SALMO 34 – Salmo de Davi
(quando se fingiu de louco na presença de Abimeleque)
“Bendirei o SENHOR em todo o tempo, o seu louvor estará sempre nos
meus lábios. Gloriar-se-á no SENHOR a
minha alma; os humildes o ouvirão e se alegrarão. Engrandecei o SENHOR comigo, e todos, à uma,
lhe exaltemos o nome. Busquei o SENHOR,
e ele me acolheu; livrou-me de todos os meus temores. Contemplai-o e sereis
iluminados, e o vosso rosto jamais sofrerá vexame. Clamou este aflito, e o SENHOR o ouviu e o
livrou de todas as suas tribulações. O
anjo do SENHOR acampa-se ao redor dos que o temem e os livra. Oh! Provai e vede que o SENHOR é bom;
bem-aventurado o homem que nele se refugia.
Temei o SENHOR, vós os seus santos, pois nada falta aos que o
temem. Os leõezinhos sofrem necessidade
e passam fome, porém aos que buscam o SENHOR bem nenhum lhes faltará. Vinde, filhos, e escutai-me; eu vos ensinarei
o temor do SENHOR. Quem é o homem que
ama a vida e quer longevidade para ver o bem?
Refreia a língua do mal e os lábios de falarem dolosamente. Aparta-te do mal e pratica o que é bom;
procura a paz e empenha-te por alcançá-la.
Os olhos do SENHOR repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão
abertos ao seu clamor. O rosto do SENHOR
está contra os que praticam o mal, para lhes extirpar da terra a memória. Clamam os justos, e o SENHOR os escuta e os
livra de todas as suas tribulações.
Perto está o SENHOR dos que têm o coração quebrantado e salva os de
espírito oprimido. Muitas são as
aflições do justo, mas o SENHOR de todas o livra. Preserva-lhe todos os ossos, nem um deles
sequer será quebrado. O infortúnio
matará o ímpio, e os que odeiam o justo serão condenados. O SENHOR resgata a alma dos seus servos, e
dos que nele confiam nenhum será condenado.”
No comentário deste
salmo, nós usaremos um texto de autoria de Spurgeon, em domínio público, na
Internet, que traduzimos do original inglês, intitulado: O ensino das Crianças:
“Vinde, filhos,
e escutai-me; eu vos ensinarei o temor do Senhor.” (Sl 34.11)
É uma coisa singular que os homens
piedosos descubram frequentemente seu dever quando estão situados nas condições
mais humilhantes. Nunca em sua vida, Davi estivera em pior perigo do que o que
lhe inspirou este Salmo. É, como lemos no seu começo “Salmo de Davi, quando se
fizera amalucado na presença de Abimeleque, e, por este expulso, ele se
foi”. Davi foi levado diante do Rei
Aquis, o Abimeleque da Filistia, a fim de tentar escapar, ele simulou estar
louco, com uns sintomas muito degradantes que bem podiam confirmar sua loucura.
Foi expulso do palácio, e, como é normal quando tais pessoas passam pela rua,
um certo número de crianças deve ter se reunido ao seu redor. Em dias
posteriores, ao cantar louvores a Deus, e recordando como havia chegado a ser o
palhaço de criancinhas, pareceu dizer: “Tenho me rebaixado na estima das
gerações vindouras, por minha insensatez nas ruas diante das crianças. Agora
tratarei de desfazer este mal.”. “Vinde, filhos, e escutai-me; eu vos ensinarei
o temor do Senhor.”.
É muito possível que se Davi nunca
houvesse se encontrado nestas circunstâncias, nunca haveria pensado neste
dever, porque não encontro nenhum outro Salmo no qual ele dissesse: “Vinde,
filhos, e escutai-me; e vos ensinarei o temor do Senhor.”. Teria o cuidado de
suas cidades, províncias e nação pressionando-o, e pôde prestar pouca atenção à
educação dos jovens. Porém aqui, levado à mais humilde posição que alguém possa
ocupar, havendo chegado a ser como privado da razão, recorda seu dever. O cristão
exaltado e próspero nem sempre se lembra dos cordeiros; esta tarefa geralmente
recai sobre os Pedros, cuja confiança e soberba têm sido vencidas, e que se
regozijam em responder assim de uma maneira prática a pergunta: “Tu me amas ?”.
De nosso texto extrairei primeiro
uma doutrina, em segunda lugar, dois alentos, em terceiro, três instruções, em
quarto, quatro instruções, e em quinto lugar cinco temas para crianças, tudo
isto tomado do texto.
I. Primeiro, UMA DOUTRINA. “Vinde, filhos, e
escutai-me; eu vos ensinarei o temor do Senhor.”. A doutrina é que as crianças
são capazes de receber o ensino do temor do Senhor. Os homens são em geral
tanto mais sábios quanto mais insensatos têm sido. Davi havia sido sumamente
insensato, e agora se transformou em extremamente sábio. E ao sê-lo, não era
provável que expressasse sentimentos insensatos, nem que desse instruções que
fossem ditadas por uma mente débil.
Temos
ouvido falar de alguns que as crianças não podem compreender os grandes
mistérios da Palavra de Deus. Inclusive sabemos de alguns mestres da Escola
Dominical que cautelosamente evitam mencionar as grandes doutrinas do
evangelho, porque creem que as crianças não estão preparadas para recebê-las. O
mesmo erro se tem introduzido no púlpito, porque atualmente se crê, entre certa
classe de pregadores, que muitas das doutrinas da palavra de Deus, ainda que
corretas, não são adequadas para serem ensinadas ao povo, porque seriam
confundidos para a própria destruição deles. Fora com esse sacerdotalismo, que
é o mesmo erro em que incorrem os católicos romanos ! Tudo o que o meu Deus
revelou deve ser pregado. Tudo o que tem revelado, ainda que não possa
compreendê-lo, seguirei crendo, e pregando. Mantenho que não há nenhuma
doutrina da Palavra de Deus que uma criança, se é capaz de salvação, não seja
capaz de receber. Queria que as crianças fossem ensinadas em todas as grandes
doutrinas da verdade sem uma só exceção, para que em tempos posteriores possam
aferrar-se a elas. Posso dar testemunho de que as crianças podem compreender as
Escrituras, porque estou seguro de que quando era somente um menino podia
discutir acerca de muitos pontos intrincados de controvérsia teológica, no
círculo de amigos de meu pai. De fato, as crianças são capazes de compreender
algumas coisas nas primeiras etapas da vida, que dificilmente compreendemos
posteriormente. As crianças têm de maneira eminente a simplicidade da fé. A
simplicidade é equivalente ao mais alto conhecimento; em realidade, não podemos
dizer que haja muita diferença entre a simplicidade de um menino e o gênio de
mente mais profunda. O que recebe as coisas com simplicidade, como criança,
terá frequentemente ideias que o homem propenso a fazer um silogismo com todas
as coisas nunca chegará a alcançar.
Se
querem saber se é possível ensinar as crianças, lhes apontarei muitos exemplos
em nossas igrejas, e em famílias piedosas: não prodígios, senão meninos que
vemos com frequência: Timóteos e Samuéis, e também meninas pequenas, que têm
chegado a conhecer muito cedo o amor do Salvador. Assim como um menino é capaz
de ser condenado ainda cedo, também é capaz de ser salvo. Tão cedo como um
menino pode pecar, este menino pode, se lhe assiste a graça de Deus, crer e
receber a Palavra de Deus. Tenham a certeza de que tão cedo como o menino pode
conhecer o mal, é competente, sob a condução do Espírito Santo, para aprender o
bem. Nunca vá à sua classe com o pensamento de que as crianças não podem
compreender, porque se não lhes faz compreenderem é porque não compreende você
mesmo. Se não lhes ensina os caminhos que deseja, é porque você não é adequado
para a tarefa; você deveria falar palavras mais simples, mais adequadas para
sua capacidade, e logo descobrirá que não era culpa da criança, senão do
adulto, que ela não aprendesse. Mantenho que as crianças são capazes de
salvação. O Senhor, que em sua soberania divina resgata ao encanecido pecador
do horror de seus pecados, pode converter um menino de suas tolices juvenis. O
que na hora undécima encontra a alguns ociosos na praça do mercado, e os envia
à sua vinha, pode chamar a homens no amanhecer do dia de suas vidas para
trabalharem para ele. O que pode mudar o curso de um rio quando corre abaixo em
seu curso, e fazê-lo grande em seu crescimento, pode controlar um riacho que
acabou de brotar, e fazer que corra pelo canal que deseja. Pode fazer todas as
coisas. Pode operar no coração das crianças como lhe apraz, porque tudo está
sob seu controle.
Temo
que muitos de vocês não esperem ouvir acerca de crianças que são salvas. Por
todas as igrejas tenho dado conta de uma espécie de repugnância contra qualquer
piedade temporã, infantil Assusta-nos a ideia de uma criança que ame a Cristo;
e se ouvimos de uma menina seguindo ao Salvador, dizemos que é imaginação
infantil, uma impressão temporã que logo se desvanecerá. Queridos amigos, lhes
rogo, nunca tratem a piedade infantil com suspeitas. É uma planta tenra, não a
manuseiem demasiadamente. Ouvi algo que creio é uma narração genuína. Uma
menina de uns cinco a seis anos, que amava verdadeiramente a Jesus, pediu à sua
mãe para unir-se à igreja. A mãe lhe disse que era muito pequena. A menina
muito triste, e certo tempo depois sua mãe, observou que havia piedade em seu
coração, e contou o fato a um pastor. Este falou com a menina, e disse à sua
mãe: “Estou totalmente convencido de sua piedade, porém não posso permitir que
participe dos cultos porque é muito pequena.”. Quando a menina ouviu isto, uma
estranha sombra cobriu seu rosto, no dia seguinte, quando sua mãe foi à sua
cama, encontrou-a com lágrimas nos olhos, morta de dor, seu coração havia se partido,
porque não lhe deixaram seguir a seu Salvador e fazer como ele lhe havia
convidado. Eu não haveria assassinado aquela menina por todo um mundo ! Tenham
cuidado como tratam com a piedade juvenil. Sejam ternos com ela. Creiam que as
crianças podem ser salvas, tanto quanto vocês. Quando veem um jovem coração
trazido ao Senhor, não o coloquem de lado, falando duro, e desconfiando de
tudo. É melhor às vezes ser enganados que ser o meio de destruição de alguém.
Que Deus envie a seu povo uma convicção mais firme de que os pequeninos brotos
da graça são dignos de todo o cuidado.
II. Em segundo lugar, dar-lhes-ei DOIS ALENTOS, em
encontrarão a ambos no texto. O primeiro alento é o do exemplo piedoso. Davi
disse: ““Vinde,
filhos, e escutai-me; eu vos ensinarei o temor do Senhor.”. Não te
envergonharás de seguir os passos de Davi, verdade ? Não porás objeções para
seguir o exemplo de alguém que foi o primeiro eminente em santidade, e logo
eminente em grandeza. Acaso o pastorzinho, o matador do gigante, o salmista de
Israel e o monarca, haveriam ido pelos passos que tu tenhas demasiado orgulho
para seguir ? Ah não! Estou seguro de que te sentirás feliz de ser com era
Davi. Porém se queres um exemplo maior, inclusive que o de Davi, escuta ao
Filho de Davi, como saem doces palavras de sua boca: “Deixai vir a mim os
pequeninos, e não os impeçais, porque dos tais é o reino dos céus.”. Estou
seguro de que lhes animaria se pensassem sempre nestes exemplos. Vocês ensinam
a crianças, e isso não os desonra. Alguns dizem de vocês que são meramente
mestres da Escola Dominical, porém vocês são personagens nobres, com um cargo
honroso, e têm ilustres predecessores. Encanta-nos ver pessoas de uma certa
posição na sociedade tendo interesse na Escola Dominical. Um grande fato em muitas
de nossas igrejas é que as crianças são deixadas aos jovens para serem
cuidados, e que dentre os membros mais velhos, com maior sabedoria, se
preocupam porém muitos poucos deles, e muito frequentemente os membros mais
acomodados da igreja se acham de lado como se o ensino dos pobres não fosse a
especial atividade dos ricos. Espero o dia em que os fortes de Israel sejam
achados ajudando nesta grande batalha contra o inimigo. Tenho ouvido que nos
Estados Unidos há presidentes, juízes, membros do Congresso, e pessoas nas mais
altas posições, não condescendendo, porque desdenho empregar esta palavra,
senão honrando-se em ensinar às crianças nas Escolas Dominicais. O que ensina
uma classe na Escola Dominical tem ganhado um bom título. Antes preferiria ter o
título de M.E.D. (Mestre da Escola Dominical) do que uma licenciatura ou um
diploma ou qualquer outra honra que se possa conferir.
Permitam
que lhes rogue que se animem, porque seus deveres são assim honrosos. Que o
régio exemplo de Davi, que o nobre e piedoso exemplo de Jesus, lhes inspirem
com uma renovada diligência e um crescente ardor, com uma perseverança confiada
e permanente, para prosseguir em sua poderosa obra, dizendo, como disse Davi:
“Vinde, filhos, e escutai-me; eu vos ensinarei o temor do Senhor.”.
O
segundo alento que lhes darei é o alento de um grande êxito. Davi disse: “ Vinde filhos, e escutai-me; eu vos
ensinarei o temor do Senhor.”. Não disse: “Talvez lhes ensinarei o temor do
Senhor”, senão que “vos ensinarei”. Teve êxito, e se ele não o teve, outros o
têm tido. O êxito das Escolas Dominicais. Ali onde as hostes estelares cantam
perpetuamente seu grande louvor, ali
onde as multidões em vestiduras brancas permanentemente lançam suas
coroas ao pés do Redentor, poderemos contemplar o êxito das Escolas Dominicais.
Ali, também, onde milhões de crianças se reúnem domingo após domingo para
louvar ao Senhor Jesus, vemos com alegria o êxito das Escolas Dominicais. E
aqui acima, em quase cada púlpito de
nossa terra, e ali nos bancos onde se sentam os diáconos, e de onde os piedosos
membros se unem no culto, vemos o êxito das Escolas Dominicais. E remotamente,
do outro lado do oceano, nas ilhas dos mares do Sul, em terras onde moram os
que antes se prostravam ante ídolos de madeira e pedra, temos missionários
salvos nas Escolas Dominicais, de onde milhares, remidos por meio de seus
labores, contribuem tanto para a poderosa corrente de um imenso, incalculável
êxito, quase diria que infinito, e em todo caso sem paralelo, da instrução das
Escolas Dominicais.
Prossigam!
Prossigam! Muito é o que se tem feito, mais se fará ainda. Que todas as suas vitórias
do passado lhes inflamem com ardor; que a recordação de campanhas de triunfo e
de campos de batalha ganhos para o seu Salvador nos reinos da salvação e da
paz, sejam o alento de vocês para um
renovado cumprimento do dever.
III. Agora, em terceiro lugar, lhes darei TRÊS
ADMOESTAÇÕES: A primeira é: recordem a quem estão ensinando. Trata-se de
crianças. “Vinde filhos”. Creio que deveríamos ter sempre respeito para com a
nossa audiência, não no sentido de termos que ter cuidado quanto ao que estamos
pregando ao senhor Fulano de Tal, ao Senhor Isso, ou ao Magistrado Aquilo,
porque diante de Deus isto é uma vaidade. Porém devemos recordar que estamos pregando
a homens e mulheres que têm almas, de maneira que não deveríamos ocupar seu
tempo com coisas que não valham à pena de serem ouvidas. Agora, quando vocês
ensinam na Escola Dominical, estão, se é possível, numa situação mais
responsável ainda do que a de um pastor, porque este prega a pessoas adultas, a
homens com juízo, que se não lhes agrada o que ele prega, têm a opção de ir
para alguma outra parte. Vocês ensinam a crianças que não têm a opção de irem
para algum outro lugar. Se ensinam mal às crianças, elas o crerão, se lhes
ensinarem heresias, elas as receberão. O que lhes ensinarem agora, nunca mais
esquecerão. Vocês não estão semeando numa terra virgem, como alguns dizem,
porque tem estado muito tempo ocupada pelo diabo; porém, estão semeando sobre
uma terra mais fértil agora que jamais o será, que produzirá agora o fruto de
melhor forma do que em tempos futuros; estão semeando em um coração jovem, e o
que semeiam é bastante certo que permanecerá ali, especialmente se ensinam o
mal, porque isto nunca será esquecido. Cuidado com o que farão a eles. Não os
escandalizem. Muitas crianças são tratadas como as crianças da Índia, nas quais
colocam pratos de cobre sobre suas cabeças para que nunca cresçam. Há muitos
que agora sabem que são simples, porque quando estiveram ao seu cuidado quando
eram pequeninos nunca lhes deram a oportunidade para alcançar conhecimento, de
modo que quando se fizeram adultos já não lhes importava nada. Tenham cuidado
acerca dos seus objetivos; vocês estão ensinando crianças, vigiem então o que
estão fazendo. Se puserem veneno no manancial, impregnarão toda a corrente.
Tenham cuidado com o que fazem ! Se torcerem o arbusto a velha árvore ficará
torta. Tenham cuidado! É a alma de uma criança que estão manipulando. É a alma
de uma criança o que estão preparando para a eternidade, se Deus está com
vocês. Faço-lhes uma solene admoestação em nome de cada criança. Certamente, se
é traição administrar veneno aos moribundos, será muito mais criminoso
administrar veneno à vida jovem. Se é mal extraviar aos de cabelos brancos, há
de ser muito pior conduzir o coração jovem a um caminho de erro no qual poderá
caminhar para sempre. Daí a severa admoestação de Cristo aos que viessem a
escandalizar a qualquer dos pequeninos.
A segunda é, lembrem que estão ensinando para Deus. “Vinde, filhos, e escutai-me; eu
vos ensinarei o temor do Senhor.” Se vocês, como mestres, ensinassem somente
geografia, estou seguro de que não haveria muito problema se dissessem a seus
alunos que o pólo Norte está próximo do Equador. Porém não estão ensinando
geografia, nem matemática, nem uma profissão deste mundo, estão ensinando, no
melhor da sua capacidade, para Deus. Vocês lhes dizem: “crianças venham aqui
para que se lhes ensine a palavra de Deus, venham aqui, para que sejamos os
instrumentos de salvação de suas almas.”. Tenham cuidado quanto ao seu objetivo
quando estão lhes ensinando para Deus. Atem as mãos deles, se o desejarem,
porém, por amor a Deus, não ataquem seus corações. Decidam o que quiserem sobre
as coisas temporais, porém lhes rogo, em questões espirituais, tenham cuidado
com a maneira pela qual os conduzem. Tenham cuidado em lhes inculcar a verdade,
e somente a verdade ! E agora, quão solene se torna o trabalho de vocês ! O que
está fazendo um trabalho para si mesmo, que o faça como quiser, porém o que
está trabalhando para outro, que tenha cuidado acerca de como faz seu trabalho.
O que está agora ao serviço de um rei, que tenha cuidado de como leva a cabo
seus deveres, porém o que trabalha para Deus, deve tremer, se faz mal o seu
trabalho, pois a palavra diz:”maldito aquele que faz descuidadamente a obra do
Senhor”. Ah! Temo que muitos entre nós, estão longe de ter esta
perspectiva!
A
terceira admoestação é: recordem que suas crianças necessitam de ensino. O
texto implica isso, quando diz, “Vinde, filhos, e escutai-me; eu vos ensinarei
o temor do Senhor.”. Isto faz que seu trabalho seja tanto mais solene. Se as
crianças não necessitassem de ensino não me sentiria tão inquieto pelo que
estão lhes ensinando de maneira correta, porque as obras não necessárias os
homens podem fazê-las como bem lhes pareça. Porém esta obra é necessária. Teu
filho necessita de ensino. Nasceu em iniquidade, em pecado foi concebido por
sua mãe. Tem um coração mau. Não conhece a Deus, e jamais o conhecerá se você
não ensiná-lo. Não é como alguma boa terra que possua uma boa semente oculta em
suas entranhas. Ao contrário, tem má semente em seu coração. Deus pode colocar
a boa semente ali. Vocês que professam serem seus instrumentos para espalhar a
semente no coração da criança, lembrem: se esta semente não for semeada, ficará
perdida para sempre, sua vida será uma vida alienada de Deus, e a sua morte
será inevitável, e a sua parte será no fogo eterno. Tenha cuidado então, de
como ensina, recordando a premente necessidade do caso. Esta não é uma casa
incendiada necessitando da sua ajuda na bomba de água, nem um barco naufragando
no mar, que necessita do teu remo no bote salva-vidas, mas um espírito imortal
que clama a você: “Passa aqui e ajuda-nos.”. Rogo-lhes, ensinem “no temor do
Senhor” e somente isto, tenham desejo de dizer, e dizer com verdade, “no temor
do Senhor os instruirei.”.
IV. Isto me leva ao quarto ponto, a QUATRO INSTUÇÕES,
e estas estão todas no texto.
A primeira é: faz com que as crianças venham à tua escola.
“Vinde filhos.”. A grande queixa de parte de muitos hoje, é que não podem
conseguir crianças. Vão buscá-las. Em Londres estamos indo de casa em casa,
esta é uma boa ideia, e se deveria ir de casa em casa por todos os povoados,
por todas as cidades, por todas as ruas, e conseguir o maior número possível de
crianças, porque Davi disse, “Vinde filhos”. Assim, meu conselho é que consigam
que venham as crianças, e que façam qualquer coisa para levá-lo a cabo. Mas não
seja muito detalhista no modo de como trará as crianças à escola, porque, se eu
não pudesse ter pregadores trajando casacos pretos para pregar à minha
congregação, eu os teria em uniforme
militar, mas eu teria uma congregação de certo modo. É melhor fazer coisas
estranhas como esta do que ter uma igreja
vazia, ou uma sala de aula vazia.
Quando eu estava para ir à Escócia, nós
enviamos antes, um pastor para obter ouvintes, e o plano foi muito bem
sucedido.
Evite meios ilícitos, mas faça tudo o que
for possível para atrair as crianças à escola. Eu tenho ouvido de ministros que
saíram pelas ruas à tarde no dia do Senhor e falaram às crianças que estavam
brincando nas proximidades, e as convidaram a virem para a escola. Isto é o que
um professor sério fará; ele dirá, "João, venha à nossa escola; você não
pode imaginar que lugar agradável
é.". A seguir, ele conduz as crianças à escola e em sua maneira amável,
ele lhes conta estórias e anedotas sobre meninas e meninos que amaram o Senhor,
e desta forma, a escola fica repleta de
alunos. Vá e pegue as crianças. Não há nenhuma lei contra isto, tudo é justo na
guerra contra o diabo. Assim minha primeira instrução é, conquiste as crianças,
e faça-o por todos os modos que você possa fazê-lo.
Em seguida, conquiste o amor das
crianças, se você puder fazê-lo. "Deixai vir a mim as criancinhas”. “Oh!”. Pensam as crianças, “como é agradável
ter um professor assim, um professor que
nos deixa chegar perto dele, um professor que não diz: “ Vão!”, mas
“Venham!”. A falha de muitos professores é que eles não deixam suas crianças
chegarem perto deles; mas esforçam-se para criar em seus alunos um tipo de
respeito temeroso.
Antes que você possa ensinar as crianças, você deve tomar a chave de prata
da bondade para abrir seus corações, e assim obter sua atenção. Diga,
"venham a mim crianças.". Nós
temos conhecido alguns bons homens que eram objeto de aversão às crianças. Você
conhece a história de dois meninos aos quais haviam perguntado um dia se eles
gostariam de ir para o céu? Para muita surpresa do seu professor, disseram que
não o desejavam realmente. Quando lhes perguntaram, "porque não?" um
deles disse, "eu não gostaria de ir
para o céu porque o vovô está lá, e ele certamente diria: “Fiquem longe meninos,
quero estar distante de vocês!” Por isso eu não gostaria de estar no céu com
meu avô.”. Portanto, se um menino tem um professor que fala de Jesus, mas que
sempre tem um olhar amargo, o que o menino pensará? “Eu quero saber se Jesus é
como você; se Ele for eu não gostaria dele.". Então há um outro professor,
que, se for sempre assim perturbado, os ouvidos das crianças permanecerão
fechados; ao mesmo tempo, que ele ensina que deveriam perdoar-se mutuamente, e
que devem ser amáveis com ele. “Bem”, pensa o jovem, "que é muito bonito
de ouvir não há nenhuma dúvida, mas meu professor não é um exemplo para mim
para que eu possa fazê-lo.". Se você se mantiver distante de uma das suas
crianças, o seu poder sobre ela terá ido embora, e você não será capaz de ensinar-lhe
qualquer coisa. É de nenhum proveito tentar ensinar àqueles que não lhe amam;
assim, tente fazer-lhes amar você, e
então eles aprenderão qualquer coisa que
lhes ensinar.
Em seguida, ganhe a atenção das crianças.
"Venham crianças, venham ouvir-me.". Se elas não lhe escutarem, você
pode falar, mas você falará para nenhuma finalidade. Se não escutarem, você
realizará seu trabalho como uma tarefa penosa desprovida de propósito para si
próprio e para seus alunos. Você nada poderá fazer sem obter antes a atenção
deles. Bem, isso depende de você mesmo; se você lhes der alguma coisa de
importância para se ocuparem, eles certamente o escutarão. Dê-lhes algo de
valor para ouvirem e eles certamente ouvirão. Esta regra pode não ser
universal, mas é muito proveitosa. Não se esqueça de contar-lhes algumas coisas
engraçadas. As anedotas são muito objetadas pelos críticos dos sermões, que
dizem que não devem ser usadas no púlpito; mas alguns de nós sabem melhor do que esses, nós sabemos o que
acordará uma congregação; nós podemos testemunhar com base em nossa
experiência, que umas poucas anedotas aqui e ali são coisas de primeira
qualidade para se obter a atenção inicial das pessoas que não escutarão a
doutrina secamente. Tente colecionar
boas ilustrações, tantas quanto lhe seja possível; sempre que for
ministrar, se você for realmente um professor sábio, você sempre poderá
encontrar ilustrações dentro de um conto para dizer às suas crianças. Então,
quando seus alunos começarem a achar o ensino maçante, e você estiver perdendo
a sua atenção, diga-lhes: “Vocês conhecem os Cinco Sinos ?" Se houver tal
lugar onde residam, todos dirigirão sua atenção para a sua pergunta, “Vocês
conhecem a volta do Leão Vermelho?”. Diga-lhes então algo que você leu ou ouviu sobre isto, e certamente poderá fixar
sua atenção à lição. Uma criança uma vez disse, "Pai, eu gosto de ouvir o
Sr. Fulano pregar, porque diz muitas coisas engraçadas em seus sermões”. Sim,
as crianças sempre amam as “coisas engraçadas".
Faça parábolas, retratos, figuras para
eles, e você progredirá sempre. Eu estou convicto, será que eu seria um menino atento a tudo o que você
disse, caso você não apresentasse um conto agora e de vez em quando, você veria
frequentemente a parte de trás da minha cabeça, e eu não sei, se eu me sentaria
em uma sala de aula quente, mas cochilaria e iria dormir, ou iria brincar com o
Juca à minha esquerda, e faria muitas coisas estranhas como descansar, se você
não se esforçasse em despertar o meu interesse.
Lembre-se então de fazer com que seus alunos
lhe deem ouvidos.
A
quarta admoestação é, tenham cuidado com o que ensinam às crianças: “Vinde,
filhos, e escutai-me; eu vos ensinarei o temor do Senhor.”.
V. Em
quinto lugar, quero dar-lhes CINCO LIÇÕES DE ESCOLA DOMINICAL, cinco temas para
ensinar às suas crianças, e estes se encontram nos versículos que se seguem ao
nosso texto: “Vinde, filhos, e escutai-me; eu vos ensinarei o temor do Senhor.”
(Sl 34.11). A primeira coisa que se deve ensinar é A MORALIDADE. "Quem é o
homem que ama a vida, e quer longevidade para ver o bem ? Refreia a tua língua
do mal, e evite que os seus lábios falem dolosamente; aparte-se do mal, e
pratique o que é bom, busque a paz e empenhe-se por alcançá-la.” (Sl 34.12-14;
I Pe 3.10b,11). A segunda coisa a ensinar
é A PIEDADE, e uma constante crença na vigilância de DEUS; “Os olhos do
Senhor estão sobre os justos, e atentos os seus ouvidos ao clamor deles.”(Sl
34.15). A terceira é A MALDADE DO PECADO. “O rosto do Senhor está contra os que
praticam o mal, para cortar da terra a memória deles.” (Sl 34.16). “Clamam os
justo, e o Senhor os ouve, e os livra de todas as suas tribulações.” (Sl
34.17). A quarta é A NECESSIDADE DE UM CORAÇÃO QUEBRANTADO. “Perto está o
Senhor dos que têm o coração quebrantado, e salva os de espírito oprimido.”. A
quinta é A INESTIMÁVEL BÊNÇÃO DE SER UM
FILHO DE DEUS: “Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor de todas o
livra.” (Sl 34.19). “Preserva-lhe todos os ossos, nem um deles será quebrado.”(Sl
34.20). “O Senhor resgata a alma dos seus servos, e dos que nele confiam,
nenhum será condenado.”(Sl 34.22)..
Tenho lhes dados estas divisões, e agora tratemos de
uma por uma: Aqui,
pois, temos uma lição modelo para vocês : “Vinde, filhos, e escutai-me; eu vos
ensinarei o temor do Senhor.”. Davi começa com uma pergunta: “Quem é o homem
que deseja ver dias felizes ?”. Às crianças agrada este pensamento, lhes agrada
a ideia de viverem até serem velhos. Com esta introdução começa ele o ensino
sobre moralidade: "Refreie a sua língua do mal, e evite que os seus lábios
falem dolosamente; aparte-se do mal, pratique o que é bom, busque a paz e
empenhe-se por alcançá-la.”.
Nós nunca ensinamos a moralidade como forma
de salvação. Deus proíbe que nós confundamos as obras do homem, sob qualquer
forma com o redenção que está em Cristo Jesus! "pela graça é que temos
conservado a fé, e isso não vem de nós, é dom de Deus." Contudo nós
ensinamos a moralidade quando nós
ensinamos a espiritualidade; e eu descobri que o evangelho sempre produz a melhor moralidade em todo o mundo. Eu tive um
professor da escola dominical que ministrava muito sobre moralidade aos meninos
e meninas sob seu cuidado, falando a eles muito particularmente acerca daqueles
pecados que são os mais comuns à juventude. Podem honesta e convenientemente
dizer muitas coisas às suas crianças que ninguém mais pode dizer,
especialmente lembrá-las dos pecados que
se encontram, comumente em crianças, a saber, pecados de pequenos roubos, ou de
desobediência aos pais, ou de quebra do dia de descanso. Eu mandaria o
professor ser muito particular em mencionar estes males um por um; para ele é
de pouco proveito falar-lhes sobre
pecados no atacado. Você deve fazer exame de um por um, assim como Davi.
Primeiro aponte para o cuidado com a língua: " Refreie a sua língua do mal, e
evite que os seus lábios falem dolosamente.". Depois, então, em segundo
lugar, aponte para a conduta total:. “aparte-se do mal, pratique o que é bom,
busque a paz e empenhe-se por alcançá-la.". Se a alma da criança não for
preservada por outras partes do ensino, esta parte pode ter um efeito benéfico
sobre a sua vida, e somente isto, e não além. A moralidade, entretanto, por si
é comparativamente uma coisa pequena. A melhor parte do que você ensina é a
santidade. Eu não disse "religião," mas santidade. Muitos povos são
religiosos de alguma forma, sem serem santos. Muitos têm todos os sinais
externos da santidade, toda a parte externa da piedade; tais homens que
nós chamamos de "religiosos," mas não têm nenhum
pensamento correto sobre Deus. Pensam
sobre seu lugar de adoração, seu domingo, seus livros, mas nada sobre Deus. Que
não respeita Deus, não ora a Deus, não ama a Deus, é um homem sem santidade, o
que quer que sua religião externa possa ser. Trabalhe para ensinar sempre a
criança a ter um olho em Deus; escreva em sua memória estas palavras,
"Deus está me vendo". Auxilie-a a recordar que cada ato e pensamento seus estão sob o olhar atento de
Deus. Não deve o professor da EBD desconsiderar que não é um dever menor
colocar constantemente ênfase sobre o fato que há um Deus que observa tudo que
acontece. Oh, que sejamos mais santos; e
que nós falemos mais da santidade , e que
amemos de fato a santidade! A terceira lição é o mal do pecado. Se a
criança não aprender isto, nunca aprenderá como se chega ao céu. Nenhum de nós
sempre soube quem era o salvador Jesus Cristo até que viemos a saber a coisa má
que é o pecado. Se o Espírito Santo não
nos ensinasse que somos pecadores jamais conheceríamos a bênção da salvação.
Deixe-nos procurar sua graça, então, quando nós ensinamos, que nós devemos sempre colocar a ênfase sobre a natureza
abominável do pecado. "o rosto do Senhor é contra aqueles que praticam o
mal, para cortar a sua lembrança da terra". Não poupe, sua criança;
deixe-a saber a que o pecado conduz. Não,
aja como algumas pessoas, que são receosas do discurso claramente e
amplamente relativo às consequências do pecado. Eu ouvi de um pai, um cujo
filho, um rapaz novo, muito ímpio, morreu de maneira muito repentina. O pai não
fez, como alguns costumam fazer, ao dirigir a seguinte palavra à sua família: "nós esperamos que seu irmão
tenha ido para o céu.". Mas não; superando seus sentimentos naturais,
foi-lhe concedido, pela graça de Deus, sentar junto às suas crianças, e
dizer-lhes: "meus filhos; e filhas, seu irmão estava perdido; eu temo que
ele esteja no inferno. Vocês souberam sobre sua vida e conduta, vocês viram
como se comportou; e Deus tem-no agora
afastado em seus pecados.". Então disse-lhes solenemente que do lugar do
sofrimento, que cria, para onde tinha ido, deveria estar implorando para
evitar e fugir da ira do porvir. Assim,
usou o meio necessário para trazer suas crianças ao pensamento sério. Mas, se
ao contrário se deixasse vencer pela ternura de coração e tivesse dito que
esperava que seu filho tivesse ido para o céu, o que as outras crianças diriam
? "se ele foi para o céu, não há nenhuma necessidade para nós temermos;
nós poderemos viver do modo que quisermos.". Não. Não. Eu não penso que não seja cristão afirmar que
alguns homens estão indo para o inferno, quando nós vimos que suas vidas foram
vidas infernais. Mas perguntamos: "pode você julgar suas criaturas?"
Ó Não ! Mas podemos conhecê-los pelos seus frutos. Eu não os julgo, ou os condeno; pois julgam-se a si mesmos. Eu vi
seus pecados antes do julgamento, e eu não duvido do que ocorrerá em seguida.
"Mas não podem ser salvos na décima primeira hora?". Eu ouvi sobre
alguém que foi, mas eu não sei que sempre haverá outro, e eu não posso dizer que
sempre haverá. Seja honesto, a seguir, com suas crianças, e ensine-as, pela
ajuda de Deus, que o "mal mata o mau." Mas você não terá feito
parcialmente bastante a menos que você ensine com cuidado a quarta lição, a
necessidade absoluta de uma mudança do
coração. "o senhor está perto dos que têm
um coração quebrantado; e salva os que têm um espírito contrito.".
Oh! Possa Deus permitir-nos manter constantemente, isto nas mentes dos alunos,
que importa antes, ser de um coração quebrantado e um espírito contrito, e que
as boas obras serão de nenhum proveito a
menos que haja uma natureza nova, que todos os deveres e os mais árduos e sérios trabalhos serão como nada, a menos
que haja um arrependimento verdadeiro e completo em relação ao pecado, e total
abandono do pecado através da atuação da graça e da misericórdia de Deus!
Esteja certo: o que quer que você ensine às crianças, nunca deixe faltar os
três “R”, — Ruína (estado do homem sujeito ao pecado), Redenção e
Regeneração. Diga às crianças que são arruinadas pela queda, e que só
há salvação para elas se forem redimidas pelo sangue de Jesus Cristo, e
serem regeneradas pelo Espírito Santo. Mantenha constantemente diante delas estas
verdades vitais, e então você terá a tarefa agradável de dizer-lhes o assunto
doce da lição de fechamento. Em quinto lugar, diga às criança sobre a alegria e
a bênção de ser cristão. “O Senhor resgata a alma dos seus servos, e dos que
nele confiam, nenhum será condenado". Eu não necessito dizer-lhe como
falar sobre esse tema. É verdadeiro o dito: "abençoado é o homem cuja
transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto.". "Abençoado é o
homem que faz do Senhor sua confiança." Sim, verdadeiramente é abençoado o
homem, a mulher, a criança que confia no
senhor Jesus Cristo, e cuja esperança
está nele colocada, sempre dando acima de tudo, ênfase a este ponto — que os justificados são um povo abençoado da
família escolhida de Deus, redimida pelo sangue e conservada pelo poder, sendo
pessoas abençoadas aqui em baixo, e que serão abençoadas para sempre no céu.
Deixe suas crianças verem que você pertence àquela companhia abençoada. Se
souberem que você está com problemas, mas se for possível, vir à sua classe com
um rosto alegre, de modo que seus alunos possam
dizer: o "professor é um homem abençoado embora esteja curvado sob
seus problemas.". Sempre buscando manter uma expressão regozijante, seus
meninos e meninas saberão que sua
religião é uma realidade abençoadora. Deixe isto ser o ponto principal de seu
ensino, o de que embora "sejam muitas as aflições do justo," contudo
"Preserva-lhe todos os ossos, nem um deles sequer será quebrado...O Senhor
resgata a alma dos seus servos, e dos que nele confiam, nenhum será
condenado". Assim tenho lhes dado cinco lições; e deixe-me agora dizer
solenemente, que em toda a instrução que você seja capaz de dar às suas
crianças, você deve estar profundamente consciente que você não é capaz de
fazer qualquer coisa em prol da salvação da criança, mas que é Deus, ele mesmo
que, do primeiro ao último, quem tudo faz. Você é simplesmente uma pena; e Deus
pode escrever com você, mas você não deve escrever qualquer coisa de si mesmo.
Você é uma espada; Deus pode matar o
pecado da criança usando você, mas você não pode matar o seu próprio pecado.
Tenha portanto sempre consciência disto, que você deve ser então o primeiro a
ser ensinado por Deus e que você deve pedir a Deus para usá-lo como professor;
a menos que o maior Mestre do que você o instrua, e instrua às crianças, elas
perecerão. Não é sua lição que pode salvar as almas das crianças; é a bênção de
Deus, o Espírito Santo acompanhando seus labores. Possa Deus abençoar e coroar
seus esforços com abundante sucesso!
Ele
fará isto se você gastar tempo em oração e súplica constantes.
Nunca
o trabalho do professor e pregador sério será em vão no Senhor, e nunca se viu
que o pão lançado sobre as águas se tivesse perdido.
SALMO 35 – Salmo de Davi
Este é um dos chamados
salmos de imprecação contra os inimigos, proferido por Davi. No entanto, deve
ser notado que ele nunca buscou o mal dos seus inimigos que se levantavam
contra ele injustamente, com tramas terríveis, para destruí-lo e virem a se
regozijarem com o fato de terem dado cabo daquele que era o campeão de Deus nas
Suas batalhas. Então muito mais do que para defender a sua própria honra, senão
a do Senhor, Davi pede-Lhe que se levantasse e desse o pago aos seus inimigos.
Ele mantinha a sua confiança no Senhor para que fosse livrado daqueles que
impiamente tramavam contra a sua vida. Então ele orou para que eles próprios
caíssem nos laços que haviam preparado para ele. Não eram pessoas de nações
inimigas que estavam buscando o seu mal, mas pessoas que ele havia tratado com
bondade e amizade. Eram muitos os que lhe tinham ódio, não porque lhes tivesse feito
algum mal, mas porque era devotado ao Senhor, e não desejavam ter por
governante alguém que não lhes satisfizesse às luxúrias carnais, e muito menos
quem lhes exigisse o cumprimento dos mandamentos de Deus. Este foi o motivo que
fizera com que se tornassem seus inimigos mortais. Por isso procuraram usar
todos os meios fraudulentos para removê-lo da sua posição de governante. Para
tal propósito se reuniram em conselho contra Davi quando viram que ele estava
enfraquecido, e sem que lhe dessem tréguas rangiam os dentes contra ele em
festim, e tramavam enganos não somente contra ele, mas contra todos os
pacíficos da terra. Eles já tinham dado por certo que haviam conseguido arruiná-lo
e diziam entre si: “Pegamos! Pegamos”. Como que a dizer: ”Finalmente conseguimos
derrubá-lo”. Então Davi não entregou os
pontos mas clamou ao Senhor naquela hora pedindo-Lhe que o julgasse segundo a
Sua justiça e que não permitisse que tais ímpios se regozijassem contra ele.
Que os Senhor os cobrisse então de vergonha e ignomínia, e que cantassem de
júbilo e se alegrassem os que tinham prazer na retidão de Davi, ao reconhecerem
que Deus lhe havia feito justiça, dando o pago aos seus inimigos, glorificando
sempre ao Senhor. O vigor das palavras deste salmo incomoda aos “profetas” que
julgam que a bondade de Jesus Cristo, exclui a virilidade que existe nEle e que
é tantas vezes expressada nas páginas da Bíblia, especialmente nas cartas que
dirigiu às sete igrejas do Apocalipse, e do modo como tratou os escribas e
fariseus. A pretexto de desejarem ver a doçura de Jesus nos pastores, muitas
ovelhas, equivocadamente, pensam que falta neles o amor e a bondade do Senhor,
quando são repreendidas por eles, por causa dos seus pecados. No entanto, isto
é uma exigência bíblica, e encontra-se em perfeita consonância com o caráter de
Cristo que é ao mesmo tempo cordeiro e leão; exaltado e humilde; servo e rei, e
que tem em suas mãos as chaves da morte e do inferno, e que tem recebido do Pai
toda autoridade tanto no céu quanto na terra, não somente para introduzir os
santos no Seu reino, como também para subjugar todos os seus inimigos a um
sofrimento eterno no inferno.
“Contende, SENHOR, com os que contendem comigo; peleja contra os
que contra mim pelejam. Embraça o escudo
e o broquel e ergue-te em meu auxílio.
Empunha a lança e reprime o passo aos meus perseguidores; dize à minha
alma: Eu sou a tua salvação. Sejam
confundidos e cobertos de vexame os que buscam tirar-me a vida; retrocedam e
sejam envergonhados os que tramam contra mim.
Sejam como a palha ao léu do vento, impelindo-os o anjo do SENHOR.
Torne-se-lhes o caminho tenebroso e escorregadio, e o anjo do SENHOR os
persiga. Pois sem causa me tramaram
laços, sem causa abriram cova para a minha vida. Venha sobre o inimigo a
destruição, quando ele menos pensar; e prendam-no os laços que tramou
ocultamente; caia neles para a sua própria ruína. E minha alma se regozijará no
SENHOR e se deleitará na sua salvação. Todos os meus ossos dirão: SENHOR, quem
contigo se assemelha? Pois livras o aflito daquele que é demais forte para ele,
o mísero e o necessitado, dos seus extorsionários. Levantam-se iníquas
testemunhas e me argúem de coisas que eu não sei. Pagam-me o mal pelo bem, o que é desolação
para a minha alma. Quanto a mim, porém,
estando eles enfermos, as minhas vestes eram pano de saco; eu afligia a minha
alma com jejum e em oração me reclinava sobre o peito, portava-me como se eles
fossem meus amigos ou meus irmãos; andava curvado, de luto, como quem chora por
sua mãe. Quando, porém, tropecei, eles se alegraram e se reuniram; reuniram-se
contra mim; os abjetos, que eu não conhecia, dilaceraram-me sem tréguas; como vis bufões em festins, rangiam contra
mim os dentes. Até quando, Senhor,
ficarás olhando? Livra-me a alma das violências deles; dos leões, a minha
predileta. Dar-te-ei graças na grande congregação, louvar-te-ei no meio da
multidão poderosa. Não se alegrem de mim os meus inimigos gratuitos; não
pisquem os olhos os que sem causa me odeiam.
Não é de paz que eles falam; pelo contrário, tramam enganos contra os
pacíficos da terra. Escancaram contra mim a boca e dizem: Pegamos! Pegamos!
Vimo-lo com os nossos próprios olhos. Tu, SENHOR, os viste; não te cales;
Senhor, não te ausentes de mim. Acorda e desperta para me fazeres justiça, para
a minha causa, Deus meu e Senhor meu. Julga-me, SENHOR, Deus meu, segundo a tua
justiça; não permitas que se regozijem contra mim. Não digam eles lá no seu
íntimo: Agora, sim! Cumpriu-se o nosso desejo! Não digam: Demos cabo dele!
Envergonhem-se e juntamente sejam cobertos de vexame os que se alegram com o
meu mal; cubram-se de pejo e ignomínia os que se engrandecem contra mim. Cantem de júbilo e se alegrem os que têm
prazer na minha retidão; e digam sempre: Glorificado seja o SENHOR, que se
compraz na prosperidade do seu servo! E
a minha língua celebrará a tua justiça e o teu louvor todo o dia.”
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