quinta-feira, 10 de outubro de 2013

JEREMIAS - cap 25 a 29

JEREMIAS 25

“1 A palavra que veio a Jeremias acerca de todo o povo de Judá, no ano quarto de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá (que era o primeiro ano de Nabucodonosor, rei de Babilônia,
2 a qual anunciou o profeta Jeremias a todo o povo de Judá, e a todos os habitantes de Jerusalém, dizendo:
3 Desde o ano treze de Josias, filho de Amom, rei de Judá, até o dia de hoje, período de vinte e três anos, tem vindo a mim a palavra do Senhor, e vo-la tenho anunciado, falando-vos insistentemente; mas vós não tendes escutado.
4 Também o Senhor vos tem enviado com insistência todos os seus servos, os profetas mas vós não escutastes, nem inclinastes os vossos ouvidos para ouvir,
5 quando vos diziam: Convertei-vos agora cada um do seu mau caminho, e da maldade das suas ações, e habitai na terra que o Senhor vos deu e a vossos pais, desde os tempos antigos e para sempre;
6 e não andeis após deuses alheios para os servirdes, e para os adorardes, nem me provoqueis à ira com a obra de vossas mãos; e não vos farei mal algum.
7 Todavia não me escutastes, diz o Senhor, mas me provocastes à ira com a obra de vossas mãos, para vosso mal.
8 Portanto assim diz o Senhor dos exércitos: Visto que não escutastes as minhas palavras
9 eis que eu enviarei, e tomarei a todas as famílias do Norte, diz o Senhor, como também a Nabucodonosor, rei de Babilônia, meu servo, e os trarei sobre esta terra, e sobre os seus moradores, e sobre todas estas nações em redor. e os destruirei totalmente, e farei que sejam objeto de espanto, e de assobio, e de perpétuo opróbrio.
10 E farei cessar dentre eles a voz de gozo e a voz de alegria, a voz do noivo e a voz da noiva, o som das mós e a luz do candeeiro.
11 E toda esta terra virá a ser uma desolação e um espanto; e estas nações servirão ao rei de Babilônia setenta anos.
12 Acontecerá, porém, que quando se cumprirem os setenta anos, castigarei o rei de Babilônia, e esta nação, diz o Senhor, castigando a sua iniquidade, e a terra dos caldeus; farei dela uma desolação perpetua.
13 E trarei sobre aquela terra todas as minhas palavras, que tenho proferido contra ela, tudo quanto está escrito neste livro, que profetizou Jeremias contra todas as nações.
14 Porque deles, sim, deles mesmos muitas nações e grandes reis farão escravos; assim lhes retribuirei segundo os seus feitos, e segundo as obras das suas mãos.
15 Pois assim me disse o Senhor, o Deus de Israel: Toma da minha mão este cálice do vinho de furor, e faze que dele bebam todas as nações, às quais eu te enviar.
16 Beberão, e cambalearão, e enlouquecerão, por causa da espada, que eu enviarei entre eles.
17 Então tomei o cálice da mão do Senhor, e fiz que bebessem todas as nações, às quais o Senhor me enviou:
18 a Jerusalém, e às cidades de Judá, e aos seus reis, e aos seus príncipes, para fazer deles uma desolação, um espanto, um assobio e uma maldição, como hoje se vê;
19 a Faraó, rei do Egito, e a seus servos, e a seus príncipes, e a todo o seu povo;
20 e a todo o povo misto, e a todos os reis da terra de Uz, e a todos os reis da terra dos filisteus, a Asquelom, a Gaza, a Ecrom, e ao que resta de Asdode;
21 e a Edom, a Moabe, e aos filhos de Amom;
22 e a todos os reis de Tiro, e a todos os reis de Sidom, e aos reis das terras dalém do mar;
23 a Dedã, a Tema, a Buz e a todos os que habitam nos últimos cantos da terra;
24 a todos os reis da Arábia, e a todos os reis do povo misto que habita no deserto;
25 a todos os reis de Zinri, a todos os reis de Elão, e a todos os reis da Média;
26 a todos os reis do Norte, os de perto e os de longe, tanto um como o outro, e a todos os reinos da terra, que estão sobre a face da terra; e o rei de Sesaque beberá depois deles.
27 Pois lhes dirás: Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Bebei, e embebedai-vos, e vomitai, e caí, e não torneis a levantar, por causa da espada que eu vos enviarei.
28 Se recusarem tomar o copo da tua mão para beber, então lhes dirás: Assim diz o Senhor dos exércitos: Certamente bebereis.
29 Pois eis que sobre a cidade que se chama pelo meu nome, eu começo a trazer a calamidade; e haveis vós de ficar totalmente impunes? Não ficareis impunes; porque eu chamo a espada sobre todos os moradores da terra, diz o Senhor dos exércitos.
30 Tu pois lhes profetizarás todas estas palavras, e lhes dirás: O Senhor desde o alto bramirá, e fará ouvir a sua voz desde a sua santa morada; bramirá fortemente contra a sua habitação; dará brados, como os que pisam as uvas, contra todos os moradores da terra.
31 Chegará o estrondo até a extremidade da terra, porque o Senhor tem contenda com as nações, entrará em juízo com toda a carne; quanto aos ímpios, ele os entregará a espada, diz o Senhor.
32 Assim diz o Senhor dos exércitos: Eis que o mal passa de nação para nação, e grande tempestade se levantará dos confins da terra.
33 E os mortos do Senhor naquele dia se encontrarão desde uma extremidade da terra até a outra; não serão pranteados, nem recolhidos, nem sepultados; mas serão como esterco sobre a superfície da terra.
34 Uivai, pastores, e clamai; e revolvei-vos na cinza, vós que sois os principais do rebanho; pois já se cumpriram os vossos dias para serdes mortos, e eu vos despedaçarei, e vós então caireis como carneiros escolhidos.
35 E não haverá refúgio para os pastores, nem lugar para onde escaparem os principais do rebanho.
36 Eis a voz de grito dos pastores, o uivo dos principais do rebanho; porque o Senhor está devastando o pasto deles.
37 E as suas malhadas pacíficas são reduzidas a silêncio, por causa do furor da ira do Senhor.
38 Deixou como leão o seu covil; porque a sua terra se tornou em desolação, por causa do furor do opressor, e por causa do furor da sua ira.”

Esta profecia havia sido dada a Jeremias antes da visão que ele tivera nos dias do rei Ezequias, e que se encontra registrada no capítulo anterior, porque se refere aos dias do rei Jeoaquim, mais especificamente, o quarto ano do seu reinado, que correspondia ao primeiro ano em que Nabucodonosor começou a reinar em Babilônia (v. 1). 
Há vinte e três anos Jeremias vinha profetizando, como ele próprio afirma no verso 3, e que eles não haviam escutado a Palavra do Senhor que estava sendo falada através da sua boca.  
Não somente ele havia profetizado aos judeus como outros profetas, como por exemplo Isaías, Sofonias, Oseias, Miqueias, dentre outros, mas também não deram ouvidos ao que eles lhes haviam profetizado, especialmente quanto a chamá-los ao arrependimento, para que continuassem habitando em paz na terra que Deus lhes havia dado por promessa (v. 5).  
Como não tinham escutado as palavras do Senhor, então Ele os entregaria, conforme havia prometido fazer, na mão do rei de Babilônia, que agiria como estando a Seu serviço, para o propósito de castigar a impiedade das nações, especialmente do Seu próprio povo, os judeus.
  Durante setenta anos Babilônia dominaria sobre as nações da terra, porque este seria o tempo determinado por Deus para a existência daquele reino, que seria dominado no final dos setenta anos, pelos medos e pelos persas.
Durante a dominação dos babilônias, as nações seriam desoladas, e cessaria entre elas a voz de alegria, especialmente de suas festas, inclusive de casamentos. 
A própria Babilônia, cumpridos os setenta anos, seria também submetida ao mesmo juízo do Senhor, porque seria feito dela uma desolação, por causa da sua iniquidade. Sendo que no caso de Babilônia, deixaria de ser nação, conforme o conselho determinado do Senhor. Todavia, Israel, permaneceria perante Ele para sempre. 
Conforme o Senhor havia dito a Jeremias no início do seu ministério que ele estava sendo chamado a profetizar sobre muitas nações, para levantar e para derrubar, para plantar e para arrancar, estava ocorrendo de fato, porque pela Sua palavra na boca de Jeremias, tudo o que foi profetizado contra Babilônia sucedeu tal com havia sido profetizado, e não somente contra ela, bem como a todas as demais nações contra as quais pronunciou os Seus juízos através do profeta. 
Então, além de Judá e Babilônia, foram nomeados os reinos que tomariam do cálice do furor do Senhor que havia sido colocado na mão de Jeremias para ser derramado sobre eles, com as palavras desta profecia, como se vê nos seguintes versículos:

“19 a Faraó, rei do Egito, e a seus servos, e a seus príncipes, e a todo o seu povo;
20 e a todo o povo misto, e a todos os reis da terra de Uz, e a todos os reis da terra dos filisteus, a Asquelom, a Gaza, a Ecrom, e ao que resta de Asdode;
21 e a Edom, a Moabe, e aos filhos de Amom;
22 e a todos os reis de Tiro, e a todos os reis de Sidom, e aos reis das terras dalém do mar;
23 a Dedã, a Tema, a Buz e a todos os que habitam nos últimos cantos da terra;
24 a todos os reis da Arábia, e a todos os reis do povo misto que habita no deserto;
25 a todos os reis de Zinri, a todos os reis de Elão, e a todos os reis da Média;
26 a todos os reis do Norte, os de perto e os de longe, tanto um como o outro, e a todos os reinos da terra, que estão sobre a face da terra; e o rei de Sesaque beberá depois deles.
27 Pois lhes dirás: Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Bebei, e embebedai-vos, e vomitai, e caí, e não torneis a levantar, por causa da espada que eu vos enviarei.
28 Se recusarem tomar o copo da tua mão para beber, então lhes dirás: Assim diz o Senhor dos exércitos: Certamente bebereis.
29 Pois eis que sobre a cidade que se chama pelo meu nome, eu começo a trazer a calamidade; e haveis vós de ficar totalmente impunes? Não ficareis impunes; porque eu chamo a espada sobre todos os moradores da terra, diz o Senhor dos exércitos.”

O leão que seria levantado por Deus, Babilônia, sairia do seu covil e destruiria tanto os maus pastores como o próprio rebanho de Judá, que havia se corrompido juntamente com eles, e isto ocorreria nos dias do rei Zedequias, que viria ainda a reinar depois de Jeoaquim, durante cujo reinado foi dada esta profecia a Jeremias.    


JEREMIAS 26

“1 No princípio do reino de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, veio da parte do Senhor esta palavra, dizendo:
2 Assim diz o Senhor: Põe-te no átrio da casa do Senhor e dize a todas as cidades de Judá que vêm adorar na casa do Senhor, todas as palavras que te mando que lhes fales; não omitas uma só palavra.
3 Bem pode ser que ouçam, e se convertam cada um do seu mau caminho, para que eu desista do mal que intento fazer-lhes por causa da maldade das suas ações.
4 Dize-lhes pois: Assim diz o Senhor: Se não me derdes ouvidos para andardes na minha lei, que pus diante de vós,
5 e para ouvirdes as palavras dos meus servos, os profetas, que eu com insistência vos envio, mas não ouvistes;
6 então farei que esta casa seja como Siló, e farei desta cidade uma maldição para todas as nações da terra.
7 E ouviram os sacerdotes, e os profetas, e todo o povo, a Jeremias, anunciando estas palavras na casa do Senhor.
8 Tendo Jeremias acabado de dizer tudo quanto o Senhor lhe havia ordenado que dissesse a todo o povo, pegaram nele os sacerdotes, e os profetas, e todo o povo, dizendo: Certamente morrerás.
9 Por que profetizaste em nome do Senhor, dizendo: Será como Siló esta casa, e esta cidade ficará assolada e desabitada? E ajuntou-se todo o povo contra Jeremias, na casa do Senhor.
10 Quando os príncipes de Judá ouviram estas coisas, subiram da casa do rei à casa do Senhor, e se assentaram à entrada da porta nova do Senhor.
11 Então falaram os sacerdotes e os profetas aos príncipes e a todo povo, dizendo: Este homem é réu de morte, porque profetizou contra esta cidade, como ouvistes com os vossos próprios ouvidos.
12 E falou Jeremias a todos os príncipes e a todo o povo, dizendo: O Senhor enviou-me a profetizar contra esta casa, e contra esta cidade, todas as palavras que ouvistes.
13 Agora, pois, melhorai os vossos caminhos e as vossas ações, e ouvi a voz do Senhor vosso Deus, e o Senhor desistirá do mal que falou contra vós.
14 Quanto a mim, eis que estou nas vossas mãos; fazei de mim conforme o que for bom e reto aos vossos olhos.
15 Sabei, porém, com certeza que, se me matardes a mim, trareis sangue inocente sobre vós, e sobre esta cidade, e sobre os seus habitantes; porque, na verdade, o Senhor me enviou a vós, para dizer aos vossos ouvidos todas estas palavras.
16 Então disseram os príncipes e todo o povo aos sacerdotes e aos profetas: Este homem não é réu de morte, porque em nome do Senhor, nosso Deus, nos falou.
17 Também se levantaram alguns dos anciãos da terra, e falaram a toda a assembleia do povo, dizendo:
18 Miqueias, o morastita, profetizou nos dias de Ezequias, rei de Judá, e falou a todo o povo de Judá, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos: Sião será lavrada como um campo, e Jerusalém se tornará em montões de ruínas, e o monte desta casa como os altos de um bosque.
19 Mataram-no, porventura, Ezequias, rei de Judá, e todo o Judá? Antes não temeu este ao Senhor, e não implorou o favor do Senhor? e não se arrependeu o Senhor do mal que falara contra eles? Mas nós estamos fazendo um grande mal contra as nossas almas.
20 Também houve outro homem que profetizava em nome do Senhor: Urias, filho de Semaías, de Quiriate-Jearim, o qual profetizou contra esta cidade, e contra esta terra, conforme todas as palavras de Jeremias;
21 e quando o rei Jeoaquim, e todos os seus valentes, e todos os príncipes, ouviram as palavras dele, procurou o rei matá-lo; mas quando Urias o ouviu, temeu, e fugiu, e foi para o Egito;
22 mas o rei Jeoaquim enviou ao Egito certos homens; Elnatã, filho de Acbor, e outros com ele,
23 os quais tiraram a Urias do Egito, e o trouxeram ao rei Jeoaquim, que o matou à espada, e lançou o seu cadáver nas sepulturas da plebe.
24 Porém Aicão, filho de Safã, deu apoio a Jeremias, de sorte que não foi entregue na mão do povo, para ser morto.”

Os fatos narrados neste capitulo sucederam no início do reinado de Jeoaquim, quando o Senhor enviou Jeremias a pregar no átrio do templo contra Jerusalém e contra o próprio  templo, e o prenderam conduzindo-o à presença do rei para que fosse morto, por ter proferido tais palavras.
E os principais sacerdotes e anciãos, bem como todo o povo queriam matar Jeremias porque havia dito que Deus faria a Jerusalém e ao templo, o mesmo que fizera a Siló, nos dias do sumo sacerdote Eli.
Todavia, Jeremias sustentou corajosamente diante de todos eles o que havia proferido, e que deveriam emendar as suas más ações para que achassem misericórdia da parte do Senhor. 
Então eles passaram a refletir com prudência, em favor de Jeremias, lembrando o perigo que haveria para todos eles se derramassem o sangue inocente de um profeta do Senhor, e lembraram de que o rei Ezequias nada fizera contra Miqueias quando profetizou contra a maldade dos judeus, antes, eles ouviram suas palavras.
Um outro profeta chamado Urias, que estava sendo guardado pelo rei Jeoaquim para ser morto, não teve a mesma proteção da parte de Deus, que estava sobre Jeremias, porque não confirmou o que estava pregando, tal como Jeremias fizera, e  mesmo tendo fugido para o Egito, o rei mandou que fossem em perseguição dele, e conseguindo capturá-lo matou-o à espada.
Mas Aicão, agiu de modo nobre, e estando na mesma condição de Jeremias e Urias, não fugiu à responsabilidade e à coragem de defender a verdade, e ficou do lado de Jeremias, e por isso não foi morto, porque achou favor da parte do Senhor (v. 21 a 24).
Urias tentou salvar a sua vida e morreu. Aicão se dispôs a perder a vida por amor à verdade e foi poupado. Isto nos faz lembrar das palavras de nosso Senhor:

“pois, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, acha-la-á.” (Mt 16.25)

A fuga de Urias para poupar a própria vida poderia comprometer o que havia dito, porque não é comum que profetas do Senhor não afirmem a verdade que pregaram em face do perigo da morte, e isto colocaria a Palavra proferida em dúvida, como tendo sido procedente de fato da parte do Senhor, e por isso foi permitido por Deus que lhe viesse tal juízo, de maneira a demonstrar que não havia aprovado a atitude do profeta. 


JEREMIAS 27

“1 No princípio do reinado de Zedequias, filho de Josias, rei de Judá, veio esta palavra a Jeremias da parte do Senhor, dizendo:
2 Assim me disse o Senhor: Faze-te correias e canzis e põe-nos ao teu pescoço.
3 Depois envia-os ao rei de Edom, e ao rei de Moabe, e ao rei dos filhos de Amom, e ao rei de Tiro, e ao rei de Sidom, pela mão dos mensageiros que são vindos a Jerusalém a ter com zedequias, rei de Judá;
4 e lhes darás uma mensagem para seus senhores, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Assim direis a vossos senhores:
5 Sou eu que, com o meu grande poder e o meu braço estendido, fiz a terra com os homens e os animais que estão sobre a face da terra; e a dou a quem me apraz.
6 E agora eu entreguei todas estas terras na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, meu servo; e ainda até os animais do campo lhe dei, para que o sirvam.
7 Todas as nações o servirão a ele, e a seu filho, e ao filho de seu filho, até que venha o tempo da sua própria terra; e então muitas nações e grandes reis se servirão dele.
8 A nação e o reino que não servirem a Nabucodonosor, rei de Babilônia, e que não puserem o seu pescoço debaixo do jugo do rei de Babilônia, punirei com a espada, com a fome, e com a peste a essa nação, diz o Senhor, até que eu os tenha consumido pela mão dele.
9 Não deis ouvidos, pois, aos vossos profetas, e aos vossos adivinhadores, e aos vossos sonhos, e aos vossos agoureiros, e aos vossos encantadores, que vos dizem: Não servireis o rei de Babilônia;
10 porque vos profetizam a mentira, para serdes removidos para longe da vossa terra, e eu vos expulsarei dela, e vós perecereis.
11 Mas a nação que meter o seu pescoço sob o jugo do rei de Babilônia, e o servir, eu a deixarei na sua terra, diz o Senhor; e lavra-la-á e habitará nela.
12 E falei com Zedequias, rei de Judá, conforme todas estas palavras: Metei os vossos pescoços no jugo do rei de Babilônia, e servi-o, a ele e ao seu povo, e vivei.
13 Por que morrereis tu e o teu povo, à espada, de fome, e de peste, como o Senhor disse acerca da nação que não servir ao rei de Babilônia?
14 Não deis ouvidos às palavras dos profetas que vos dizem: Não servireis ao rei de Babilônia; porque vos profetizam a mentira.
15 Pois não os enviei, diz o Senhor, mas eles profetizam falsamente em meu nome; para que eu vos lance fora, e venhais a perecer, vós e os profetas que vos profetizam.
16 Então falei aos sacerdotes, e a todo este povo, dizendo: Assim diz o Senhor: Não deis ouvidos às palavras dos vossos profetas, que vos profetizam dizendo: Eis que os utensílios da casa do senhor cedo voltarão de Babilônia; pois eles vos profetizam a mentira.
17 Não lhes deis ouvidos; servi ao rei de Babilônia, e vivei. Por que se tornaria esta cidade em assolação?
18 Se, porém, são profetas, e se está com eles a palavra do Senhor, intercedam agora junto ao Senhor dos exércitos, para que os utensílios que ficaram na casa do Senhor, e na casa do rei de Judá, e em Jerusalém, não vão para Babilônia.
19 Pois assim diz o Senhor dos exércitos acerca das colunas, e do mar, e das bases, e dos demais utensílios que ficaram na cidade,
20 os quais Nabucodonosor, rei de Babilônia, não levou, quando transportou de Jerusalém para Babilônia a Jeconias, filho de Jeoaquim, rei de Judá, como também a todos os nobres de Judá e de Jerusalém;
21 assim pois diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel, acerca dos utensílios que ficaram na casa do Senhor, e na casa do rei de Judá, e em Jerusalém:
22 Para Babilônia serão levados, e ali ficarão até o dia em que eu os visitar, diz o Senhor; então os farei subir, e os restituirei a este lugar.”

Esta profecia foi dada no início do reinado de Zedequias, quando uma embaixada de Edom, Moabe, Amon, Tiro e Sidom, viera ter com ele em Jerusalém, provavelmente na ocasião das cerimônias da sua entronização, e quando procuraram conspirar contra o rei de Babilônia, porque falsos profetas estavam profetizando para estes reis as visões e oráculos de que eles sacudiriam o jugo do rei de Babilônia que estava sobre eles. 
Então o Senhor ordenou a Jeremias que preparasse correias e canzis, e mandou que ele os desse àqueles embaixadores para que fossem levados aos respectivos reis, dizendo-lhes que usassem o jugo do rei de Babilônia, porque toda a nação que se recusasse a servi-lo, seria destruída.
É importante observar que estas mesmas nações que tentaram conspirar com Zedequias contra Babilônia, haviam se juntado a ela para virem contra Jerusalém, no cerco de quase dois anos que eles fizeram contra a referida cidade.
Eles fizeram isto não por terem dado crédito à profecia de Jeremias, mas por motivo de dissimulação, para que não chegasse ao conhecimento do rei de Babilônia que estavam conspirando contra ele. 
Entretanto, de nada adiantou se coligarem a ele, porque, conforme estava determinado pelo Senhor, eles viriam também a ser destruídos por ele, depois de ter dominado Jerusalém e ter feito contra ela, tudo o que o Senhor dissera através de Jeremias, especialmente quanto à destruição do templo, e da remoção do demais utensílios sagrados que haviam sido lá deixados, por terem sido poupados quando os vasos do templo foram destruído na primeira leva de cativos em 605 a. C. nos dias de Jeoaquim, como uma forma de retribuição do Senhor às perversidades do referido rei.    
Tão grande é a misericórdia do Senhor, que nós vemos que logo no início do reinado de Zedequias, Ele tentou ainda fazer com que muitos fossem poupados em Jerusalém, por ouvirem a Sua palavra, rendendo-se voluntariamente ao rei de Babilônia para serem poupados, mas o orgulho deles e endurecimento no pecado, e apego às suas riquezas que haviam juntado em Jerusalém não lhes permitiria uma tal coisa, e assim correram com seus próprios pés de encontro à destruição, quando poderiam ter-se poupado dela.
De igual modo, quando um crente rebelde é admoestado e repreendido por seus líderes, que lhes falam pelo Espírito, para se arrepender e a voltar para o Senhor, e não lhes dá ouvidos,  ele fica sujeito à correção da Aliança, sem a qual o Senhor não deixará a nenhum de Seus filhos, até o ponto extremo de serem considerados gentios e publicanos, ou serem entregues a Satanás para a destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor.

JEREMIAS 28

“1 E sucedeu no mesmo ano, no princípio do reinado de Zedequias, rei de Judá, no ano quarto, no mês quinto, que Hananias, filho de Azur, o profeta de Gibeão, me falou, na casa do Senhor, na presença dos sacerdotes e de todo o povo dizendo:
2 Assim fala o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel, dizendo: Eu quebrarei o jugo do rei de Babilônia.
3 Dentro de dois anos, eu tornarei a trazer a este lugar todos os utensílios da casa do Senhor, que deste lugar tomou Nabucodonosor, rei de Babilônia, levando-os para Babilônia.
4 Também a Jeconias, filho de Jeoaquim rei de Judá, e a todos os do cativeiro de, Judá, que entraram em Babilônia, eu os tornarei a trazer a este lugar, diz o Senhor; porque hei de quebrar o jugo do rei de Babilônia.
5 Então falou o profeta Jeremias ao profeta Hananias, na presença dos sacerdotes, e na presença de todo o povo que estava na casa do Senhor.
6 Disse pois Jeremias, o profeta: Amém! assim faça o Senhor; cumpra o Senhor as tuas palavras, que profetizaste, e torne ele a trazer os utensílios da casa do Senhor, e todos os do cativeiro, de Babilônia para este lugar.
7 Mas ouve agora esta palavra, que eu falo aos teus ouvidos e aos ouvidos de todo o povo:
8 Os profetas que houve antes de mim e antes de ti, desde a antiguidade, profetizaram contra muitos países e contra grandes reinos, acerca de guerra, de fome e de peste.
9 Quanto ao profeta que profetizar de paz, quando se cumprir a palavra desse profeta, então será conhecido que o Senhor na verdade enviou o profeta.
10 Então o profeta Hananias tomou o canzil do pescoço do profeta Jeremias e o quebrou.
11 E falou Hananias na presença de todo o povo, dizendo: Isto diz o Senhor: Assim dentro de dois anos quebrarei o jugo de Nabucodonosor, rei de Babilônia, de sobre o pescoço de todas as nações. E Jeremias, o profeta, se foi seu caminho.
12 Então veio a palavra do Senhor a Jeremias, depois de ter o profeta Hananias quebrado o jugo de sobre o pescoço do profeta Jeremias, dizendo:
13 Vai, e fala a Hananias, dizendo: Assim diz o Senhor: Jugos de madeira quebraste, mas em vez deles farei jugos de ferro
14 Pois assim diz o Senhor dos exércitos o Deus de Israel Jugo de ferro pus sobre o, pescoço de todas estas nações, para servirem a Nabucodonosor, rei de Babilônia, e o servirão; e até os animais do campo lhe dei.
15 Então disse o profeta Jeremias ao profeta Hananias: Ouve agora, Hananias: O Senhor não te enviou, mas tu fazes que este povo confie numa mentira.
16 Pelo que assim diz o Senhor: Eis que te lançarei de sobre a face da terra. Este ano morrerás, porque pregaste rebelião contra o Senhor.
17 Morreu, pois, Hananias, o profeta, no mesmo ano, no sétimo mês.”

A narrativa deste capitulo é uma continuação da narrativa do capítulo anterior, porque Jeremias ainda se encontrava com um dos canzis em seu próprio pescoço, quando veio ter com ele o profeta Hananias, desdizendo tudo o que Jeremias havia profetizado e fazendo promessas falsas de paz para Jerusalém, e ao tirar o jugo de madeira que estava no pescoço de Jeremias, o quebrou, dizendo que era aquilo que o Senhor faria dentro de dois anos a Babilônia, porque quebraria o jugo que ela estava impondo às nações, e que os utensílios do templo seriam trazidos de volta, bem como o rei Joaquim e todos os que se encontravam com ele no cativeiro.
A resposta de Deus para Hananias, foi a de que não lhe havia enviado, e que portanto, não somente a palavra que dissera por Jeremias seria mantida, porque em vez de jugo de madeira, faria um jugo de ferro para as nações sob o domínio de Babilônia, e que Hananias morreria naquele mesmo ano, e isto ocorreu apenas dois meses depois de ter sido proferido contra ele tal juízo.
Tais evidências que o Senhor estava dando aos judeus de que estava de fato falando através de Jeremias seria o suficiente para que eles se arrependessem e atendessem à sua palavra relativa a que se rendessem ao rei de Babilônia para que fossem poupados, mas eles estavam endurecidos o bastante para fazê-lo.
Não é incomum que isto ocorra a crentes que permaneçam durante muito tempo afastados de Deus, porque por maiores que sejam os milagres e as evidências de que Deus é com os servos que lhes tem enviado para a restauração deles, geralmente permanecem cegos e endurecidos, por causa do pecado do orgulho que não permite que se humilhem perante o Senhor e se arrependam dos seus pecados convertendo-se a Ele.     


JEREMIAS 29

“1 Ora, são estas as palavras da carta que Jeremias, o profeta, enviou de Jerusalém, aos que restavam dos anciãos do cativeiro, como também aos sacerdotes, e aos profetas, e a todo o povo, que Nabucodonosor levara cativos de Jerusalém para Babilônia,
2 depois de terem saído de Jerusalém o rei Jeconias, e a rainha-mãe, e os eunucos, e os príncipes de Judá e Jerusalém e os artífices e os ferreiros.
3 Veio por mão de Elasa, filho de Safã, e de Gemarias, filho de Hilquias, os quais Zedequias, rei de Judá, enviou a Babilônia, a Nabucodonosor, rei de Babilônia; eis as palavras da carta:
4 Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel, a todos os do cativeiro, que eu fiz levar cativos de Jerusalém para Babilônia:
5 Edificai casas e habitai-as; plantai jardins, e comei o seu fruto.
6 Tomai mulheres e gerai filhos e filhas; também tomai mulheres para vossos filhos, e dai vossas filhas a maridos, para que tenham filhos e filhas; assim multiplicai-vos ali, e não vos diminuais.
7 E procurai a paz da cidade, para a qual fiz que fôsseis levados cativos, e orai por ela ao Senhor: porque na sua paz vós tereis paz.
8 Pois assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Não vos enganem os vossos profetas que estão no meio de vós, nem os vossos adivinhadores; nem deis ouvidos aos vossos sonhos, que vós sonhais;
9 porque eles vos profetizam falsamente em meu nome; não os enviei, diz o Senhor.
10 Porque assim diz o Senhor: Certamente que passados setenta anos em Babilônia, eu vos visitarei, e cumprirei sobre vós a minha boa palavra, tornando a trazer-vos a este lugar.
11 Pois eu bem sei os planos que estou projetando para vós, diz o Senhor; planos de paz, e não de mal, para vos dar um futuro e uma esperança.
12 Então me invocareis, e ireis e orareis a mim, e eu vos ouvirei.
13 Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração.
14 E serei achado de vós, diz o Senhor, e farei voltar os vossos cativos, e congregar-vos-ei de todas as nações, e de todos os lugares para onde vos lancei, diz o Senhor; e tornarei a trazer-vos ao lugar de onde vos transportei.
15 Porque dizeis: O Senhor nos levantou profetas em Babilônia;
16 portanto assim diz o Senhor a respeito do rei que se assenta no trono de Davi, e de todo o povo que habita nesta cidade, vossos irmãos, que não saíram convosco para o cativeiro;
17 assim diz o Senhor dos exércitos: Eis que enviarei entre eles a espada, a fome e a peste e fa-los-ei como a figos péssimos, que não se podem comer, de ruins que são.
18 E persegui-los-ei com a espada, com a fome e com a peste; farei que sejam um espetáculo de terror para todos os reinos da terra, e para serem um motivo de execração, de espanto, de assobio, e de opróbrio entre todas as nações para onde os tiver lançado,
19 porque não deram ouvidos às minhas palavras, diz o Senhor, as quais lhes enviei com insistência pelos meus servos, os profetas; mas vós não escutastes, diz o Senhor.
20 Ouvi, pois, a palavra do Senhor, vós todos os do cativeiro que enviei de Jerusalém para Babilônia.
21 Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel, acerca de Acabe, filho de Colaías, e de Zedequias, filho de Maaseias, que vos profetizam falsamente em meu nome: Eis que os entregarei na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, e ele os matará diante dos vossos olhos.
22 E por causa deles será formulada uma maldição por todos os exilados de Judá que estão em Babilônia, dizendo: O Senhor te faça como a Zedequias, e como a Acabe, os quais o rei de Babilônia assou no fogo;
23 porque fizeram insensatez em Israel, cometendo adultério com as mulheres de seus próximos, e anunciando falsamente em meu nome palavras que não lhes mandei. Eu o sei, e sou testemunha disso, diz o Senhor.
24 E a Semaías, o neelamita, falarás, dizendo:
25 Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Porquanto enviaste em teu próprio nome cartas a todo o povo que está em Jerusalém, como também a Sofonias, filho de Maaseias, o sacerdote, e a todos os sacerdotes, dizendo:
26 O Senhor te pôs por sacerdote em lugar de Jeoiada, o sacerdote, para que fosses encarregado da casa do Senhor, sobre todo homem obsesso que profetiza, para o lançares na prisão e no tronco;
27 agora, pois, por que não repreendeste a Jeremias, o anatotita, que vos profetiza?
28 Pois que até nos mandou dizer em Babilônia: O cativeiro muito há de durar; edificai casas, e habitai-as; e plantai jardins, e comei do seu fruto.
29 E lera Sofonias, o sacerdote, esta carta aos ouvidos de Jeremias, o profeta.
30 Então veio a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:
31 Manda a todos os do cativeiro, dizendo: Assim diz o Senhor acerca de Semaías, o neelamita: Porquanto Semaías vos profetizou, quando eu não o enviei, e vos fez confiar numa mentira,
32 portanto assim diz o Senhor: Eis que castigarei a Semaías, o neelamita, e a sua descendência; ele não terá varão que habite entre este povo, nem verá ele o bem que hei de fazer ao meu povo, diz o Senhor, porque pregou rebelião contra o Senhor.”

Nos dias do rei Ezequias, o Senhor deu a Jeremias as palavras que deveriam ser registradas numa carta para ser enviada aos judeus que se encontravam no cativeiro em Babilônia, palavras estas que se encontram nos versos 4 a 28.
O propósito principal da carta era o de demonstrar que a condição dos judeus que se encontravam em Babilônia não era sem esperança, e nem pior do que a dos que ainda se encontravam em Judá e Jerusalém, porque o Senhor visitaria a estes, com fome, peste e espada.    
Deste modo, não deveriam dar ouvidos às mensagens de falsos profetas no meio deles em Babilônia, que procuravam instigá-los contra o governo da nação dominadora, pelas falsas promessas de que seriam libertados. 
Ao contrário, eles teriam que permanecer por setenta anos em Babilônia, e por isso deveriam viver normalmente na cidade, tanto quanto lhes fosse possível, construindo suas casas, dando-se em casamento, e principalmente orando ao Senhor para que houvesse paz na cidade, em vez de insurreição, porque na paz da cidade, eles encontrariam a própria paz deles.
E para confirmar que isto era a verdade, conforme a revelara a Jeremias, o Senhor citou os nomes de dois falsos profetas que estavam entre eles, chamados Acabe e Zedequias, que seriam um sinal para eles, porque o Senhor os entregaria na mão de Nabucodonosor, que os mataria diante dos olhos deles, e o faria não pela espada, mas pelo fogo. Além de falsos profetas estes homens eram adúlteros, e como poderiam falar em nome do Senhor vivendo em adultério? Tal seria a desgraça de ambos, que Judá levantaria um provérbio depois deles como fórmula de maldição dizendo que o Senhor fizesse a tais amaldiçoados o que fizera a Acabe e a Zedequias, que foram assados no fogo pelo rei de Babilônia (v. 21 a 23).     
Além disso, a carta enviada a eles continha um juízo contra Semaías, que estava enviando cartas em seu próprio nome, de Babilônia para todo o povo que se encontrava em Jerusalém, e especialmente ao sacerdote Sofonias, e aos demais sacerdotes dizendo-lhes que O Senhor lhe havia colocado por sacerdote no lugar de Jeoiada, para lançar na prisão e no tronco a todo homem que profetizasse, querendo com isto atingir a Jeremias, mas o profeta, corajosamente, inspirado por Deus, perguntou-lhe na carta porque ele não havia sido repreendido até então porque continuava profetizando que o cativeiro duraria muito tempo, e que então edificassem casas em Babilônia e habitassem nelas, e plantassem pomares e comessem do seu fruto.  

A pedido de Jeremias o próprio sacerdote Sofonias leu o teor desta carta em voz alta (v. 29), e depois de tê-la lido, veio a palavra do Senhor a Jeremias mandando dizer a todos os do cativeiro em Babilônia que porquanto Semaías profetizou o que Ele não havia ordenado, fazendo-lhes confiar em mentira, então o castigaria, bem como a sua descendência, e não haveria ninguém da descendência dele que retornaria a Judá, quando o Senhor trouxesse o Seu povo de volta de Babilônia.  

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