Silvio Dutra
Mar/2016
A474
Alves, Silvio Dutra
Provérbios 20./ Silvio
Dutra Alves. – Rio de Janeiro,
2016.
48p.; 14,8x21cm
1. Teologia. 2. Salomão. 3.
Estudo Bíblico.
I. Título.
CDD
230.223
|
Provérbios 20
1 O vinho é escarnecedor, e a bebida forte alvoroçadora; e todo aquele
que neles errar não e sábio.
A embriaguez produz estados
alterados de consciência. Isso não é bom, porque importa que estejamos
plenamente sob o controle consciente de
nossos pensamentos e ações.
Acrescente-se que, se o Inimigo de nossas almas consegue muitas
vezes, nos induzir à tentação quando estamos cônscios, quanto mais quando
estamos embriagados ou sob o efeito de qualquer outro agente que produza algo
equivalente ou pior, como o vício em outros tipos de drogas.
Escárnio e alvoroço são as
condições destacadas pelo provérbio, quando estamos debaixo do efeito da bebida
forte, mas há muitas outras condições humilhantes e problemáticas a que ficamos
sujeitos.
2 Como o bramido do leão é o terror do rei; quem o provoca a ira peca
contra a sua própria vida.
O conceito de um Deus “bonzinho”,
que nunca fica irado com as nossas provocações da sua justiça, santidade e
longanimidade é algo totalmente equivocado, pois além de todos os seus
atributos de amor, misericórdia, benignidade, e bondade, ele também possui o da
ira, pelo qual leva a efeito os seus juízos contra o pecado.
Na verdade, todo pecador ainda
não justificado pelo sangue de Jesus permanece debaixo da ira de Deus, que não
se manifesta de forma imediata somente porque nos encontramos na dispensação da
graça, que ele estabeleceu desde a morte e ressurreição de Jesus, pela qual tem
adiado para o dia do juízo final, todo o ajuste de contas que devemos fazer em
relação ao bem ou ao mal que praticamos nesta vida.
Nunca é demais esquecer, que
pessoas como o chamado “anjo da morte” nazista, Joseph Mengele, depois de tudo
o que fizera de monstruoso ao próprio povo de Israel - a nação da aliança -
viveu ainda longos dias na América do Sul, vindo a falecer no Brasil de morte
natural, sem ter enfrentado sequer qualquer tribunal terreno.
Esta é dentre muitas outras, a
grande prova de que há uma dispensação de graça neste mundo, pela qual Deus não
opera logo os seus juízos, pois se tivesse de fazê-lo; não apenas o carrasco
nazista enfrentaria imediatamente o terrível juízo de morte eterna no lago de
fogo, em plena consciência, (pois essa morte não significa aniquilação, já que
o espírito humano jamais deixa de existir), bem como todos aqueles que não
estivessem ainda debaixo da cobertura do sangue de Jesus enfrentariam o mesmo
fim, pois não há diante da perfeita santidade de Deus, um único justo que seja
merecedor ou digno do céu, senão somente do inferno.
Por isso, o fato de alguém viver
muito tempo na prática da impiedade neste mundo, não é necessariamente uma
prova de que Deus não se importe com aquilo que é e faz; ao contrário, quanto
mais viver, maior será a dívida e sofrimento que terá que arcar no dia do
juízo.
3 Honroso é para o homem o desviar-se de questões;
mas todo insensato se entremete nelas.
Isto está projetado para corrigir
os erros dos homens em matéria de disputas.
Os homens pensam que é sábio se
envolver em brigas; todavia isto é a maior insensatez que existe. Aquele que
assim procede é um tolo, e cria uma grande quantidade de irritação
desnecessária para si mesmo.
Os homens pensam, quando estão
envolvidos em brigas, que seria uma vergonha deporem suas armas e recuarem;
pensam que sua honra seria manchada se assim procedessem.
Todavia, é honroso para um homem
que ele seja sábio e se desvie da contenda, até mesmo antes que ela se inicie -
quando os sinais apontam para uma possível discórdia, seja em relação ao que
for.
É a honra de um homem, revelar
que tem domínio sobre o si mesmo, que é manso e humilde de espírito, e por
saber que Deus tem ordenado que toda demanda deve ser entregue em Suas mãos,
para que tudo seja julgado com perfeita justiça, sem qualquer parcialidade.
Temos um exemplo disso em Davi,
que quando teve oportunidade de se vingar de Saul, depois de ter sido
perseguido dura e injustamente por ele durante muitos anos, disse-lhe que Deus
julgasse entre ambos o que era justo, e desse a cada um a justa recompensa ou
castigo.
Todo o Novo Testamento confirma
este procedimento. O apóstolo Pedro diz que devemos confiar a nossa alma ao
fiel criador, continuando na prática do bem, enquanto padecemos injustiças
neste mundo.
4 O preguiçoso não lavra no outono; pelo que mendigará na sega, e nada
receberá.
Há uma época apropriada para
semear e outra para colher. Se não semearmos, não colheremos; se semearmos
pouco, colheremos pouco - se muito, muito.
Por isso somos ordenados a
aproveitar todo o tempo de vida que Deus nos concede, para semearmos o maior
bem possível que pudermos, especialmente naquelas coisas relativas ao
evangelho, pois o nosso outono, ou seja, o tempo da semeadura é o tempo de vida
que temos deste outro lado do céu, para que colhamos o fruto do galardão no dia
das Bodas do Cordeiro.
O provérbio diz que aquele que não semeou
virá a mendigar, mas nada receberá. Temos aqui uma ilustração perfeita do que
sucederá a todo aquele que gastou sua vida fora do serviço de Deus. Ele nada
receberá de Suas mãos, senão apenas juízo.
5 Como águas profundas é o propósito no coração do homem; mas o homem
inteligente o descobrirá.
Discernir o propósito de outros
em relação a nós, sobretudo quando não são para o bem, e sim para o mal, é algo
que está reservado somente para aqueles que têm alcançado a sabedoria que vem
de Deus.
Há também o dom sobrenatural do
Espírito Santo, chamado discernimento de espíritos, que permite não somente
descobrir o intento dos corações, como os próprios projetos de Satanás.
Isto nos permitirá agir com
prudência, para que não venhamos a cair no mal que estes corações e espíritos
malignos intentam contra nós; já que não é fácil identificá-lo, pois geralmente
é disfarçado sob a capa de “bondade”, visto que Satanás e seus servos se
transfiguram em anjos de luz para fazer mal aos homens, especialmente àqueles
que são fiéis a Deus.
6 Muitos há que proclamam a sua própria bondade; mas o homem fiel, quem
o achará?
A pergunta final do provérbio não
é: “mas o homem bom, quem o achará?”, já que é introduzido pelo tema da bondade
que muitos proclamam possuir.
A pergunta não foi feita da
citada forma, porque simplesmente não existe qualquer pessoa que seja boa aos
olhos de Deus. Somente Ele é bom, conforme o próprio Jesus afirmou ao jovem
rico.
Agora, isto não exclui a existência
de pessoas que sejam fiéis a Deus. Mas, pela experiência e sabedoria que havia
recebido do Senhor, Salomão sabia que são poucos, em comparação com os infiéis,
e daí a pergunta em sentido irônico a estes que se acham bons: “vocês que se
julgam bons, podem ser fiéis a Deus enquanto pensam desse modo, quando ele tem
afirmado que todos são pecadores destituídos da Sua glória?”
Certa irmã em Cristo, nova
convertida, que ainda crê que a bondade de muitas pessoas é suficiente para
recomendá-las para o céu, descobriria facilmente que elas não são tão boas
quanto parecem, se simplesmente lhes pedisse para se ajoelharem ao seu lado e
orarem, louvando e glorificando o nome de Jesus, e depois fizessem um estudo
bíblico para colocarem em prática todas as coisas que nos são ordenadas na
Palavra de Deus.
Somente quem ama a Deus e o
conhece por meio da fé em Jesus, pode fazer isso. Mas, estas pessoas “boazinhas”
poderiam ser fiéis, pois mesmo nesta condição continuamos sendo pecadores, e só não seremos mais condenados ao juízo de
fogo eterno, que merecemos, porque Jesus pagou o preço exigido para a nossa
redenção. Por isso, e somente por isso não somos condenados, e não por qualquer
bondade que exista em nossa natureza terrena decaída no pecado, na qual se
afirma na Bíblia, que não existe qualquer bem.
7 O justo anda na sua integridade; bem-aventurados serão os seus filhos
depois dele.
Bem-aventurados são os filhos de pais
justos, porque pelo seu exemplo e ensino
poderá vir a andar no mesmo caminho de seus pais, vivendo também de modo justo
diante de Deus, que é o único no qual alguém pode achar a Sua bênção.
Além disso, por amor à justiça em que vivem
os pais, muitas vezes os filhos são livrados por Deus do mal, não propriamente
por causa deles, que muitas vezes andam por caminhos que não são bons, mas por
amor aos seus pais.
Nós vemos isto sendo declarado por Deus,
muitas vezes nas páginas do Velho Testamento, quando por amor à justiça do
pais, deixou de visitar com juízos a iniquidade dos filhos, ainda que não
inocentasse a estes últimos.
8 Assentando-se o rei no trono do juízo, com os seus olhos joeira a todo
malfeitor.
A rainha de Sabá testemunhou
pessoalmente, a grande sabedoria de Salomão para julgar o povo de Israel, e
afirmou que este havia sido de fato abençoado por Deus, em lhes dar um rei tão
sábio e justo como ele.
A palavra do provérbio aponta
também, para aquele Rei que se levantaria depois de Salomão, a fim de reinar
para sempre sobre Israel – Jesus - que
seria perfeitamente sábio e justo em seus juízos, de modo que quando se
assentar no seu trono de juízo, ao olhar em sua volta saberá separar (joeirar)
os ímpios dos justos. Ele o fará com seus olhos de chama de fogo que tudo
percebem, até o mais interior da alma e do espírito; de modo que nem sequer um
pensamento mau poderá ser escondido da Sua onisciência.
9 Quem pode dizer: Purifiquei o meu coração, limpo estou de meu pecado?
Esta afirmação pode até ser feita
por aqueles que tiverem sido lavados no sangue de Jesus, mas jamais poderá ser
dito que o fizeram por si mesmos, ou por causa dos seus méritos.
Toda purificação do nosso
coração, de todo pecado é sempre feita pelo próprio Jesus, com base no sangue
que derramou por nós na cruz.
O provérbio ensina, portanto que
não há em qualquer pessoa o poder de purificar a si mesma. Nenhuma boa obra,
nenhuma inciativa para se reformar pode remover a inclinação para o pecado que
se encontra ligada à nossa natureza terrena.
10 O peso fraudulento e a medida falsa são abominação ao Senhor, tanto
uma como outra coisa.
O conteúdo deste provérbio é
encontrado também em Pv 11.1 e 16.11, cujo comentário repetimos abaixo.
A balança aqui referida, não é somente aquela que é usada
como meio de pesagem de produtos, segundo o padrão estabelecido; mas, sobretudo
aquela pela qual é pesado e medido o nosso próprio caráter.
A balança pela qual é realizada esta aferição de modo justo e
correto, a qual é todo o prazer de Deus, é a Sua própria Palavra. Esta Palavra
nos recomenda honestidade, não somente em todos os nossos negócios, como em toda a nossa atitude e comportamento.
Assim, concluímos que a pessoa que não é honesta segundo o padrão divino, não é
de fato uma pessoa devota e piedosa.
Ela pode se dedicar a todos os deveres e práticas religiosas,
ainda que cristãs, e, no entanto ser achada em falta quando pesada pela balança
do céu, por não ser honesta. Um religioso verdadeiro deve ser honesto para com
todos os homens.
As práticas comerciais modernas adotaram diversos expedientes
que são desonestos em sua natureza, com o fito de aumentar a margem de
lucratividade. Mas, ainda que isso possa ser considerado inteligente entre os
que as praticam, elas permanecem como uma abominação diante do Senhor.
Nada é mais ofensivo a Deus do que a prática do engano no
comércio. A balança enganosa é aqui colocada, para todos os tipos de
práticas injustas e fraudulentas, ao se lidar com qualquer pessoa.
Evidentemente, ninguém gosta de ser enganado, até mesmo o que
é dado à prática do engano; é nisto que reside a injustiça do ato enganoso,
pois é uma injúria praticada contra o próximo.
O preço de uma mercadoria pode variar segundo as leis de oferta e
procura, mas o peso e a balança são sempre fixos segundo os padrões de medida
padronizados.
Assim, o provérbio não se refere à justiça do preço, mas à do peso e da
balança, pois uma adulteração em ambos pode indicar uma possível intenção de
desonestidade e trapaça por parte do comerciante, para aumentar sua
lucratividade por meio da fraude.
Quando o lucro é auferido por meio do prejuízo ou engano de outros, isto
configura uma abominação para Deus.
Alguém poderia indagar, por que um Deus tão elevado e poderoso, criador
de tudo o que há no universo, se ocuparia com questões que ao juízo de muitos
parecem tão pequenas e sem importância?
Afinal, que grande prejuízo poderia trazer a toda a criação, um ato isolado
de desonestidade, praticado contra alguém numa determinada ocasião?
Todavia, o problema em questão não se relaciona a possíveis prejuízos na
ordem financeira e econômica mundial, senão à corrupção da alma daquele que age
fraudulentamente, pois quem é infiel no pouco também o será no muito, e Deus
jamais confiaria as riquezas do seu reino eterno a uma pessoa que viva
sistematicamente de forma desonesta, sem que nada ofenda a sua
consciência.
11 Até a criança se dá a conhecer pelas suas ações, se a sua conduta é
pura e reta.
A árvore é conhecida
por seus frutos, um homem por suas ações, até mesmo uma árvore jovem
por seus primeiros frutos.
As crianças não aprenderam a arte
da dissimulação, e não escondem sua inclinação como os adultos, mas já trazem
em si o germe do pecado. O provérbio ensina que já nascemos pecadores, pois
este se revela até mesmo na infância. É um mal universal do qual podemos ser
curados somente pelo sangue de Jesus.
12 O ouvido que ouve, e o olho que vê, o Senhor os fez a ambos.
Cremos que o dito proverbial vá
além dos sentidos naturais da visão e audição, pois é dito várias vezes na
Bíblia, que há ouvidos que ouvem, mas não entendem, e há olhos que veem, mas
não enxergam.
A referência é sem dúvida à
capacidade de entender o que se ouve da pregação da Palavra de Deus, e à de
discernir os seus desígnios sendo cumpridos em nossa vida, e na história da
humanidade.
Por isso há uma nota que se
repete no livro de Apocalipse, de que aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça o
que o Espírito Santo está dizendo às Igrejas.
Não há dúvida que se trata de
discernir as coisas espirituais, celestiais e divinas, e ter uma visão adequada
e correta da interpretação dos fatos que ocorrem no mundo, na relação deles com
o retorno de nosso Senhor Jesus Cristo, e da ação de Deus em seus juízos sobre
o pecado, bem como o seu mover para operar a salvação e santificação daqueles
que se arrependem.
Agora, é dito que esta capacidade de ouvir
e enxergar é dada por Deus. É ele quem cria esta capacidade e condição, de modo
que devemos comprar pela nossa consagração, o colírio da graça que Jesus pode
nos dar, para que enxerguemos Sua vontade, de forma que possamos praticá-la.
13 Não ames o sono, para que não empobreças; abre os teus olhos, e te
fartarás de pão.
No sono há somente a atividade de
sonhar, que para nada é produtiva, a menos que tais sonhos sejam revelações de
Deus. Todas as demais faculdades do corpo e da alma ficam interrompidas temporariamente
enquanto dormimos, de modo que ainda que necessário, o descanso do sono deve
ser usado na medida adequada, de modo que não sejamos achados sempre prontos à
indolência, porque impede que vivamos de modo útil, conforme é da vontade de
Deus que o façamos.
Agora, há um tipo de sono mesmo
quando estamos acordados, que é aquele estado de espírito que ama a acomodação,
pelo qual nos tornamos negligentes na execução de todos os nossos deveres.
Os olhos estão abertos, mas a
alma está dormindo, alheia a tudo e a todos ao
seu redor. Isso é um mal que não pode ser vencido, caso não se lute
contra ele, por procurarmos ser ativos mesmo quando tudo em nós parece tentar
impedir que o sejamos.
Uma grande caminhada é sempre
iniciada pelo primeiro passo. Todo grande edifício é erigido pela colocação do
primeiro tijolo. Uma vez realizada a ação inicial, a tendência é que nos
entreguemos com boa vontade a dar continuidade à mesma. Se dermos o primeiro
passo, Deus nos ajudará a prosseguir na caminhada, mas se permanecermos parados
é bem improvável que o faça, pois como poderá fazer andar quem está deitado?
Isto se aplica em muitos sentidos
à própria vida espiritual, sobretudo no que tange à oração. Muitos não oram,
porque não se sentem inclinados a isto, porém todos que começam a orar serão
ajudados pelo Espírito Santo a fazê-lo, e encontrarão grande refrigério e
prazer.
Outros não se dispõem a ler a
Bíblia, e certamente não a lerão, enquanto não abrirem as suas páginas e
começarem a leitura.
14 Nada vale, nada vale, diz o comprador; mas, depois de retirar-se,
então se gaba.
Há um ditado de que aquele que desdenha
quer comprar.
As pessoas usam o artifício de
desvalorizarem os bens que desejam adquirir, para que possam fazê-lo com o
menor gasto possível.
Os vendedores, por seu turno, sabendo dessa
inclinação para tal prática costumam supervalorizar suas mercadorias, com o
propósito de que ao pechincharem cheguem o mais próximo possível do preço
justo, mas sempre pensando em levar vantagem.
Estes são truques e mentiras dos quais os
homens deveriam se envergonhar, e não se gabarem, no fim, como diz o provérbio,
por terem enganado o comprador ou o vendedor, conforme o caso.
15 Há ouro e abundância de pedras preciosas; mas os lábios do
conhecimento são joia de grande valor.
Jó perdeu bois, camelos e ovelhas
em grande número em sua provação, mas através disso e de outras perdas, Deus
queria e conseguiu forjar nele a paciência espiritual, que é muito preciosa e
rara de se ver na terra.
Bois, camelos e ovelhas existem
em abundância e podem ser vistos todos os dias, mas a paciência que é fruto do
Espírito Santo de Deus é uma joia preciosa, de grande valor aos Seus olhos.
Agora, o provérbio faz uma comparação
de igual teor, só que do conhecimento de Deus, com o ouro e as pedras
preciosas, os quais, apesar de raros são muito mais abundantes e fáceis de
serem achados do que este conhecimento verdadeiro da vontade de Deus.
Somos sábios então, quando
sabemos dar o devido valor às coisas e buscar aquelas que são mais preciosas
para Deus.
A pessoa que busca em primeiro
lugar o fruto do Espírito Santo (paz, bondade, paz, alegria, benignidade, fé,
domínio próprio, longanimidade, fidelidade etc.), e por nada o troca, é de
grande sabedoria, pois está investindo naquilo que é de real valor, eterno e
também precioso para Deus.
16 Tira a roupa àquele que fica por fiador do estranho; e o que se une à
mulher estranha.
Aqui se fala de dois tipos de
pessoas que estão arruinando suas próprias posses, e que podem vir a mendigar em breve, a
saber, aqueles que ficam amarrados ao pedido de estranhos por fiança, os quais
não raro, não saldam seus compromissos assumidos, deixando tudo ao encargo do
fiador.
O segundo tipo de pessoas
referido no provérbio são aqueles que se unem a mulheres estranhas, que os
seduzem, a fim de se tornarem suas companheiras e se apoderarem dos seus bens,
pois este é o único intuito delas na aproximação que fazem, ocultando-o
guardado em seus corações, para não levantarem desconfiança quanto ao fato de
serem apenas interesseiras.
17 Suave é ao homem o pão da mentira; mas depois a sua boca se enche de
pedrinhas.
O pecado pode ser eventualmente,
agradável enquanto é praticado, mas todos os prazeres e vantagens obtidas por
meio do pecado são um pão de mentira, pois é um alimento falso que engana os
homens, e na verdade é como um monte de pedrinhas na boca, que não podem servir
de alimento real, senão uma aflição.
Quando sua consciência é
despertada, quando ele se vê enganado, e torna-se apreensivo com a ira de Deus
contra ele, por causa do seu pecado;
quão doloroso e desconfortável será então, o seu pensamento quanto ao
que pensava ser um prazer e uma vantagem, mas na verdade é um grande prejuízo
para o bem da sua alma.
18 Os projetos se confirmam pelos conselhos; e com bons conselhos se faz
a guerra.
É bom que em cada coisa e ação a
ser deliberada, consultemos pelo menos a nós mesmos, fazendo a devida reflexão
da matéria; e antes, ou ao mesmo tempo, a direção de Deus.
Caso ainda haja alguma indecisão
quanto ao melhor caminho a seguir, devemos recorrer ao conselho daqueles que
são reconhecidamente sábios, experientes, verdadeiros amigos, ou pessoas de
caráter comprovado.
Esta é a maneira de ter nossa
mente e nossos propósitos estabelecidos, e ter sucesso em nossos assuntos, considerando que, aquilo que é feito às
pressas e com precipitação está geralmente fadado ao fracasso.
A decisão final deve ser
precedida de uma deliberação madura.
Especialmente nos casos de disputas judiciais, ou quando somos
atacados sistematicamente pelo Inimigo de nossa alma, é bom refletir juntamente
com o parecer de bons conselheiros sobre o modo de agir, e avaliar
adequadamente se devemos nos envolver no combate ou deixar tudo ao encargo de
Deus, pois Satanás muitas vezes nos provoca a que iniciemos uma luta em seu
próprio campo de batalha, sabendo que não temos da parte de Deus nenhuma ordem
para atacá-lo, e se o fizermos, a nossa derrota será certa.
Isto está ilustrado em muitas
páginas da história da nação de Israel, nas páginas do Velho Testamento, e
especialmente destacado na derrota que sofreram em Hormá, depois da sedição em
Cades-Barneia, quando decidiram entrar em combate, mesmo tendo sido alertados
por Moisés que o Senhor não seria com eles, em razão do episódio da
incredulidade dos espias e do povo em Cades.
19 O que anda mexericando revela segredos; pelo que não te metas com
quem muito abre os seus lábios.
Há um tipo de pessoas que é muito perigoso,
com as quais devemos nos cercar de toda a prudência quando em conversa com elas
– os mexeriqueiros - que comumente são também aduladores, e por lisonjas
insinuam ser nossos amigos, de forma que possam colher informações com o
intuito de espalhá-las para fins perversos.
Pessoas com essa tendência são muito usadas
por Satanás para produzir divisões nas congregações cristãs, e a melhor
forma de lidar com elas é não dar ouvido às coisas que dizem; e se possível,
nem sequer se deter para ouvi-las, uma vez sendo conhecida a fama que têm de
mexeriqueiras.
20 O que amaldiçoa a seu pai ou a sua mãe, apagar-se-lhe-á a sua lâmpada
nas mais densas trevas.
Uma criança pode tornar-se
muito má, por graus.
Ele começou desprezando o pai e a
mãe, desprezando suas instruções, desobedecendo suas ordens, e se irando com
suas repreensões, mas finalmente ele chega a um ponto de insolência e impiedade
como o de amaldiçoá-los, e dirigir-lhes uma linguagem obscena e agressiva, desejando
o mal aos que foram instrumentos do cuidado pela preservação da sua vida, e
isso em desafio a Deus e à sua lei, que tinha feito disto um crime capital nos
dias do Velho Testamento (Êxodo 21.17).
Uma criança que cresce de tal
forma virá a ter sua luz apagada, e será achada em densas trevas; toda a sua
honra será lançada no pó, e somente terá ainda algum reconhecimento, caso viva
numa sociedade permissiva e concessiva ao pecado, porém não poderá suportar
viver na luz daqueles que andam em justiça.
Muitos desses têm seus dias de
vida abreviados, pois é comum que se envolvam com tráfico de drogas, furtos e
outras práticas criminosas, cujo fim é bem conhecido de todos, especialmente
aqui no Brasil.
Considere-se também, que a sua
lâmpada não é apagada apenas neste mundo, pois aos sair em tais condições pela
morte, para o outro lado do rio, encontrar-se-á num lugar de trevas eternas que
está reservado para aqueles que as amam e não a luz, e que caminharam nas
trevas aqui embaixo, em vez de andarem na luz de Jesus.
21 A herança que no princípio é adquirida às pressas, não será abençoada
no seu fim.
O filho pródigo da parábola contada por
Jesus que o diga.
Muitos se apoderam dos bens de
seus pais por meio de expedientes fraudulentos, e com a mesma rapidez com que
se apoderam deles, também vê-los-ão serem dissolvidos pelo mau uso que deles
farão, pois aquele que se dá à prática do furto continuará furtando e usando de
fraude em seus negócios, em razão do seu caráter; isto não prosperará por muito tempo, pois
virá o dia em que será descoberto e cairá em desgraça e descrédito.
O que ele fez não pode ser
abençoado por Deus, e aquilo que não tem a bênção do Senhor está destinado à
ruina eterna.
22 Não digas: vingar-me-ei do mal; espera pelo Senhor e ele te livrará.
Este provérbio é literalmente confirmado
nas palavras do apóstolo Paulo,, em Romanos 12.19-21, em que podemos ver
claramente que o desejo de vingança é um mal que deve ser vencido pelo bem.
“Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas
dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz
o Senhor.
Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” (Rom 12.19-21)
Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” (Rom 12.19-21)
Pode parecer que apesar de não
tomarmos medidas práticas para nos vingarmos do mal que nos tiverem feito,
todavia temos a concessão da parte de Deus, de guardar pelo menos, o desejo de
vê-lo exercendo vingança por nós.
Devemos amar os nossos inimigos e
confiar somente em Deus, esperando nele para que nos livre de todo o mal que
possam intentar nos fazer.
Se a justiça demandar a
retribuição e o castigo do mal, isto compete somente ao Senhor, que tem se
comprometido em fazê-lo, visto que
sabemos que seu juízo é imparcial e perfeito.
23 Pesos fraudulentos são abomináveis ao Senhor; e balanças enganosas
não são boas.
Este provérbio é uma repetição do
que comentamos no capítulo 20, verso 1.
24 Os passos do homem são dirigidos pelo Senhor; como, pois, poderá o
homem entender o seu caminho?
Aqueles que chegam à velhice e
fazem uma correta avaliação de tudo o que foram e fizeram desde a infância,
haverão de reconhecer honestamente que houve uma intervenção de Deus dirigindo
seu caminho, tanto em coisas fundamentais, quanto nas mais pequenas.
Coisas inclusive, em que, caso
tivesse prevalecido a própria vontade, não teriam alcançado a condição
abençoada em que vieram a se achar, porque Deus lhes alterou os planos ou a
consumação deles.
No meu caso, por exemplo, com a
infância, adolescência e juventude afastado de Deus e sendo um completo ateu;
quem diria, que viria a ser um pastor a Seu serviço já por décadas seguidas?
Como poderia entender o meu caminho,
como afirma o provérbio?
Saulo de Tarso, que foi um grande
perseguidor da Igreja; quem diria que já se achava determinado nos conselhos
eternos de Deus ,que a sua verdadeira vocação não era a de ser um perseguidor
de crentes, senão o grande apostolo da sua fé?
E os exemplos se multiplicam de
formas variadas, especialmente na vida daqueles que são servos de Cristo.
Não se trata de anulação da nossa
própria vontade, mas de sermos guiados a viver e a fazer aquilo que será
afinal, melhor para nós mesmos, para muitos, e para o progresso do Reino de
Deus.
Nós não temos nenhuma previsão de
eventos futuros; portanto, como pode um homem entender o seu caminho?
25 Laço é para o homem dizer precipitadamente: É santo; e, feitos os
votos, então refletir.
Antes de santificarmos e consagrarmos algo ou alguém a Deus,
especialmente no que se refere às ordenações relativas ao ministério, devemos
refletir muito, e colocá-los à prova, conforme somos ensinados pela Bíblia,
antes de os declararmos consagrados.
A experiência na história da Igreja tem
comprovado, que são muitos os casos em que por ter sido feito justamente o
contrário, ou seja, com uma deliberação precipitada, muitos foram consagrados e
vieram a revelar depois, a sua verdadeira vocação, que não era para o que é
santo, senão para o mal. E quanto dano causaram à igreja pela posição que
chegaram a ocupar!
Há também o caso daqueles que
fazem votos precipitados, e depois se arrependem procurando um meio de não
cumpri-los. Caso tivessem refletido antes, certamente não teriam feito o voto,
e com isto não cairiam na condição de serem achados como tolos diante de Deus.
26 O rei sábio joeira os ímpios e faz girar sobre eles a roda.
Temos aqui declarado o dever dos magistrados.
Por força do seu ofício, eles devem ser um terror para os malfeitores. Eles
devem dispersar os ímpios que estão ligados em confederações a fim de se ajudarem mutuamente para fazer o
mal; e não há nenhuma
forma de se fazer isso, ou seja, de dispersá-los, senão trazendo as rodas da
justiça sobre eles, a saber, colocando as leis em execução contra eles,
esmagando seu poder e anulando seus projetos.
A gravidade deve, por vezes ser
usada para livrar o país daqueles que são abertamente cruéis, corruptos e
perniciosos.
Qual é a qualificação exigida dos
magistrados, o que é necessário para fazerem isso? Eles precisam ser piedosos e
prudentes, pois o rei sábio, é ao mesmo tempo discreto e temente a Deus,
devendo refletir em seus atos, que na busca da justiça não está procurando uma oportunidade
de vingança pessoal, ou qualquer outro fim parcial, senão o de que aqueles que
praticam males não fiquem sem a devida punição, conforme estão prescritas na
lei, cuja execução é ordenada pela vontade do próprio Deus.
27 O espírito do homem é a lâmpada do Senhor, a qual esquadrinha todo o
mais íntimo do coração.
Temos aqui a dignidade da alma, a
grande alma do homem, que é a luz que ilumina todo o homem.
É uma luz divina; é a lâmpada do
Senhor, uma vela de sua iluminação, pois é a inspiração do Todo-Poderoso que
nos dá entendimento. Ele formou o espírito do homem dentro dele. É segundo a
imagem de Deus, que o homem é criado no conhecimento.
A consciência é uma lâmpada não
apenas acesa por ele, mas a intensidade da sua iluminação também é realizada
por ele. O Pai dos espíritos é, portanto, chamado de Pai das luzes.
Com a ajuda da razão chegamos a
conhecer os homens, para julgar o seu caráter e mergulhar em seus projetos; e com a ajuda de
consciência chegamos a conhecer a nós mesmos.
O espírito do homem tem uma
consciência de si mesmo (1 Cor 2.11); ele sonda as disposições e afetos da
alma, louva o que é bom, condena o que é de outra forma, e julga os pensamentos
e intenções do coração. Esta é a função desta faculdade, deste poder da
consciência, para a formação da qual, para que seja boa e ativa temos o dever
de meditar diariamente na Palavra de Deus, e orar sem cessar para que cheguemos
ao conhecimento verdadeiro da Sua vontade e caminhos.
28 A benignidade e a verdade guardam o rei; e com a benignidade sustém
ele o seu trono.
Verdade e Justiça são as bases do
trono de Deus. O seu trono, símbolo da Sua autoridade está estabelecido para
sempre, por dele emanar somente o que é justo e verdadeiro.
A verdade é. A mentira não é.
Deus é o grande eu sou, e será para sempre, porque é a Verdade.
A verdade e a justiça se
manifestam em amor, benignidade, bondade, misericórdia; de forma que mesmo
quando julga, Deus não põe de lado a sua misericórdia e bondade, pelas quais
não excede a medida do juízo, nem procura o mal dos que são julgados, mas,
antes de tudo, restaurá-los, de modo que aqueles que são destruídos pelo juízo,
são os que rejeitaram a referida restauração.
Deus é estritamente fiel à sua palavra;
sincero, e abomina toda forma de dissimulação.
Dos poucos governantes dos quais
temos o testemunho da Bíblia e da história de terem seguido os mesmos passos de
Deus, como foi, por exemplo, o caso de
Moisés, Davi, Ezequias, Josias, entre outros; todos deixaram saudades quando
partiram deste mundo, havendo grande pranto e luto pelo fato de se ter perdido
governantes tão justos, apesar de terem deixado o registro de suas boas obras e
exemplo gravado na memória de todos que estiveram debaixo do seu governo, como
também se tornaram um grande exemplo de verdade, misericórdia e justiça para
todos os que têm lido suas biografias, até os dias de hoje.
29 A glória dos jovens é a sua força; e a beleza dos velhos são as cãs.
Não é comum que a juventude
possua a sabedoria e experiência daqueles que têm atingido a velhice.
De maneira que o que se exalta
neles, no provérbio, é a força física e vigor que possuem por conta de serem
jovens.
Estando desprovidos do mesmo
vigor dos jovens, os velhos não deixam de ter algo que seja belo e para ser
admirado, que são as suas cãs, ou seja, seus cabelos brancos, indicadores do
tempo de vida que tiveram, e, por conseguinte da oportunidade maior de
adquirirem sabedoria e experiência.
Deus tem feito assim,
especialmente para que os que são jovens usem sua força e vigor na prática
daquelas coisas, nas quais são aconselhados pelos que são mais velhos e
notoriamente sábios.
De forma que o alegado conflito
de gerações é, na verdade um reflexo dos dias de rebeldia em que temos vivido,
porque em vez de conflito deveria haver uma justa cooperação entre aqueles que
têm a força, e os que detêm a sabedoria e a experiência, especialmente nos
assuntos relativos à vontade de Deus; pois a glória dos jovens é a sua força,
desde que bem usada no serviço de Deus e de seu país, e não para atender a seus
próprios desejos.
30 Os açoites que ferem purificam do mal; e as feridas penetram até o
mais íntimo do corpo.
Muitos precisam de castigos severos.
Alguns são tão obstinados que nada pode se fazer de bom em relação a eles,
senão submeter-lhes a uma correção dolorosa, mas que não ultrapasse os meios
necessários a ponto de se tornar uma tortura.
Alguns criminosos devem sentir o
rigor da lei e da justiça pública, porque métodos suaves não irão funcionar no
caso deles.
O sábio Deus vê que seus próprios
filhos, às vezes precisam de aflições muito agudas para que se corrijam.
Repreensões severas, às vezes
fazem uma grande dose de bem, como corrosivos que contribuem para a cura de uma
ferida, por desfazer a carne esponjosa.
“E já vos esquecestes da exortação que
argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor,
E não desmaies quando por ele fores repreendido;
Porque o Senhor corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe por filho.
Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija?
Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos.
Além do que, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e nós os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, para vivermos?
Porque aqueles, na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam como bem lhes parecia; mas este, para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade.
Porque o Senhor corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe por filho.
Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija?
Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos.
Além do que, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e nós os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, para vivermos?
Porque aqueles, na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam como bem lhes parecia; mas este, para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade.
E, na verdade, toda a correção, ao presente,
não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico
de justiça nos exercitados por ela.
Portanto, tornai a levantar as mãos
cansadas, e os joelhos desconjuntados, e
fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja não se
desvie inteiramente, antes seja sarado.” (Hebreus 12.5-13)
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