“1 Lembra-te, Senhor, do que nos tem sucedido;
considera, e olha para o nosso opróbrio.
2 A nossa herdade passou a estranhos, e as nossas
casas a forasteiros.
3 órfãos somos sem pai, nossas mães são como viúvas.
4 A nossa água por dinheiro a bebemos, por preço vem
a nossa lenha.
5 Os nossos perseguidores estão sobre os nossos
pescoços; estamos cansados, e não temos descanso.
6 Aos egípcios e aos assírios estendemos as mãos,
para nos fartarmos de pão.
7 Nossos pais pecaram, e já não existem; e nós
levamos as suas iniqüidades.
8 Escravos dominam sobre nós; ninguém há que nos
arranque da sua mão.
9 Com perigo de nossas vidas obtemos o nosso pão,
por causa da espada do deserto.
10 Nossa pele está abraseada como um forno, por
causa do ardor da fome.
11 Forçaram as mulheres em Sião, as virgens nas
cidades de Judá.
12 Príncipes foram enforcados pelas mãos deles; as
faces dos anciãos não foram respeitadas.
13 Mancebos levaram a mó; meninos tropeçaram sob
fardos de lenha.
14 Os velhos já não se assentam nas portas, os
mancebos já não cantam.
15 Cessou a alegria de nosso coração; converteu-se
em lamentação a nossa dança.
16 Caiu a coroa da nossa cabeça; ai de nós. porque
pecamos.
17 Portanto desmaiou o nosso coração; por isso se
escureceram os nossos olhos.
18 Pelo monte de Sião, que está assolado, andam os
chacais.
19 Tu, Senhor, permaneces eternamente; e o teu trono
subsiste de geração em geração.
20 Por que te esquecerias de nós para sempre, por
que nos desampararias por tanto tempo?
21 Converte-nos a ti, Senhor, e seremos convertidos;
renova os nossos dias como dantes;
22 se é que não nos tens de todo rejeitado, se é que
não estás sobremaneira irado contra nós.”
O profeta continua neste capítulo lamentando pela
miséria a que ficou sujeitada a nação de Judá por causa dos seus pecados.
Então roga pela misericórdia do Senhor em favor
deles.
No entanto, não deixa de reconhecer que a coroa de
glória havia sido perdida por Israel porque eles haviam pecado (v. 16).
Todavia, não se sentia desencorajado a clamar pelo
favor do Senhor porque sabia que Ele é muito misericordioso, e que estava com
Ele o poder de tornar a converter o Seu povo a Si, renovando os dias deles como
dantes (v. 21).
Israel não poderia jamais ser rejeitado
definitivamente como povo do Senhor, por causa da promessa que Ele fizera aos
patriarcas de ser o Deus de Israel perpetuamente.
No entanto, apesar de saber disso, tal fora a
grandeza da ira de Deus, que os judeus haviam despertado contra si mesmos, que
o profeta tinha o sentimento de que eles poderiam ter sido rejeitados tal como
o Senhor fizera em relação a Saul e a muitos outros em Israel (v. 22).
O livro de Lamentações permanece como um marco a nos
lembrar que vale a pena andar em verdadeira santidade diante do Senhor, para
que não sejamos submetidos à dura disciplina de sermos banidos da Sua presença,
ainda que por um determinado tempo.
As ameaças que Ele faz contra a Igreja em Sua
Palavra, na demonstração da falta de um verdadeiro arrependimento, são reais, e
bem fazem todos os crentes e igrejas que andam fielmente com o Senhor, para que
não se vejam debaixo de correções dolorosas, e não desfrutando das bênçãos que
lhes viriam da parte do Senhor caso vivessem do modo digno da vocação
deles.
O livro de Lamentações não é um mero livro de
poesia, mas um livro que descreve a realidade que sobreveio ao povo de Deus,
por causa da sua desobediência.
Está registrado para nossa advertência, para que não
andemos nos mesmos caminhos em que eles andaram.
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