Provérbios 27
Silvio Dutra
Mar/2016
A474
Alves, Silvio Dutra
Provérbios 27./ Silvio
Dutra Alves. – Rio de Janeiro,
2016.
34p.; 14,8x21cm
1. Teologia. 2. Salomão. 3.
Estudo Bíblico.
I. Título.
CDD
230.223
|
Provérbios 27
1 Não presumas do
dia de amanhã, porque não sabes o que ele trará.
Temos aqui uma boa precaução contra a
ansiedade quanto ao tempo por vir.
Isto é tão importante que Jesus
afirmou que não devemos estar preocupados com o dia de amanhã, porque
certamente o futuro trará males consigo, e basta que enfrentemos com fé e bom
ânimo os males de cada dia presente (Mt 6.34).
Não podemos projetar para nós
mesmos a continuidade e o conforto de nossas vidas, mas falar sobre isso
estando submissos à vontade de Deus (Tg 4.13-15).
Não devemos ficar pensando no que
nos trará o dia seguinte, senão lançar todos os nossos cuidados sobre Deus,
porque ele sempre tem cuidado de nós (I Pe 5.7)
Um pequeno intervalo de tempo pode
produzir mudanças consideráveis, e não devemos portanto, antecipar tristezas ou
alegrias futuras, por um comportamento ansioso; pois isto não permitirá que
vivamos a paz que nos é oferecida pela graça de Deus a cada dia, e sabemos que
a ansiedade expulsa a fé que é necessária para o viver vitorioso sob quaisquer
circunstâncias.
Deus sabiamente tem nos mantido
no escuro em relação a eventos futuros, e reservou para si o conhecimento
deles, como a flor da coroa, para que ele possa treinar-nos a aprendermos a ter
uma total dependência dEle (Atos 1.7).
2 Que um outro te
louve, e não a tua própria boca; o estranho, e não os teus lábios.
Temos de fazer o que é louvável, para que até mesmo estranhos possa nos elogiar.
Nossa luz deve brilhar diante dos
homens, e devemos fazer boas obras que possam ser vistas, embora não devemos
fazê-las com o propósito de que sejam vistas.
Deixemos que nossas próprias
obras sejam tais que que nos conduzam à condição de pensamento citada em Fp 4.8.
Quando tivermos feito isso, não
devemos nos recomendar, porque é uma evidência de orgulho, loucura e
amor-próprio, e uma razão para a grande diminuição da reputação de um homem.
3 A pedra é pesada,
e a areia também; porém a ira do insensato é mais pesada que ambas.
4 O furor é cruel e
a ira impetuosa, mas quem poderá enfrentar a inveja?
Estes dois versículos
mostram o mal intolerável da paixão desgovernada. A ira de um tolo, que quando provocado não se importa com
o que ele diz e faz, e isto se torna um fardo mais pesado e difícil de suportar
seja para ele ou para aqueles sobre os quais despeja a sua ira, do que uma
grande pedra ou uma carga de areia.
Aqueles que não têm o comando de
suas paixões afundam a si mesmos debaixo da carga que eles criaram.
É, portanto, sabedoria, não
provocar um tolo.
O segundo provérbio não se refere
à ira, mas à inveja, que é muito pior do que a anterior, porque a inimizade
secreta contra outra pessoa, por se invejar a sua prosperidade, ou por qualquer
outro motivo, desperta um desejo de
vingança para causar alguma lesão ou afronta.
Pode-se evitar uma súbita
explosão de ira, como quando David
escapou da lança de Saul, mas quando a inveja cresce e se torna constante, como
ocorreu com Saul, não havia mais nenhuma condição de Davi estar diante dele,
ainda que fosse em completa humildade, submissão, e lealdade, na qual ele
sempre andava, que pudesse suprimir a inveja de Saul, que dava causa à sua ira
e ao seu desejo de vingança.
5 Melhor é a
repreensão franca do que o amor encoberto.
6 Leais são as feridas feitas pelo amigo, mas os beijos do inimigo são enganosos.
A pretexto e em nome do amor muitos deixam de
repreender aqueles que dizem amar, pois, segundo eles isto seria uma prova de
falta de amor pois não se pode ferir um amigo.
Todavia, Deus que é a própria essência do
verdadeiro amor prova o seu amor exatamente por repreender e disciplinar os
seus filhos.
É bom para nós que sejamos
repreendidos por nossas faltas, pelos nossos amigos.
Se há o verdadeiro amor no coração, mas sem
zelo e coragem o suficiente para se revelar e lidar abertamente com os nossos
amigos para repreendê-los naquilo que
dizem e fazem de errado, pode-se dizer que este amor é deficiente.
Um amor encoberto, que elogia o
amigo em seus pecados, em prejuízo de sua alma, nunca apodera ser melhor do que
amor que repreende.
Fiéis e proveitosas são as reprovações de um
amigo, embora no presente, eles sejam dolorosas como feridas. É um sinal de que
os nossos amigos são fiéis, de fato, se, no amor às nossas almas, eles se
expõem até mesmo a suportarem o desagrado por uma eventual reação negativa de
nossa parte.
Todavia, eles suportarão o
desagrado e não vão nos deixar em paz na prática dos nossos pecados.
É perigoso ser lisonjeado por um
inimigo, cuja beijos são enganosos. Não podemos confiar neles e não ter qualquer
neles, porque por detrás do beijo de Judas sempre se produzirá uma traição que
está a caminho.
Sábios são portanto os que são
gratos pela repreensão e disciplina francas que recebem da parte daqueles que
são leais.
7 A alma farta pisa
o favo de mel, mas para a alma faminta todo amargo é doce.
Salomão aqui, como em muitas outras
partes deste livro, mostra que os pobres têm, em alguns aspectos, vantagem
sobre os ricos, porque têm uma melhor apreciação dos seus prazeres do que os
ricos.
Aqueles que não têm falta de nada
e que sempre se fartam de tudo o que desejam, chegam a ter até mesmo desprazer
no muito que têm por causa dos excessos que praticam.
Mas que não têm mais do que o seu
alimento necessário, ainda que seja algo amargo, para eles é doce; e o comem
com prazer.
Estes são mais gratos por seus
prazeres. Na própria fome vão bendizer a Deus, enquanto aqueles que estão fartos
com as maiores iguarias e variedades dificilmente serão gratos.
8 Qual a ave que
vagueia longe do seu ninho, tal é o homem que anda vagueando longe da sua
morada.
Há muitos que não sabem quando estão bem de
vida, e sempre estão inquietos com o seu estado atual, e com isto são dados a mudar.
Deus, em sua providência, lhes designou um lugar
adequado e fez com que lhes seja; mas eles apresentam uma falta de
estabilidade; pois não se afinam com a vontade divina, e gostam de vagar.
Assim, desnecessariamente, se ausentam do seu próprio
trabalho e cuidado, e se metem com aquilo que não lhes pertence.
Aqueles que abandonam a posição designada para eles
por Deus são como a ave que vagueia longe do seu ninho. Isto é uma prova de
insensatez, porque não encontrarão repouso seguro em nenhum outro lugar, e
ficarão afastados das responsabilidades que têm de cuidar da própria ninhada.
O pássaro que vagueia fica exposto ao perigo; e um
homem fora de seu castelo torna-se uma presa fácil para o passarinheiro.
Quando o pássaro vagueia longe do seu ninho, os
ovos e os jovens são negligenciados. Aqueles que gostam de estar se envolvendo
com coisas estranhas, deixam o seu
trabalho em casa desfeito.
Que cada um permaneça, portanto, na vocação em que
foi chamado por Deus (I Cor 7.18-24).
9 O óleo e o perfume
alegram o coração; assim o faz a doçura do amigo pelo conselho cordial.
10 Não deixes o teu amigo, nem o amigo de teu pai; nem entres na casa de teu irmão no dia da tua adversidade; melhor é o vizinho perto do que o irmão longe.
Temos aqui um conselho para sermos fiéis e constantes para com nossos amigos, especialmente nossos velhos amigos, para que mantenhamos nossa intimidade com eles, e para estar prontos para fazer-lhes todos os ofícios que estiverem ao nosso alcance.
É bom ter um amigo, um seio amigo, ao qual possamos recorrer para a
comunicação de dons e conselhos.
Não é necessário que este amigo seja um parente,
embora seja uma coisa abençoada quando temos a oportunidade de termos amigos na
citada condição, como Pedro e André eram irmãos; Tiago e João; embora Salomão
frequentemente faça distinção entre um amigo e um irmão.
É aconselhável escolher um amigo entre os nossos
vizinhos que vivam perto de nós, para que o conhecimento possa ser mantido e para
que gentilezas sejam mais frequentemente trocadas.
É bom também ter um respeito especial para com
aqueles que foram amigos para a nossa família; especialmente se ele tem sido
amigo de nossos pais – porque conhece nossos assuntos, e tem uma preocupação
particular por nós; e é alguém recomendável para nos aconselhar.
Há uma boa razão apresentada por que devemos,
portanto, valorizar a amizade verdadeira. Por causa do prazer. Há uma grande
dose de doçura em conversar e consultar-se com um amigo cordial. É como o óleo
e o perfume, que são de aroma muito agradável e animam os espíritos.
Os fardos e cuidados do coração são tornados mais
leves pelo nosso amigo, e é uma grande satisfação para nós ter seus sentimentos
expressados a respeito de nossas atividades.
A doçura da amizade não reside na alegria saudável,
e gargalhada, mas no conselho cordial, no conselho fiel, sinceramente
determinado e sem bajulação, como pelos assessores das nossas almas; os
advogados que cuidam das nossas causas.
Com estes amigos podemos estabelecer uma conversação mais agradável
sobre as coisas espirituais, e promover mutuamente a prosperidade de nossas
almas.
Por causa do lucro e da vantagem disso, somos
aconselhados como agir, especialmente, em um dia de adversidade: a não ir à casa
de um irmão, não esperar alívio de um parente; que geralmente irá falhar
conosco quando o nosso caso depender de uma bondade real, mas a recorrermos a nossos
vizinhos amigos que estarão prontos a nos prestar a ajuda necessária.
11 Sê
sábio, filho meu, e alegra o meu coração, para que eu possa responder ao que me afronta.
Em I Cor 1.30 é dito que Jesus se
tornou da parte de Deus para nós a nossa sabedoria, justiça, santificação e
redenção.
Então, tudo o que lemos a
respeito de sermos sábios no livro de Provérbios, deve ser entendido nessa
conexão viva e pessoal com nosso Senhor Jesus Cristo, de quem flui para nós,
mediante o seu poder, toda a sabedoria, justiça, santificação e redenção que
temos em nossa comunhão com ele.
A justiça e a redenção são
atribuídas, mas a sabedoria, a santificação e também a justiça são implantadas
gradualmente na nova natureza espiritual e celestial que recebemos pela fé.
Aqui, nós temos uma exortação
para que sejamos sábios, de modo que Deus, como nosso Pai, possa se alegrar e
ser justificado perante aqueles que o odeiam e afrontam, dando-lhes uma
resposta pelo próprio comportamento sábio de seus filhos.
Se alguém intenta afrontar
àqueles que usam de rigor na disciplina de seus filhos para que a sabedoria
divina seja forjada neles, terão suas bocas tampadas pelo comportamento
exemplar e feliz dos mesmos, livre de vícios e cheio das virtudes de Cristo.
12 O avisado vê o
mal e esconde-se; mas os simples passam e sofrem a pena.
Este provérbio é uma repetição do relativo
ao capítulo 22, verso 3.
Nosso Senhor Jesus Cristo, em
face do mundo em que vivemos cercados de lobos, recomendou-nos a prudência da
serpente associada à simplicidade da pomba.
Quantos males teriam sido
evitados tanto em relação a nós mesmos, quanto de nós para os outros, se
aprendêssemos a ser prudentes com a mesma prudência de Cristo; pela qual
podemos antecipar e enxergar a proximidade do mal antes mesmo que ele se
consuma, de modo que em tempo hábil possamos nos desviar dele.
A importância desse tipo de
prudência está em que a maior parte dos males que nos sobrevêm, chegam até nós
sob a capa do disfarce da “amizade”, da “paixão”, de “juras de fidelidade”, que
em não sendo evitados, haverão de revelar o seu caráter maligno e destruidor no
tempo próprio, depois de estarmos comprometidos o suficiente para podermos até
mesmo enxergar o mal que estamos sofrendo.
Isto é comum de acontecer com
aqueles que se desviam da fé, e que abandonam a comunhão dos santos, por não
terem sido prudentes o suficiente para evitarem o jugo desigual com incrédulos,
e de terem tentado estabelecer a comunhão que é impossível entre luz e trevas.
Todavia, a prudência é sábia
conselheira e preventiva de muitas outras formas de males, nos quais, conforme
diz o provérbio, os que são tolos, caem em todos eles.
É preciso aprender dizer não à
tentação. É preciso se afastar dos caminhos da perversidade e do ajuntamento da
roda dos escarnecedores e ímpios, se pretendermos ter um viver vitorioso e
abençoado neste mundo.
13 Quando alguém
fica por fiador do estranho, toma-lhe até a sua roupa, e por penhor àquele que
se obriga pela mulher estranha.
Este provérbio é uma repetição ao relativo ao capítulo 20, ve4rso 16.
Aqui se fala de dois tipos de
pessoas que estão arruinando suas próprias posses, e que podem vir a mendigar em breve, a
saber, aqueles que ficam amarrados ao pedido de estranhos por fiança, os quais
não raro, não saldam seus compromissos assumidos, deixando tudo ao encargo do
fiador.
O segundo tipo de pessoas
referido no provérbio são aqueles que se unem a mulheres estranhas, que os
seduzem, a fim de se tornarem suas companheiras e se apoderarem dos seus bens,
pois este é o único intuito delas na aproximação que fazem, ocultando-o
guardado em seus corações, para não levantarem desconfiança quanto ao fato de
serem apenas interesseiras.
14 O que bendiz ao seu amigo em alta voz, levantando de madrugada, isso
lhe será contado como maldição.
É uma grande loucura ser
extravagante em louvar mesmo o melhor dos nossos amigos e benfeitores.
É nosso dever dar a cada um o seu
devido louvor, elogiando aqueles que se destacam no conhecimento, virtude, e
utilidade, e reconhecem as gentilezas que lhes prestamos com gratidão; mas
fazer isso com uma alta voz, levantando no início da manhã, para que ele possa
ter a certeza de ouvi-lo, ampliando os méritos de nosso amigo acima da medida e
com hipérboles, é algo nauseante e cheira a hipocrisia.
Louvar os homens pelo que eles
têm feito com o único objetivo de obter mais vantagens deles, e chegando este
louvor às raias da adoração que é de vida exclusivamente a Deus, faz de nós
idólatras, e portanto sujeitos a estar debaixo de uma maldição e não de uma bênção.
Além disso deve ser considerado
que expor alguém à tentação de aceitar um louvor exagerado que chega a ser uma
adoração, faz com que ele possa se tornar orgulhoso e furtar a adoração que é
devida somente a Deus, e assim, perdendo o modo que convém a todo homem andar
diante dEle, que é em humildade, este fica também sujeito a uma maldição e não
a uma bênção.
15 O gotejar
contínuo em dia de grande chuva, e a mulher contenciosa, uma e outra são
semelhantes;
16 Tentar moderá-la
será como deter o vento, ou como conter o óleo dentro da sua mão direita.
Uma esposa rixosa
é comparada a uma goteira contínua porque esta
é uma grande perturbação para aqueles que buscam abrigo nos dias
chuvosos.
A esposa
contenciosa despeja todo esse aborrecimento sobre o marido e os filhos,
atordoando suas mentes.
Quem tem que
conviver com pessoas assim, só poderá achar algum conforto em sua vida se tiver
uma grande quantidade de graça e sabedoria, que lhe permita suportar tamanha aflição.
Pessoas assim
só podem ser transformadas pelo poder de Deus, de maneira que todo aquele que
tentar modificar-lhe os modos estará se entregando a uma tarefa impossível como
a de deter o vento ou tentar conter o óleo espremendo-o em sua mão.
17 Como
o ferro com ferro se aguça, assim o homem afia o rosto do seu amigo.
Isto sugere o prazer e a vantagem
da comunicação; seja de forma direta pela conversação, ou indireta,
especialmente pela leitura edificante, o juízo dos homens se torna mais
aguçado.
Estas práticas estimulam os
sentidos e o uso da razão, e toca os espíritos, colocando uma vivacidade no
rosto.
Agora, tanto as graças são
afiadas por se conversar com aqueles que são sábios e justos, como as más
paixões são afiadas pela conversação com os ímpios.
Assim como o ferro se afia com o
ferro, este afiar será realizado de acordo com a têmpera de cada tipo de ferro,
se boa ou má.
Então, nos é recomendado que nos
afiemos a nós mesmos, mas com o cuidado de prestar atenção a quem nós
escolhemos para conversar, porque isto pode causar uma influência sobre nós
tanto para o bem, quanto para o mal.
Daí, a grande importância de que
os crentes se congreguem regularmente para edificação mútua, conforme lhes é
ordenado pela Palavra de Deus.
18 O que cuida da
figueira comerá do seu fruto; e o que vela pelo seu senhor será honrado.
Isto é projetado
para incentivar a diligência, fidelidade e constância, no cuidado que devemos ter com todas as
coisas colocadas debaixo do nosso encargo, de modo que alcancemos bom fruto
(resultados) e louvor em tudo o que fizermos.
Uma figueira necessita de
cuidados constantes para que cresçam e quando chegarem à maturidade possam
render bons frutos ao cultivador.
Nisto devemos sempre nos lembrar
das diversas passagens do Novo Testamento em que somos exortados a servir a
Deus e aos homens como ao próprio Senhor:
“Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também
o meu servo. E, se alguém me servir, meu Pai o honrará.” (João 12.26)
“Servindo de boa vontade como
ao Senhor, e não como aos homens.” (Efésios
6.7)
19 Como na água o
rosto corresponde ao rosto, assim o coração do homem ao homem.
Isso nos mostra que há uma maneira de conhecer a nós mesmos. Como a água é um espelho no qual podemos ver nossos rostos pela reflexão, há também um espelho pelo qual a personalidade e o caráter das pessoas podem ser conhecidos, que é o seu próprio coração.
É pelo exame de nossa consciência, pensamentos, afetos, e inclinações
interiores, que podemos chegar ao conhecimento de quem somos de fato,
especialmente se este exame for feito debaixo da direção e instrução do Espírito Santo, mediante a verdade da Palavra
de Deus.
É pela prática e não pelo mero conhecimento da
Bíblia que podemos discernir que tipo de pessoa somos, porque o simples ouvir a
Palavra e não praticá-la corresponde a termos uma rápida impressão de quem
somos, e imediatamente após esquecermos, assim como quem contempla o seu rosto
no espelho e logo esquece o que viu ao se afastar dele (Tiago 1.23).
Somos então, aquilo que pensamos e praticamos de
fato.
Na apreciação desse assunto deve ser considerado
que toda a humanidade ficou sujeita a ter um coração corrompido pelo pecado,
que só pode ser mudado por meio da fé em Jesus para o novo nascimento pelo
Espírito Santo, que nos dá um novo coração que corresponde à natureza
espiritual, celestial e divina.
20 Como o inferno e
a perdição nunca se fartam, assim os olhos do homem nunca se satisfazem.
É comum ouvirmos o seguinte tipo de indagação quanto àqueles que juntam fortunas cada vez maiores por meios ilícitos: “para que eles querem tanto dinheiro?”. Na verdade não é para atender a algum projeto de vida necessário e importante, e então, em vez de se perguntar sobre o propósito, seria sábio indagar sobre o motivo, mudando o “para que” para “por que”, e isto é respondido pelo provérbio, porque o pecado da cobiça na alma é insaciável, e daí o dito que “quanto mais se tem mais se quer”.
A morte é insaciável porque
foi pela cobiça que o pecado entrou no mundo gerando três tipos de morte:
física, espiritual e eterna.
A boca do inferno está sempre aberta e pronta a
colher as almas que são insaciáveis tanto quanto ele. Somente em Cristo podemos
ser libertados desta fome e sede pecaminosas, e sermos achados plenamente
saciados e satisfeitos pelo poder de Deus se a nossa fome e sede forem pela
justiça do evangelho.
Isto por que os olhos do homem natural nunca se
satisfazem, nem os apetites da mente carnal para o lucro ou lazer. Os olhos não
se fartam de ver, nem aquele que ama o dinheiro fica satisfeito com o que tem,
e na busca de mais riquezas se empenha somente nisto esquecendo-se
completamente que há deveres para serem cumpridos em relação à vontade Deus.
Mas aqueles cujos olhos estão continuamente no
Senhor estão satisfeitos, e devem para sempre estar assim.
21 Como o crisol é
para a prata, e o forno para o ouro, assim o homem é provado pelos louvores.
O crisol e o forno provam a prata e o ouro revelando a quantidade de escória que possuem.
De igual modo o caráter do homem é provado pelos
elogios que recebe.
Ao ser exaltado e louvado ele irá revelar se é um
homem que é feito orgulhoso, vaidoso, e desdenhoso, que busca glória para si
mesmo, em vez de atribui-la somente Deus, e assim mostrará que não tem nada
nele verdadeiramente digno de louvor; ou pelo contrário, se é feito, pelos
elogios que recebe, um homem mais grato a Deus, mais respeitoso em relação a
seus amigos, mais vigilante contra todas as coisas que possam manchar a sua
reputação, mais diligente para melhorar a si mesmo, e fazer o bem para os
outros, para que possa responder às
expectativas dos seus amigos, e mais humilde transferindo toda a glória e
mérito a Jesus Cristo, e com isso, será conhecido como alguém sábio e justo.
Afinal, até mesmo os dons e
talentos naturais que possuímos são concessões da graça de Deus, em quem
vivemos, nos movemos e existimos.
E muito mais somos dependentes
também de Jesus Cristo quanto ao que é espiritual, pois nada podemos fazer sem
Ele.
Não temos, portanto, qualquer
motivo para nos gloriarmos em nós mesmos, senão somente no Senhor.
22 Ainda que
repreendas o tolo como quem bate o trigo com a mão de gral entre grãos pilados,
não se apartará dele a sua estultícia.
Alguém já disse com muita
propriedade que somente meras palavras não mudarão uma pessoa.
Mesmo a repreensão amorosa,
paciente e segundo a Palavra divina não produzirá qualquer efeito transformador
naquele que é tolo e que ama a estultícia.
O pecado está ligado à natureza
terrena, e se não houver mansidão e
humildade para buscarmos praticar o que é bom, verdadeiro e justo, por uma real
consagração a Jesus Cristo, o pecado jamais poderá ser vencido.
Somente na sujeição a Cristo e
obediência à Palavra de Deus é que podemos nos despojar do poder do pecado, e
vivermos de modo agradável à vontade de Deus.
23 Procura conhecer
o estado das tuas ovelhas; põe o teu coração sobre os teus rebanhos,
24 Porque o tesouro não dura para sempre; e durará a coroa de geração em geração?
25 Quando brotar a erva, e aparecerem os renovos, e se juntarem as ervas dos montes,
26 Então os cordeiros serão para te vestires, e os bodes para o preço do campo;
27 E a abastança do leite das cabras para o teu sustento, para sustento da tua casa e para sustento das tuas servas.
Este provérbio fala do cuidado
que tido pelos pastores com os seus respectivos rebanhos.
É destacado que este cuidado deve
ser feito com conhecimento do estado de cada ovelha, e por amor a elas.
Ainda que não haja uma referência
direta ao cuidado que se deve ter com o rebanho espiritual de Jesus Cristo,
constituído pelos crentes de todas as épocas e lugares, este está implícito no
texto, pois foi principalmente dele que foi extraído o uso por diversos
profetas para repreenderem os maus pastores que não cuidaram das ovelhas de
Deus em Israel.
Nosso Senhor Jesus Cristo mostrou
ao apóstolo Pedro, quando da sua restauração depois de tê-lo negado, que
comprovasse o seu amor por Ele no cuidado ao apascentar o Seu rebanho.
Vemos também o apóstolo Paulo se
dirigindo aos presbíteros de Éfeso admoestando-lhes quanto ao cuidado que
deveriam ter com o rebanho de Deus que Cristo havia comprado com o seu próprio
sangue (Atos 20.28).
Obrigado, irmão!
ResponderExcluirObg irmão, faça mais estudos assim, pois me auxiliam muito
ResponderExcluirQue estudo maravilhoso ,Deus continue te abençoando meu irmão
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