonra para o nome de Cristo, que será blasfemado por muitos como sendo de
nenhum poder para manter seus servos em santidade de vida.
Essas águas que se poluíram podem
também fazer mal a outros crentes, pela contaminação que podem adquirir ao
fazerem contato com ela, sabendo ou não, qual seja de fato a sua real condição.
Pode ser que o justo seja
covarde, e com isso se sujeite ao ímpio, por ter medo de se opor à sua maldade
e vileza, e cedendo a ele, torna-se um desincentivo para os homens bons, e
fortalece as mãos dos pecadores em seus pecados, pois se justificarão em
permanecerem na condição de perdição e impiedade em que se encontram, por
aquilo que observam de errado na vida do próprio crente.
27 comer muito mel não é bom; assim a busca da própria glória não é
glória.
Já comentamos quanto ao uso
imoderado dos prazeres dos sentidos no versículo 16. Somos alertados a tomar
cuidado com os excessos, usando de moderação e domínio próprio em todas as
situações de nossas vidas.
O desejo imoderado por alguma
coisa sempre nos fará mal no fim. Então, o provérbio compara o uso exagerado de
uma coisa boa, como o mel, que pode se nos tornar mau, com o desejo de obter o
louvor e aplauso dos homens.
Ser honrado e louvado por nosso
bom testemunho é algo bom, pois esta glória é imediatamente transferida para
Deus, pelo reconhecimento das pessoas de que é dEle que temos recebido graça e
poder para a realização de nossas boas obras.
A propósito, fomos salvos pela
graça, para a prática das boas obras que Deus preparou de antemão, para que
andássemos nelas, de modo que os homens vissem estas boas obras e Ele fosse
glorificado.
Então, quando deixamos de fazer
todas as coisas para a exclusiva glória de Deus, e tentamos furtar para nós
mesmos alguma parte desta glória, estamos, como no exemplo do mel, fazendo um
uso errado de uma coisa boa.
O próprio Senhor Jesus Cristo, em seu ministério
terreno, tudo fazia para a glória exclusiva do Pai, e não buscava glória para
Si mesmo da parte de nenhum homem, senão e apenas do próprio Pai.
De igual modo devemos proceder quanto à
busca da glória nas coisas que fazemos. Se Deus for glorificado nelas, não
precisamos esperar e nem contar com o aplauso dos homens, pois quem nos
glorificará será o próprio Deus, e não há quem possa nos atribuir uma honra mais
elevada.
28 Como a cidade derribada, que não tem muros, assim é o homem que não
pode conter o seu espírito.
O domínio próprio é um fruto do Espírito
Santo que é adquirido e aperfeiçoado por meio da nossa
fé e também da disciplina.
Tão importante é esta virtude do caráter
que o provérbio compara a pessoa que está desprovida de domínio próprio a uma
cidade derrubada que não tem muros, ou seja, ela está completamente vulnerável
a qualquer ataque que lhe for feito, e não se protegerá da forma devida, com
sabedoria e paciência.
Na verdade, quando não temos domínio
próprio ficamos vulneráveis a muitas coisas, e não somente a nos exaltarmos
fora de medida quando somos provocados por pessoas ou pelas circunstâncias da
vida, pois é o domínio próprio a virtude moderadora de todas as demais atitudes
e ações, como por exemplo:
·
a moderação no se alimentar, sabendo que o nosso
corpo é templo do Espírito Santo, e deve ser achado sóbrio, saudável e limpo
para o seu uso – de forma que, pelo domínio próprio nos guardaremos de
bebedices e glutonarias, e toda forma de alimentação incorreta e vícios que
façam mal aos nossos corpos.
·
a moderação nos entretenimentos, não permitindo que
sejamos afastados do cumprimento dos nossos deveres, de estudar, trabalhar, e
outros relacionados especialmente à obra de Deus, por causa de um abuso em
nossos modos de diversão.
·
a moderação no distinguir e realizar prioridades de
modo a que não venhamos a ficar estressados e desinteressados nos assuntos
comuns relativos à vida conjugal e à educação de nossos filhos, por nos
dedicarmos desmesuradamente a determinada tarefa específica.
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